A proposta de limitar a propriedade

Descobri no Facebook um link para uma matéria (transcrita a seguir) que defende a fixação de um limite para a propriedade da terra no Brasil. Vale a pena ler. Parece que vai haver um Plebiscito Popular sobre a questão, de 1 a 7 de Setembro próximo. Acho estranho que não tenha ouvido / lido nada sobre isso na mídia não alternativa.

Mas o importante é o seguinte…

Sabemos, hoje, que competências e conhecimentos são fontes mais importantes de riqueza (”meios de produção”) do que a terra.

Quando os proponentes do tal plebiscito se derem conta disso, será que irão, além de defender a limitação da propriedade da terra, propor que também se limite a propriedade de competências e conhecimentos?

Nesse caso, irão propor que ninguém mais possa avançar além de um certo nível de competência e conhecimento numa determinada área até que todo mundo tenha chegado ao mesmo nível de competência e conhecimento anterior?

E se houver gente que não consegue chegar a não ser até determinado nível de competência e conhecimento, então esse nível se torna o limite máximo de desenvolvimento para todo mundo?

É isso que é justiça?

Se eu impeço alguém de avançar além de um certo nível de competência e conhecimento porque o resto das pessoas não consegue acompanhá-lo, isso é justiça?

Para quem?

Virando a questão: É justo que todos se beneficiem do gênio de uma pessoa que descobre uma vacina, por exemplo? Até os incompetentes e ignorantes?

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http://www.limitedaterra.org.br/imprimeNoticia.php?id=172

Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra: Em Defesa da Reforma Agrária e da Soberania Territorial e Alimentar

Você concorda que as grandes propriedades de terra no Brasil devem ter um limite máximo de tamanho?

Sociedade brasileira terá a chance de acabar com o latifúndio no Brasil durante o Plebiscito Popular pelo Limite da Terra, que ocorrerá entre os dias 01 e 07 de setembro.

por Assessoria de Comunicação FNRA

Falta menos de um mês para o início do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra no Brasil. Entre os dias 01 e 07 de setembro, toda a sociedade brasileira terá a oportunidade de dizer se é a favor ou contra a concentração de terras no país, ou seja, se concorda ou não com o latifúndio.

Durante os dias 15 e 17 de julho, cerca de 100 representantes de entidades, organizações, movimentos e pastorais sociais do campo e da cidade de todos os estados da federação, estiveram reunidos em Brasília para a II Plenária Nacional de Organização do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra.

No encontro foram aprofundados estudos sobre a questão fundiária do país, em que os participantes expuseram a realidade de cada região brasileira. As atividades contaram com a assessoria do geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Ariovaldo Umbelino. Além das análises, foram debatidas e planejadas ações de divulgação, organização e articulação da semana da coleta dos votos.

Os estados já estão organizados em comitês compostos por diferentes entidades e organizações. A partir dos comitês estaduais, estão sendo formados os comitês regionais, onde municípios das diferentes regiões também estão sendo inseridos no processo.

Dentre os encaminhamentos da plenária, foi definido o Dia Nacional de Mobilização pelo Limite da Propriedade da Terra, que será realizado no dia 12 de agosto, em memória a mártir Margarida Alves, camponesa assassinada em 1983. Neste dia os articuladores do Plebiscito Popular farão um grande mutirão de formação da sociedade brasileira que já está sendo conscientizada sobre a realidade agrária do país.

A população brasileira também é convidada a participar de um abaixo-assinado que já está sendo circulando em todo país e que continuará após o Plebiscito. O objetivo desta coleta de assinaturas é entrar com um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional para seja inserido um novo inciso no artigo 186 da Constituição Federal que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural.

Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

Pelo direito à terra e à soberania alimentar: Vamos às urnas mostrar nosso poder popular!

Vamos à luta

A realização e o sucesso do plebiscito dependem única e exclusivamente da participação e do empenho de cada um, de cada entidade, organização e pastoral, uma vez que não existe nenhum apoio público e da mídia. Representa a força e a determinação de quem acredita em que algo pode ser feito para corrigir esta absurda concentração de terras que acaba por excluir milhões de famílias de terem seus direitos protegidos. Portanto,

Fale, comente e divulgue, também pela internet e redes sociais (orkut, twitter), o plebiscito para seus amigos, sua família e colegas de trabalho.

Integre-se aos comitês locais ou estaduais que vão organizar o Plebiscito.

Na Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos:

Intensifique a divulgação;

Ajude a organizar os locais de votação;

Participe de alguma mesa de votação;

VOTE;

Assine o abaixo-assinado que será levado ao Congresso Nacional para que seja votada uma emenda constitucional que determine um limite ao tamanho das propriedades.

Conheça as perguntas que estarão na cédula de votação durante o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra

1 – Você concorda que as grandes propriedades de terra no Brasil devem ter um limite máximo de tamanho?

2 – Você concorda que o limite das grandes propriedades de terra no Brasil possibilita aumentar a produção de alimentos saudáveis e melhorar as condições de vida no campo e na cidade?

2006 – 2010.

Fórum Nacional de Reforma Agr
ria e Justiça no Campo. Reprodução permitida mediante citação da fonte.
http://www.limitedaterra.org.br

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Em Salto, 14 de Agosto de 2010

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Tentativa de assalto ao direito de propriedade intelectual

O atual governo prepara mais um assalto aos nossos direitos individuais: agora ao direito de propriedade intelectual.
Basta ler o primeiro dos dois artigos publicados na Seção Tendências / Debates da Folha de ontem – artigo que defende a medida — para perceber a dimensão do assalto. Em nome do “controle social” o governo pode ceder o direito de uso de materiais hoje protegidos pelo direito autoral à revelia do autor ou do proprietário dos direitos autorais.

O segundo artigo faz uma vigorosa crítica da medida proposta e defesa dos direitos de propriedade intelectual. Quem quer que escreva, ou componha músicas, etc. e qualquer outro cidadão que tenha princípios morais e escrúpulos de usar bens de terceiros sem a autorização destes, deve fazer ouvir a sua voz contra a medida proposta pelo governo.

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0708201007.htm

TENDÊNCIAS/DEBATES

É positiva a reforma da lei de direitos autorais nos termos propostos pelo governo federal?

SIM

Quem tem medo da reforma?

GUILHERME CARBONI

Muitas das críticas que vêm sendo feitas ao projeto de reforma da lei de direitos autorais brasileira (lei nº 9.610/98), encabeçado pelo MinC, pretendem passar a ideia de que o direito autoral estaria sendo minguado em prol de um certo "dirigismo" e "intervencionismo" do Estado nessa matéria, o que não é verdade.
O direito autoral, garantido aos criadores como direito privado pelos tratados internacionais e pela nossa Constituição Federal, não está sendo atacado no projeto de reforma. O que o texto do projeto procura deixar claro é que o direito autoral, como todo e qualquer direito privado, não é algo absoluto, devendo sofrer restrições em determinadas circunstâncias, especialmente quando o interesse público deve preponderar.
Além disso, ele deve dialogar com outros direitos fundamentais, como os direitos culturais, o direito do consumidor, o direito à educação e o direito de acesso à informação e ao conhecimento. A reforma pretende trazer um melhor equilíbrio ao sistema do direito autoral, harmonizando os interesses dos titulares de direitos com os da sociedade.

Para que se possa estabelecer um melhor equilíbrio, visando um melhor atendimento da função social do direito autoral e a promoção do desenvolvimento nacional, há que se alterar dispositivos da lei atual, alguns dos quais já foram assimilados por determinados segmentos do setor cultural, que, por isso, oferecem resistências às mudanças.

Novos institutos também devem ser criados, como é o caso das licenças não voluntárias, que tanta polêmica têm gerado, pelo fato de permitirem que o poder público conceda a um particular, devidamente legitimado, mediante sua solicitação, autorização para traduzir, reproduzir, editar e expor obras protegidas, desde que a licença atenda aos interesses da ciência, da cultura, da educação ou do direito de acesso à informação, em casos expressamente estipulados pela lei, sempre mediante remuneração ao autor ou ao titular da obra.

Na busca pelo melhor balanceamento, o projeto de reforma também amplia o rol das limitações de direitos autorais, que são aquelas hipóteses em que a lei permite a livre utilização de uma obra protegida, sem a necessidade de autorização dos titulares de direitos.
Nesse aspecto, há vários benefícios trazidos pela reforma, como a permissão da cópia privada (aquela feita em um único exemplar, para uso privado e sem intuito comercial); da reprodução para garantir a portabilidade ou interoperabilidade; da reprodução voltada para a preservação do suporte, tão importante nos projetos de digitalização de acervos; e do uso de obras para fins educacionais e de pesquisa.

A reforma mantém o sistema de gestão coletiva para o recolhimento de direitos autorais devidos pela execução pública de músicas, que é de responsabilidade do Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais), além de ampliá-la para outros setores, como o do audiovisual.
Antes da publicação do projeto de reforma, cogitava-se a criação de um instituto que teria um papel bastante importante na política autoral brasileira. Uma de suas funções seria a de fiscalizar o Ecad na distribuição de direitos aos autores.

Infelizmente, a proposta foi considerada "estatizante" (como se a gestão coletiva passasse a ser gerida diretamente pelo Estado) e o instituto não vingou. Portanto, fica aqui a pergunta: medo de quê?

GUILHERME CARBONI, mestre e doutor em direito civil pela USP, com pós-doutorado na Escola de Comunicações e Artes da USP, é advogado, professor universitário e autor do livro "Função Social do Direito de Autor".

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0708201008.htm

TENDÊNCIAS/DEBATES

É positiva a reforma da lei de direitos autorais nos termos propostos pelo governo federal?

NÃO

O fantasma do controle social

ROBERTO CORRÊA DE MELLO

Artistas, editores e intelectuais brasileiros, representados por 22 entidades reunidas no Comitê Nacional de Cultura e Direitos Autorais (CNCDA), estão em estado absoluto de alerta e perplexidade.

Vivemos um momento na história desse país em que toda uma cadeia produtiva -a da cultura- vê seus direitos legítimos, conquistados à custa de 12 anos de engajamento pacífico e de debates públicos para a criação da lei dos direitos autorais, em 1998, ameaçados por uma proposta de revisão que parte justamente de quem deveria, por princípio, protegê-los.

O anteprojeto que prevê mudanças na lei nº 9.610, submetido pelo Ministério da Cultura a consulta pública é, antes de tudo, clara tentativa de intervencionismo estatal.

A pretexto de democratizar o acesso da população à cultura e de trazer para o texto o mundo digital -já contemplado na lei em vigor-, a proposta ministerial, em resumo, pretende tornar público o que é privado.

Entre outras inconsistências e aberrações jurídicas, o texto apresentado pelo MinC carrega argumentos inconstitucionais.
Ao propor a intervenção governamental nas associações de gestão coletiva dos direitos autorais (órgãos privados, fiscalizados por seus próprios associados), o anteprojeto vai de encontro ao artigo 5º da Constituição brasileira, que versa que "a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento".

Faz-se necessário, também, esclarecer que a alegação do MinC de que a formulação do anteprojeto é fruto de ampla consulta é, além de tudo, enganosa, já que as próprias associações empenhadas na defesa do direito de autor foram excluídas do debate. Ou melhor, começam a ser chamadas agora, às pressas, para levar sua contribuição ao texto.

De que outra maneira constariam do texto propostas absurdas como a criação de "licenças não voluntárias", que outorgam ao presidente da República o poder de conceder a autorização de uso de obras privadas quando da negativa do próprio autor?
De que outra maneira se proporia a penalização de autores que "de forma injustificada", como diz o anteprojeto, não autorizem terceiros a utilizar sua própria criação?

Escondido nessa linha argumentativa está o fantasma do "controle social", que ora assombra a imprensa livre brasileira, ora a produção cultural do país.
As prerrogativas dessa proposta de revisão estão apoiadas em uma temível confusão do que se entende em todo o mundo livre por direito de autor com direito do consumidor. Não é aceitável tomar de assalto o direito privado com a justificativa de fazer algo entendido por alguns como justiça social.
Em momentos não tão distantes de nossa trajetória como nação, vimos, guardadas as devidas diferenças ideológicas, métodos semelhantes de intervencionismo estatal na iniciativa privada que tiveram resultados desastrosos.

Esperamos não apenas a participação de artistas, editores e intelectuais nessa discussão, mas a de toda a sociedade brasileira, principal interessada na manutenção dos valores fundamentais de um legítimo Estado democrático de Direito.

ROBERTO CORRÊA DE MELLO é presidente da Abramus (Associação Brasileira de Música e Artes), diretor da ABDA (Associação Brasileira de Direito Autoral), presidente do CNCDA (Comitê Nacional de Cultura e Direitos Autorais) e membro do Grupo de Trabalho de Dramaturgia, Literatura e Audiovisual da Cisac (Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores).

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Em São Paulo, 8 de Agosto de 2010

O “bem público” e a “política pública”

Começo o mês de Agosto no seu segundo dia – e com um texto que não é meu. Mas o texto é extremamente oportuno. Em função do “bem público” elaboram-se “políticas públicas”. Centenas, milhares. Se a intenção não é restringir a liberdade, o resultado é esse.

Não gosto disso. Daqui a pouco vão estar nos obrigando a usar sensores para descobrir, e, depois tentar direcionar, o que pensamos. Sensores como censores…

O artigo de Luiz Felipe Pondé soa meio raivosinho. Mas ele tem razão para estar raivoso.

Recomendo a leitura.

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0208201018.htm

Folha de S. Paulo
2 de Agosto de 2010

LUIZ FELIPE PONDÉ

A gula republicana


No século 20, o novo totalitarismo está associado à inflação da ideia de "bem público"


ELA PROVAVELMENTE estudou serviço social ou direito. Ele, psicologia ou pedagogia ou mesmo ciências sociais. Ambos têm certeza de que devem "melhorar o mundo" através da criação de leis ou políticas públicas. Querem criar o cidadão ideal. O que é isso? Sei lá, alguém que vá ao banheiro com consciência social?

Conhece alguém assim? Eles estão em toda parte, como uma praga querendo domar a vida a qualquer custo. E vão mandar em você logo.

Não se trata de uma questão apenas para alguém que tem simpatias por formas de vida menos controlada, como eu. Alguém que fuma charutos cubanos e acha que terapia de shopping faz bem mesmo (quem diz o contrário é mentiroso ou não tem dinheiro). Eu sei que o efeito dessas terapias passa rápido, mas, afinal, o que passa rápido mesmo é a vida.

O controle legal da vida, grosso modo, separa dois modos de ver a política desde o século 18. Um primeiro modo, "mais" britânico, tende a ser mais cauteloso em relação às formas políticas e legais de controle da vida moral (hábitos e costumes). Outro, mais descendente da revolução francesa, tende a babar de tesão só em pensar no controle dos hábitos e dos costumes, devastando a diversidade moral do mundo, como na proibição do véu islâmico na França.

No Brasil, temos um déficit sério em nossa formação. Quase todo mundo só conhece os franceses utópicos ou os alemães hegelianos (todos jacobinos de espírito), o que empobrece o debate público. Essa pobreza não se limita ao senso comum, mas, desgraçadamente, atinge a própria academia que repete cegamente a liturgia da gula republicana: controlemos a vida em nome de uma vida perfeita.

Mas o que é a gula republicana? A democracia republicana tende a devorar o espaço moral. Ela o faz porque vê o espaço moral como matéria da "coisa pública" e, por isso, assume os hábitos e costumes das pessoas como devendo ser, por natureza, objeto sob seu controle. É marca da democracia republicana o "poder minutal" (dizia Tocqueville, francês que pensava como britânico): sua natureza é buscar controlar os detalhes da vida.

Quais detalhes? Legislar afetos, hábitos, sentidos, sexo, relações parentais íntimas, comida, escolas, memória, nada escapa da gula republicana e seu clero. Leis que querem fazer de pais e filhos delatores uns dos outros, de amantes representantes do "sindicato dos gêneros". Erra quem ainda associa o fenômeno totalitário às formas clássicas do fascismo do século 20, o novo totalitarismo está associado à inflação da ideia de "bem público".

Se você der uma palmadinha no filho, o Estado te pega! Quem vai denunciar? Que tal ensinar às crianças nas escolas alguns métodos de denúncia? A família já vai mal mesmo.

Onde estaria a fronteira desta inflação da noção de "bem público"? Vamos ver… ah, já sei: não existe fronteira! Quer ver? Imagine só: está proibido rezar antes de jantar em nome da liberdade religiosa das crianças, está proibido contar historinhas paras as crianças sem antes uma análise prévia por especialistas da questão da violência de gênero, pais que não tiverem o certificado de "alimentação zero gordura e zero açúcar" pagarão multa.

Dirá o leitor ingênuo: mas a opinião pública é contra a lei das palmadinhas. Sinto muito: a opinião pública é uma "vadia". Hoje ela diz "não", amanhã ela dirá "sim", tudo depende do que for repetido cem vezes. A democracia sofre com esse mal: sua natureza tende fatalmente para a mentira, para a retórica, para a superficialidade.

Para preservar a democracia de seu viés tirânico (a gula republicana), temos que "defender" a família e suas mazelas em seu espaço (in)feliz, deixar que o manto sombrio da incerteza cubra parte de nosso cotidiano porque, o que preserva a liberdade, não é o consenso acerca do que sejam os "bens morais", mas a sombra que os cerca.

Para preservarmos esta "sombra", é necessário opções à tendência hegemônica no Brasil hoje, que é autoritária. Veja as "opções presidenciáveis". Todos são do clero jacobino de alguma forma. Todos veem a política como "curadora" das almas. Socorro!

ponde.folha@uol.com.br

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Em São Paulo, 2 de Agosto de 2010

Os analfabetos funcionais escolarizados

Inacreditável.

60% das pessoas com sete anos de escolaridade não conseguem entender o que lêem. É o que mostra reportagem publicada na Folha de domingo comentada por Fernando de Barros e Silva na Folha de hoje (27/Jul/2010).

Fernando de Barros e Silva chama a atenção para ainda outra pesquisa.

"Imagine que você está lendo a seguinte recomendação médica: ‘Tomar com o estômago vazio 1 hora antes da refeição ou 2-3 horas após a refeição’. E que deve responder depois a seguinte pergunta: ‘Se você fosse almoçar às 12h e quisesse tomar a medicação antes do almoço, a que horas deveria tomá-la?’. De cada quatro pessoas, uma é incapaz de responder corretamente a uma questão como essa."

Isso significa que o número de reais analfabetos — analfabetos funcionais — é bem maior, no Brasil, do que os 21% da população apontados pelo IBGE, que aparentemente considera analfabeto funcional apenas quem tem menos de quatro anos de escolaridade. Se 60% das pessoas com sete anos de escolaridade não conseguem entender o que lêem num texto relativamente simples, como o da recomendação médica mencionada, estamos perdidos.

Nenhuma nação se torna desenvolvida com índices como esses.

O problema tem repercussões sérias em todos os níveis.

Entrevista do diretor da Escola Politécnica da USP na CBN, ontem, esclareceu que, no Brasil, há 180 mil vagas disponíveis anualmente nos cursos de Engenharia. Dessas, 150 mil são preenchidas. Dos 150 mil que entram nos cursos de Engenharia, só se formam 30 mil (ou seja, 20%). E boa parte dos que concluem o curso são muito mal formados, não só nas disciplinas de Engenharia, como nas disciplinas básicas: não há como contrátá-los. Se alguém os contratasse, teria de deixá-los em formação por um bom tempo antes de lhes confiar alguma tarefa. 

É por isso que o Brasil tem deficit de engenheiros. Para o Pré-Sal, a Petrobrás procura engenheiros capacitados e não os encontra.

É o fim da picada.

As razões para a perda de 80% dos alunos dos cursos de Engenharia são várias. Essa perda acontece nos cursos melhores, das universidades gratuitas, porque os alunos não conseguem acompanhar aquilo que é ensinado nas aulas. Nas escolas mais fracas, particulares, tenta-se ajustar o nível de ensino à capacidade dos alunos, mas mesmo assim muitos não conseguem acompanhar — e dos que conseguem, muitos deles não conseguem pagar as altas mensalidades.

Enfim. Em breve seremos a quinta economia do mundo, segundo dizem os entendidos. Mas continuaremos a ser uma nação de sub-desenvolvidos, com um IDH que nos coloca entre nações que não têm o nosso potencial em termos de tamanho geográfico, população, recursos naturais.

Eis o artigo do Fernando de Barros e Silva.

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<a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2707201003.htm">http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2707201003.htm</a&gt;

Folha de S. Paulo

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Educação sem remédio

SÃO PAULO – Os indicadores positivos estão na moda no Brasil, mas o país sempre insiste em nos lembrar que o buraco é mais embaixo.

Imagine que você está lendo a seguinte recomendação médica: "Tomar com o estômago vazio 1 hora antes da refeição ou 2-3 horas após a refeição". E que deve responder depois a seguinte pergunta: "Se você fosse almoçar às 12h e quisesse tomar a medicação antes do almoço, a que horas deveria tomá-la?". De cada quatro pessoas, uma é incapaz de responder corretamente a uma questão como essa. É o que conclui a pesquisa do neurologista Ricardo Nitrini, após entrevistar 312 adultos alfabetizados (com graus diferentes de instrução formal) que acompanhavam pacientes no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Como mostrou reportagem da Folha no domingo, entre as pessoas com até sete anos de estudos, quase 60% não conseguiram entender o que liam. Foram, em tese, alfabetizados, mas não compreendem o significado do que está escrito. São "analfabetos funcionais".

O IBGE contabilizou, em 2008, 21% de analfabetos funcionais no país. Seriam aqueles com menos de quatro anos de escolaridade. Vários estudos, porém, apontam que o índice de analfabetismo funcional é, na realidade, bem mais alto. Quantos brasileiros entram e saem do ensino médio (o antigo colegial) sem alcançar o estágio da compreensão elementar de um texto?

O crítico literário Antonio Candido escreveu em 1970 (lá se vão 40 anos!) um ensaio muito importante:  "Literatura e Subdesenvolvimento". Ali, equacionava o drama do analfabetismo e dizia que, numa sociedade como a nossa, a alfabetização não iria criar na mesma proporção leitores de literatura, mas, antes, "atirar os alfabetizados, junto com os analfabetos, diretamente da fase folclórica para essa espécie de folclore urbano que é a cultura massificada".

São linhas incrivelmente atuais. De lá para cá, será que o problema se agravou ou estamos melhorando?

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Em São Paulo, 27 de Julho de 2010

Critical Thinking Skills

1. The Scope of Critical Thinking: Mere Thinking, Critical Thinking, Creative Thinking, Problem Solving


A. Thinking


Thinking is the process of using our mind to consciously consider something.

The object of thinking (the “something” that is consciously considered by the mind) can be basically anything: natural and social external reality, our own internal or mental reality, or even whether there is a supernatural reality and what it is like.

Thinking can even be reflexive, i.e., have itself as its object.

Thinking that has anything but itself as its object, is first-order thinking; thinking that has itself as its object is higher-order thinking.

As to the manner of thinking, it can be extended, attentive and careful or it can be fleeting, distracted and careless, or anything in between.

B. Critical Thinking


Critical thinking is, as a rule, extended, attentive and careful, not fleeing, distracted and careless.

Critical thinking has the following additional characteristics:

First, it has thinking itself as its object, and, therefore, is a higher-order, reflective sort of thinking;

Second, the objective of critical thinking is to determine, analyze and assess the epistemic credentials of what people think.

Third, since thinking expresses itself primarily in language, critical thinking can be seen primarily as thinking (with the stated objective) about what people say.

Fourth, when not explicitly expressed in language, thinking can often be inferred from action, since action is not mere, unthinking behavior, but behavior preceded by thinking (decision and sometimes deliberation), and therefore critical thinking can also be seen as thinking (with the stated objective) about what people do.

Thus, critical thinking is thinking about thinking, with objective of determining, analyzing and assessing the epistemic credentials of what people think, be this thinking explicitly manifested in what they say or inferred from what they do.

When speaking of critical thinking one often includes not only the process of evaluating thinking but also the value of the commitment to do so.

C. Creative Thinking


Creative thinking differs from critical thinking in having, as its object, something that does not yet exist in reality but the existence of which is considered desirable, valuable or useful.

Since creative thinking is a form of thinking, critical thinking can have creative thinking as its object, critical creative thinking not being an impossible expression.

D. Problem Solving


Problem solving is thinking that is aimed at solving a problem of a practical or theoretical nature.

Problem solving can be directed at problems caused by factors other than thinking or at problems caused by thinking.

When directed at problems caused by thinking, problem solving could be seen as a form of critical thinking.

But problem solving necessarily involves creative thinking as well, being perhaps best classified as a form of critical creative thinking.

E. Critical Thinking as a Skill


Even though we are born with an incredible capacity to learn, including the capacity to, in the appropriate social context, acquire and master language, make effective communication possible, we are not born with the capacity to thinking critically. This capacity is an acquired skill that has to be developed through education. Even in the course of human history the conditions that made critical thinking possible and even mandatory did not emerge all at the same time: they evolved gradually through time.

F. References

1. http://www.criticalthinking.org/

2. http://www.k12academics.com/educational-psychology/critical-thinking

3. http://www.k12academics.com/educational-psychology/critical-thinking/common-definitions-used-critical-thinking-activities

4. http://www.csicop.org/si/show/critical_thinking_what_is_it_good_for_in_fact_what_is_it/

5. http://en.wikipedia.org/wiki/Critical_thinking#cite_note-0

6. http://philosophy.hku.hk/think/critical/

7. http://philosophy.hku.hk/think/critical/ct.php

8. Critical Thinking by Brooke Noel Moore (Kindle Edition – Jul. 22, 2008) – Kindle Book

9. Critical Thinking: A Concise Guide by Gary Kemp (Kindle Edition – Aug. 3, 2009) – Kindle Book

10. Critical Thinking: A Concise Guide, Second edition by Gary Kemp (Kindle Edition – Mar. 20, 2007) – Kindle Book

11. Critical Thinking: Tools for Taking Charge of Your Professional and Personal Life by Richard W. Paul and Linda Elder (Kindle Edition – June 13, 2002) – Kindle Book

12. Critical Thinking for Helping Professionals: A Skills-Based Workbook by Eileen Gambrill and Leonard Gibbs (Kindle Edition – Mar. 25, 2009) – Kindle Book

13. The Ultimate Guide to Innovative Thinking – How to Solve Problems Quickly and Decisively by Betty Andre (Kindle Edition – May 9, 2010) – Kindle Book

14. The Critical Thinking Community: http://www.criticalthinking.org/

15. Critical Thinking Web: http://philosophy.hku.hk/think/ – Online tutorials and teaching material on critical thinking.

16. Critical Thinking: What Is It Good for? (In Fact, What Is It?) by Howard Gabennesch, Skeptical Inquirer magazine.

17. Foundation For Critical Thinking – A large library of articles, research, assessment instruments, etc.

18. The Watson Glaser Critical Thinking Appraisal – An independent critical evaluation

19. Encouraging Critical Thinking Online – A set of free teaching resources from the gateway site Intute

20. What "Critical" means in "Critical Thinking" by Donald Jenner

21. Critical Thinking Means Business – A guide to developing critical thinking ability by Pearson

22. Critical-thinkers.com blog – Articles, tips and resources to improve your thinking

23. Critical thinking at the Open Directory Project

2. The Evolution of Critical Thinking as Skill


A. Critical Thinking Before the 21st Century


Although some authors consider critical thinking a 20th century phenomenon, critical thinking has existed at least since the invention of philosophy in Greece in the second half of the last millennium before the Christian era. But it became an important skill that was placed as one of the main objectives of education only in the latter portion of the 20th and the beginning of the 21st century.

B. Critical Thinking and Language


Critical thinking is inevitably tied to language, which is the main form in which thinking expresses itself. But it was with the invention of writing, especially alphabetic writing, that it became possible to register one’s thinking for wider distribution, including for posterity, that conditions were created that would soon make philosophy, and with it critical thinking, possible.

C. Critical Thinking and Logic


But it was the invention – or, if the term is too strong, the systematization – of logic, by Aristotle, that really brought critical thinking into life: Aristotle basically created the argumentative use of language, upon which critical thinking depends.

D. Critical Thinking and Information


Critical thinking requires thinking as its object, and thinking is expressed mostly through language. Linguistic information (in oral or written form) is the main focus of critical thinking. However, critical thinking can be focused on non-verbal sounds images (static or moving) as well.

E. Critical Thinking and Communication


Although critical thinking in purely individual contexts is possible, critical thinking thrives where communication is easy and open, since effective analysis and evaluation of ideas often involve – even require – dialogue, discussion and mutual criticism.

F. Critical Thinking in the Late 20th Century


The role of information and communication in critical thinking explains why it began to thrive, as an activity and as one of the goals of education, at more or less the same time when the world faced an information and communication explosion.

G. Critical Thinking and Technology


Since this explosion is closely related to the emergence of digital information and communication technologies, the role of these technologies in critical thinking became quite important, given the unprecedented access to information to information and communication that this technology provides.

3. Methods and Tools of Critical Thinking


As it became evident in the previous section, the main tools for critical thinking, now grouped by affinity, are:

A. Language


Language has many uses. The main ones are to:

  • Communicate and convey information;
  • Express sentiments;
  • Argue, convince and persuade;
  • Evoke feelings;
  • Command, counsel, and suggest;
  • Perform acts and rituals.
  • The first three are the uses that are most relevant to critical thinking. When we convey information, express sentiments, and argue we use declarative statements that can be true or false. Language used to evoke feelings, command and perform acts cannot properly be said to contain statements that can be true or false. In critical thinking the objective is to evaluate thinking expressed in statements that can be true or false. Evaluation, in this case, means assessment of the epistemic credentials of a statement: determine and evaluate the evidence or the arguments used to support truth claims.

    B. Logic


    Logic is the science of evaluating arguments as to their validity or invalidity.

    Arguments are composed of sets of statements, in which one is the thesis (the conclusion) and the others are the premises (the epistemic support for the conclusion).

    In arguments, premises and conclusion must be statements that are either true or false.

    An argument is valid when, if its premises are true
    , its conclusions cannot (logically) be false. This means that the conjunction of the truth of the premises and the falsity of the conclusion is a contradiction in a valid argument. This means that validity is a formal concept that does not have anything to do with the truth or falsity of the premises of an argument.

    Thus, a valid argument can, in fact, contain statements that are either false or undetermined as to the truth value.

    A valid argument that in fact contains all true premises (and, therefore, a true conclusion) is called a sound argument. Logic does not have principles to determine the truth or falsity of statements, but it does have complex rules for evaluating the validity or invalidity of arguments. An unsound argument either is invalid or has at least one false premise.

    C. Information


    What we call verbal information consists of (oral or written) declarative statements. In a context, such as the Information Society, where we have information overload, there are many more possibilities for the exercise of critical thinking.

    Since critical thinking has as its objective the evaluation of thinking expressed in language, and our society is overloaded with information, we have here the main reason why critical thinking became to central to our society and one of the most important goals of education.

    D. Communication


    If information provides most of the input for critical thinking in the Information Society, communication is the main tool for achieving it, since it is a necessary condition for collaborative discussion and debate, which are essential to critical thinking.

    E. Information and Communication Technologies


    Given the centrality of information and communication processes in critical thinking, it is no wonder that information and communication technologies are also central tools to it.

    F. References

    1. Methods of Critical Thinking:

    http://www.k12academics.com/educational-psychology/critical-thinking/methods-critical-thinking

    2. Assessment and Teaching of 21st-Century Skills: http://www.atc21s.org/home/

    3. Critical Thinking Skills for Education Students by Elaine McCreery (Kindle Edition – Feb. 24, 2010) – Kindle Book

    4. The Socratic Method and its Effect on Critical Thinking – An article at the Socratic Method Research Portal

    5. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in World Languages by Grete Pasch and Kent Norsworthy (Kindle Edition – Nov. 30, 2000) – Kindle Book

    6. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in World Literature by Roxanne M. Kent-Drury (Kindle Edition – Mar. 30, 2005) – Kindle Book

    7. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in the Sciences by Carolyn M. Johnson (Kindle Edition – Aug. 30, 2003) – Kindle Book

    8. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in Government, Economics, and Contemporary World Issues by James M. Shiveley and Phillip J. VanFossen (Kindle Edition – Sept. 30, 2001) – Kindle Book

    9. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in Geography by Martha B. Sharma and Gary S. Elbow (Kindle Edition – Sept. 30, 2000) – Kindle Book

    10. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in History by Kathleen W. Craver (Kindle Edition – Oct. 30, 1999) – Kindle Book

    11. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in History: Washington Tackles the Yugoslav Conflict by Danielle S. Sremac (Kindle Edition – Oct. 30, 1999) – Kindle Book

    12. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in History: Generals, Knowledge, and Warfare in Early Modern Europe, 1680-1740 by Erik Lund (Kindle Edition – Oct. 30, 1999) – Kindle Book

    13. The Critical Thinking Community Bookstore: http://www.criticalthinking.org/bookstore/

    4. Critical Thinking and Education: How to Develop and Improve Critical Thinking Skills


    It is difficult to question that information is an essential ingredient of the educational process. What became questionable in the 21st century was the thesis that the main role of education is to transmit information to the students – “content delivery” (“content” being understood primarily as information organized according to disciplinary criteria that reflect academic specialization. Since, today, an unprecedented amount of information is readily available on the Internet, there seems to be little justification to spend large sums of information simply to transmit information from one generation to the other.

    Given this fact, which became more and more evident at the end of the 20th and the beginning of the 21st century, the focus of education began to change from information transm
    ission to capacity building – that is, to skill and competency development.

    There is no doubt that conventional education had basic skill development as one of its goals. After all, learning how and read and write and how to deal with numbers, quantities, formulas, shapes, patterns, etc. involves the development not only of various skills but also of extremely complex competencies.

    However, many of the skills and competencies that became important in 21st-century society were not covered – or were insufficiently or inadequately covered – in the conventional educational systems of the 20th century. Hence the idea to promote 21st-century skills as part – probably the central core – of the curriculum. And critical thinking has been included in every list of 21st-century skills suggested.

    There is ample agreement that conventional teaching – centered on teacher-led lecturing and exposition – is not an effective method to help students develop skills and competencies (21st-century or any other). There is considerable agreement, as well, that problem-oriented, project-based and inquiry-led collaborative methodologies provide such method. Hence, the conclusion that the best way to develop and improve skills – including and especially critical thinking – is through this methodology, which involves:

  • Access to information or search for information
  • Information management (organization, storage, retrieval, preservation of the integrity and security of information, etc.)
  • Analysis, evaluation and processing of information
  • Interpersonal communication
  • Public communication (dissemination of information to the general public by audiovisual and written means)
  • Critical discussion and debate of information
  • These information and communication processes are, today, closely dependent of digital technology (but many of them were dependent of conventional technologies, such as print, photography, telephone, cinema, radio and television). And they are essential for the development of critical thinking skills.

    Hence the importance that problem-oriented, project-based and inquiry-led collaborative methodologies have assumed at the present.

    References

    1.

    http://www.k12academics.com/educational-psychology/collaborative-learning

    2. http://www.educationlabs.com/projects/collaborativelearning/Pages/default.aspx

    3. Becoming a Critically Reflective Teacher by Stephen D. Brookfield (Kindle Edition – Oct. 13, 1995) – Kindle Book

    4. Classrooms That Work: Teaching Generic Skills in Academic and Vocational Settings by C Stasz (Kindle Edition – Jan. 25, 1993) – Kindle Book

    5. Critical Squares: Games of Critical Thinking and Understanding by Shari Tishman and Albert G. Andrade (Kindle Edition – May 15, 1997) – Kindle Book

    6. Differentiating With Graphic Organizers: Tools to Foster Critical and Creative Thinking by Patti Drapeau (Kindle Edition – Sept. 26, 2008) – Kindle Book

    7. Information Literacy and Technology Research Projects: Grades 6-9 by Norma Heller (Kindle Edition – Feb. 15, 2001) – Kindle Book

    8. Making Questions Work: A Guide to How and What to Ask for Facilitators, Consultants, Managers, Coaches, and Educators by Dorothy Strachan (Kindle Edition – Nov. 28, 2006) – Kindle Book

    9. Philosophy in the Classroom: Improving Your Pupils – Thinking Skills and Motivating Them to Learn by Ron Shaw (Kindle Edition – Jan. 23, 2009) – Kindle Book

    10. Socratic Circles: Fostering Critical And Creative Thinking In Middle And High School by Matt Copeland (Kindle Edition – Mar. 1, 2005) – Kindle Book

    11. Spoofing and Proofing the Classics: Literature-Based Activities to Develop Critical Reading Skills and Grammatical Knowledge by Keith Polette and Nancy Polette (Kindle Edition – Feb. 28, 2007) – Kindle Book

    12. Students as Researchers by Shirley (Ed.) Steinberg (Kindle Edition – Dec. 7, 2002) – Kindle Book

    13. The Beanstalk and Beyond: Developing Critical Thinking Through Fairy Tales by Joan M. Wolf (Kindle Edition – Aug. 15, 1997) – Kindle Book

    14. Tricky Thinking Problems: Advanced Activities in Applied Thinking Skills for Ages 6-11 by Jan Langrehr (Kindle Edition – Jan. 9, 2009) – Kindle Book

    In São Paulo, on June 18, 2010, transcribed on July 11, 2010
    © Eduardo Chaves

    A simplificação do divórcio

    Vou comentar um pouco a lei que simplifica o divórcio.

    Mas antes vou, mais uma vez, registrar o meu protesto contra todas as igrejas (em especial a Igreja Católica) que, sendo contra o divórcio como matéria de fé e moralidade, fazem de conta que se esquecem de que este é um país laico e tentam obrigar todos os brasileiros a viver conforme aquilo que consideram questão de fé e moralidade. Continuam a fazer isso até hoje.

    Feito o protesto.

    A LEGISLAÇÃO ANTERIOR

    Só viemos a ter o divórcio no final de 1977 pela ação heróica e de longo prazo do Senador Nelson Carneiro, que tentou e insistiu, e continuou tentando e insistindo, até que conseguiu implantar o divórcio no Brasil – mas com uma série de limitações, que só foram admitidas para dar aos Católicos a impressão de que eles perdiam, mas não perdiam tanto (ou de tanto).

    Ou vejamos.

    A chamada Emenda Constitucional nº 1, de  17 de Outubro de 1969, que embora chamada de Emenda Constitucional era uma nova Constituição que a Ditadura Militar legava aos brasileiros (a primeira foi de 24 de Janeiro de 1967), baixada enquanto o Congresso estava fechado e, portanto, sem qualquer pretensão de participação, ainda que indireta, da população, dizia o seguinte, em seu Artigo 175:

    “Art. 175. A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos Podêres Públicos.

    § 1º – O casamento é indissolúvel.“

    Diante do texto constitucional, o divórcio era simplesmente impossível.

    Para que o Congresso pudesse, em 1977, aprovar uma “Lei do Divórcio”, era preciso mudar o texto constitucional. Foi isso que fez a Emenda Constitucional nº 9, de 28 de Junho de 1977, aprovada em decorrência do esforço do Senador Nelson Carneiro.

    Essa emenda tinha dois artigos:

    “Art. 1º O § 1º do artigo 175 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:

    Art. 175 – [caput do artigo inalterado]

    § 1º – O casamento somente poderá ser dissolvido, nos casos expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por mais de três anos".

    Art. 2º – A separação, de que trata o § 1º do artigo 175 da Constituição, poderá ser de fato, devidamente comprovada em Juízo, e pelo prazo de cinco anos, se for anterior à data desta emenda.”

    Ou seja: com essa emenda o casamento deixou de ser indissolúvel, podendo ser dissolvido nos casos expressos em lei (na lei que viria a ser aprovada). Mas a Emenda Constitucional incluiu uma limitação: para que houvesse a dissolução do casamento teria de haver prévia separação judicial por mais de três anos (prazo que era aumentado para cinco anos se a separação for de fato e anterior à data da emenda).

    A Lei nº 6.515, de 26 de dezembro de 1977, a Lei do Divórcio, estabelece uma distinção entre “sociedade conjugal” e “casamento”.

    Determina ela:

    “Art. 2º. A sociedade conjugal termina:

    I – pela morte de um dos cônjuges;
    II – pela nulidade ou anulação do casamento;
    III – pela separação judicial;
    IV – pelo divórcio.”

    O casamento válido, porém, como determina o Parágrafo Único, só termina pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio:

    “Parágrafo único. O casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio.”

    Como o casamento nulo ou anulado não é válido, a redação do legislador deixa claro que a separação judicial põe fim à sociedade conjugal mas não põe fim ao casamento, a menos que seja seguida pelo divórcio que se estava aprovando). Caso ainda não divorciado (algo que só poderia acontecer depois da aprovação dessa lei), um casal, mesmo que separado judicialmente, continuaria,diante do que diz a lei, casado – e era por isso que nenhum dos dois poderia se casar novamente. Divorciando-se, agora, terminaria o casamento (e não só a sociedade conjugal) e cada um dos ex-cônjuges estaria livre para se casar novamente.

    O artigo terceiro da lei determina:

    “Art. 3º. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação, fidelidade recíproca e ao regime matrimonial de bens, como se o casamento fosse dissolvido.”

    Ou seja: a separação judicial põe fim a certos deveres entre os cônjuges, “como se o casamento fosse dissolvido” – mas sem dissolvê-lo!

    O artigo quinto esclarece que, na ausência de uma separação judicial consensual, é possível que que um cônjuge solicite, unilateralmente, a separação, em cujo caso ela seria litigiosa, mas, nesta hipótese, ele terá de imputar ao outro cônjuge conduta inapropriada, a saber:

    “Art. 5º. A separação judicial pode ser pedida por um só dos cônjuges quando imputar ao outro conduta desonrosa ou qualquer ato que importe em grave violação dos deveres do casamento e tornem insuportável a vida em comum.”

    Isso quer dizer que, segundo o caput do artigo, só poderia entrar com ação de separação litigiosa o cônjuge disposto a imputar ao outro “conduta desonrosa ou qualquer ato que importe em grave violação dos deveres do casamento e tornem insuportável a vida em comum.”

    Os dois primeiros parágrafos dessa artigo abrandam, porém, a força da lei:

    “§ 1º A separação judicial pode, também, ser pedida se um dos cônjuges provar a ruptura da vida em comum há mais de 1 (um) ano consecutivo, e a impossibilidade de sua reconstituição.

    § 2º O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de grave doença mental, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de 5 (cinco) anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável.”

    [Início de Parêntese]

    O Novo Código Civil, de 2002, amplia as condições em que um cônjuge pode solicitar, unilateralmente, a separação judicial. Isto se dá no Artigo 1.573, que diz:

    “Artigo 1.573:

    Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos:

    I – Adultério;
    II – Tentativa de morte;
    III – Sevícia ou injúria grave;
    IV – Abandono voluntário do lar conjugal durante um ano contínuo;
    V – Condenação por crime infamante;
    VI – Conduta desonrosa.

    Parágrafo Único: O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum.”

    Muitos juristas e advogados vêm usando esse Parágrafo Único para procurar demonstrar que a cessação do amor, ou o que chamam de “desamor”, ainda que unilateral, pode embasar um pedido de separação litigiosa por parte do cônjuge que deixou de amar o outro, mesmo que este não seja culpado dos motivos elencados nos itens I a VI do artigo.

    [Fim de Parêntese]

    Voltamos, depois desse parêntese, à Lei do Divórcio.

    O Artigo 25 da lei estipula:

    “Art. 25 – A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges existente há mais de 3 (três) anos, contada da data da decisão ou da que concedeu a medida cautelar correspondente (Art. 8º), será decretada por sentença, da qual não constará referência à causa que a determinou.”

    Duas coisas importantes são previstas aqui:

    Primeira, o divórcio só poderá ser requerido por quem estiver separado judicialmente há mais de três anos;

    Segunda, a sentença que decretar o divórcio não fará referência à causa que determinou a separação.

    [A Lei nº 8.408, de 13.2.1992 alterou o prazo de três anos para um ano.]

    O Artigo 31 deixa o primeiro desses pontos mais claro ainda:

    “Art. 31. Não se decretará o divórcio se ainda não houver sentença definitiva de separação judicial. . .“

    O Artigo 40, que já faz parte das Disposições Finais e Transitórias, estipula, qualificando o prazo previsto no primeiro item:

    “Art. 40. No caso de separação de fato, e desde que completados 5 (cinco) anos consecutivos, poderá ser promovida ação de divórcio, na qual deverá ser comprovado decurso do tempo da separação.”

    [A Lei nº 7.841, de 17.10.1989, alterou o prazo de cinco para dois anos.]

    Por fim, o Artigo 38 estipulava que o divórcio poderia ser requerido apenas uma vez:

    “Art. 40 – O pedido de divórcio em qualquer dos seus casos somente poderá ser formulado uma vez.”

    [Esse artigo foi revogado pela Lei nº 7.841, de 17.10.1989.]

    Eis aí a legislação aprovada em 1977 (com a menção de algumas alterações posteriores).

    A DISCUSSÃO RECENTE

    Há uma discussão sucinta mas esclarecedora na Folha de S. Paulo de 09 de Julho de 2010 (apesar de uma professora da Getúlio Vargas ter tentado confundir as coisas, e as repórteres da Folha terem entrado na onda, talvez com a intenção de fazer a medida parecer controvertida — que não é, exceto aos olhos da Igreja Católica, que é simplesmente contra o divórcio).

    Segundo tudo indica, transformar-se-á em lei, na próxima quarta-feira, com a oposição da Igreja Católica, a PEC apelidada de PEC do Divórcio Rápido (que deveria ter sido batizada de PEC do Divórcio Simplificado – ou, como preferem alguns, PEC do Casamento, porque ela beneficia aqueles que, estando separados, judicialmente ou de fato, estão ansiosos para poder se casar de novo).

    A lei aprovada pelo Congresso elimina (inclusive da Constituição Federal) o instituto jurídico da "separação judicial" (que é o atual nome do antigo "desquite"). As pessoas casadas que querem se separar podem apelar direto para o divórcio, sem precisar cumprir prazo algum.

    Hoje o divórcio só pode ser solicitado depois de um ano de separação judicial ou de dois anos de separação de fato, devidamente comprovada. Com a eliminação do instituto da separação judicial esses prazos são também eliminados e é possível requerer o divórcio a partir do momento em que o casal decide se separar.

    Uma outra inovação importante é a seguinte.

    Toda a discussão de "culpa" — quem é culpado pela separação — era feita no contexto do processo de separação judicial. A legislação sobre o divórcio não a contempla – na verdade, explicita, como vimos, que a causa da separação não será discutida no processo de divórcio. Assim, eliminada a separação judicial, fica também eliminada a discussão sobre de quem é a culpa pela separação (se é que ela pode ser atribuída). Com isso, simplifica-se consideravelmente o processo.

    Na situação atual, se um dos cônjuges quer se separar, porque não ama mais o outro, mas este outro cônjuge não quer se separar, por qualquer razão, mesmo diante do quadro de "desamor" do parceiro, a questão se complica. O cônjuge que quer se separar pode entrar com um pedido de separação litigiosa. Mas, tradicionalmente, para entrar com esse pedido, precisaria alegar a "culpa" do parceiro que se recusa a conceder a separação. Nesse caso se inventavam "culpas" difíceis de provar ou negar, como "crueldade mental", coisas assim. Mais recentemente, porém, alguns juízes mais iluminados passaram a considerar o simples "desamor", o fato de um cônjuge deixou de amar o outro, mesmo que este se resigne a relevar esse "desamor", causa bastante para o pleito de separação judicial litigiosa. Embora o "desamor" não seja contemplado explicitamente no Código Civil como causa possível para uma concessão de separação em litígio, o Código Civil deixa, ao juiz, uma abertura que lhe permite conceder a separação litigiosamente pleiteada com base simplesmente no "desamor" de um parceiro pelo outro. Isso evita que o juiz seja levado à situação absurda de negar a separação pleiteada simplesmente porque o pleiteante não provou a "culpa" da outra parte.

    Na minha opinião, a professora da Getúlio Vargas citada na matéria, e já mencionada atrás, está redondamente enganada. Eis o que ela diz, segundo a reportagem:

    "A professora de direito na FGV-SP Regina Beatriz Tavares da Silva defende que a separação -ou pelo menos seus efeitos- deve ser mantida. Isso, diz ela, para possibilitar que a discussão de quem tem culpa pelo fim do casamento permaneça".

    Ou seja, a professora da FGV acha que a separação DEVERIA ser mantida, porque GOSTARIA que a questão da culpa pudesse ser discutida. Independentemente do que ela acha que deve, ou do que ela gostaria que fosse o caso, os legisladores foram claros ao determinar que essas questões, em relação ao divórcio em si, serão águas passadas a partir da promulgação da lei, que se fará no próprio Congresso, sem necessidade de sanção presidencial, por se tratar de uma PEC.

    Permanecem, porém, ainda, as questões relativas à guarda dos filhos (se houver), à divisão de bens (se houver), e ào pleito de pensão alimentícia por uma parte junto à outra (se houver).

    Segundo tudo indica, processos de guarda de filhos, divisão de bens e de pensão alimentícia poderão ser iniciados paralelamente ao processo de divórcio, mas não prejudicarão o processo de divórcio, que poderá correr célere e ser decidido antes de que haja decisões nos outros casos. Isto é: o decreto de divórcio poderá sair bem antes da resolução dessas outras questões, liberando as partes para estabelecer novos relacionamentos sob o devido e freqüentemente desejado ordenamento jurídico (i.e., as partes poderão se casar oficialmente de novo, mesmo na pendência de questões relativas a filhos, bens e pensão).

    Isso significa que, se uma parte foi (por exemplo) vítima de violência física por parte da outra, e, portanto, quer que esta parte (que cometeu a violência) seja declarada culpada, essa questão deve ser discutida em OUTRO PROCESSO, não no processo de divórcio — e a culpa poderá vir a ser atribuída a uma parte, mas pela violência cometida, não no contexto do pedido de divórcio.

    Acho um enorme progresso: uma lição de civilidade.

    Transcrevo, abaixo, duas matérias e um editorial da Folha de S. Paulo e um pequeno quadro da Gazeta do Povo.

    ———-

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0907201022.htm
    Folha de S. Paulo
    9 de Julho de 2010

    Divórcio rápido já provoca dúvidas

    Medida deve entrar em vigor na quarta-feira; extinção da separação divide opinião de especialistas em direito
    Professora diz que separação ou seu efeito define a culpa pelo fim da união e pesa na decisão sobre pensão

    GABRIELA GUERREIRO
    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    A regra que acaba com os prazos hoje necessários para que se peça o divórcio deve entrar em vigor na próxima quarta-feira, mas ainda suscita dúvidas de como vai funcionar na prática.

    Essa PEC (Proposta de Emenda Constitucional) agiliza o divórcio. Antes da nova regra, só era possível solicitar o divórcio após um ano da separação formal (judicial ou no cartório) ou dois anos da separação de fato (quando o casal deixa de ter vida em comum). E também tira da Constituição o termo "separação".

    Essa segunda mudança, apesar de sutil, deve provocar questionamento e dúvida entre advogados e juízes.

    Uma delas é se a separação -hoje um mecanismo intermediário no fim do casamento- realmente acaba.

    A professora de direito na FGV-SP Regina Beatriz Tavares da Silva defende que a separação -ou pelo menos seus efeitos- deve ser mantida. Isso, diz ela, para possibilitar que a discussão de quem tem culpa pelo fim do casamento permaneça.

    A definição de quem é culpado ocorre, hoje, apenas durante a separação -não existe no divórcio. A culpa pode vir de situações como adultério e violência física.

    A mudança tem consequências na pensão alimentícia (quem é declarado culpado não recebe pensão integral, apenas o mínimo para sobreviver) ou no sobrenome (o culpado não pode usar o nome do ex).

    "Se não for assim, a mulher que sustenta a casa e apanha do marido vai ter que pagar pensão", diz.

    Segundo o juiz Marco Aurélio Costa, da 2º Vara de Família e Sucessões do Fórum Central de São Paulo, é possível que os casais queiram migrar a discussão da culpa para o divórcio, pelo menos num primeiro momento.

    Para o IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), idealizador da PEC, é o fim da separação e da discussão da culpa. Isso porque retirar a menção à separação da Constituição significa apagá-la também das leis comuns, diz Paulo Lôbo, integrante do instituto.

    Quem hoje é separado continuará separado, defende Lôbo. Processos de separação ainda em curso, porém, deverão ser convertidos em pedidos de divórcio.

    "Quem vai optar pela separação se é possível um caminho mais curto?", questiona a juíza Daniela Ferreira, da 1ª Vara da Família do Rio.

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0907201024.htm

    Divórcio será "rapidíssimo", diz professor

    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    A aprovação da PEC do divórcio direto foi a "maior revolução do direito da família desde 1988", na opinião do professor de direito civil da USP José Fernando Simão.

    Isso porque o divórcio ficará "rapidíssimo" e não será preciso estabelecer a culpa pelo fim do casamento, como havia na etapa de separação judicial, agora eliminada.

    Agora, ele diz que será possível pedir o divórcio e, em processos paralelos, se necessários, discutir questões como guarda de filhos, pensão alimentícia ou indenização por danos morais ou agressão.

    "A pessoa não conseguia terminar o casamento. Agora ela vai discutir essas questões do mesmo jeito, mas vai poder prosseguir com sua vida".

    Para ele, o tempo da separação não ajuda os casais a se reconciliarem. "A experiência mostra que um número ínfimo de casais se reconcilia."

    (CMC)

    ———-

    Editorial da Folha concorda com a minha tese.

    ———-

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1007201002.htm
    Folha de S. Paulo
    10 de Julho de 2010

    Editoriais
    editoriais@uol.com.br

    Divórcio imediato

    Não se sustentam as razões comumente alegadas para a manutenção do modelo até aqui vigente de divórcio no país. Ainda que em decisão consensual, as partes se viam obrigadas a cumprir prazos e formalidades antes de o fim do casamento ser oficialmente aceito pela Justiça.

    O rompimento do vínculo entre dois adultos só podia ser requisitado após um ano da separação de fato (quando os ex-cônjuges passam a viver em casas distintas) ou formal (registrada, como convém à tradição cartorial brasileira).

    Tais exigências foram suprimidas pelo Congresso nesta quarta-feira. Pedidos de divórcio poderão ser feitos de forma imediata pelo casal assim que a nova regra entrar em vigor, na próxima semana.

    Para os defensores do modelo anterior, a separação prévia prevenia decisões precipitadas ao oferecer tempo para uma avaliação mais serena da situação.

    Há também quem alerte para o risco de injustiças, com a supressão da etapa prévia ao divórcio. Formalmente, é na separação que hoje se determina a "culpa" pelo fim de um casamento. Classificado desta forma, um ex-marido que agrida a mulher, por exemplo, perde direitos. Parece claro, no entanto, que questões dessa ordem podem ser dirimidas em ações paralelas à do divórcio.

    O excesso de exigências burocráticas apenas acrescentava entraves e prolongava um processo inevitavelmente penoso -além de impor a desnecessária tutela do Estado sobre um tema eminentemente privado. É acertada a decisão dos legisladores.

    ———–

    Eis, por fim, um esboço cronológico da questão:

    ———–

    http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1023167

    Evolução:

    Foram várias as mudanças na legislação brasileira sobre o divórcio:

    1893 – Primeira proposta divorcista é apresentada no Parlamento, mas rejeitada.

    1916 – O Código Civil prevê o desquite como fim da sociedade conjugal, mas só há dissolução do casamento por morte. Adultério, injúria grave ou abandono volun­­tá­­rio do lar por dois anos contínuos são alguns dos fundamentos necessários para o desquite.

    1952 – Emenda Constitucional que tenta acabar com o vínculo indissolúvel no casamento civil é rejeitada pela Câmara.

    1977 – A separação judicial e o divórcio são estabelecidos; o divórcio pode ser pedido depois de três anos de separação judicial e apenas uma vez na vida.

    1988 – Nova Constituição prevê o divórcio após um ano de sepa­­ra­­ção judicial ou dois de separação de fato.

    2010 – O Senado aprova o fim dos prazos para o divórcio e tira da Constituição a figura da separação.

    ———–

    Em Salto, 10 de Julho de 2010

    Eduardo Chaves – Résumé (updated in July 2010)

    1. Personal Data:

    • Birthdate: September 7, 1943
    • Birthplace: Lucélia, SP, Brazil
    • Place of Residence: São Paulo, SP, Brazil

    2. Academic Background (Higher Education):

    • Ph.D. (Philosophiae Doctor), University of Pittsburgh, Pittsburgh, PA, USA (1972).
    • M.Div. (Master of Divinity), Pittsburgh Theological Seminary, Pittsburgh, PA, USA (1970).
    • B.Div. (Bachelor of Divinity), Pittsburgh Theological Seminary, Pittsburgh, PA, USA (1967), with studies also done at the Faculdade de Teologia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, São Leopoldo, SP, Brazil (1967) and at the Seminário Presbiteriano do Sul, Campinas, SP, Brazil (1964-1966).

    3. Current Activities:

    • Fellow, Education Impact, London, England, UK, a consulting organization doing work for governments, where he is resource person in the areas of Envisioning and Strategizing, Innovation, Change Management, Curriculum-Methodology-Assessment, and the Role of Technology in Learning (since 2008).
    • Member of the International Advisory Board of Microsoft’s Partners in Learning – the company’s chief global initiative in the area of education, Redmond, WA, USA (since 2003).
    • Member of the Advisory Board of foundations and social programs in Brazil, such as the Crescer Institute and the EducaRede Program – the latter, a global program of the Telefónica Foundation, both in São Paulo, SP, Brazil (since 2003).
    • Partner, MindWare – EduTec.Net, São Paulo, Brazil, a consulting firm in the area of education, technology and innovation working mostly on the impact of technology on education, learning and schooling, Campinas and São Paulo, SP, Brazil (since 1997). [Clients in the past five years: Secretariat of Education for the City of São Paulo, Microsoft Informática Ltda., Fundação Bradesco, Instituto Crescer, Instituto Ayrton Senna].

    4. Past Experience:

    Before the present time, Eduardo Chaves was active in academia, international multilateral organizations, government, social endeavors and private companies.

    A. In the Academic Area:

    • Professor of Philosophy, in the area of philosophy of education and of technology in education, at the Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), School of Education, Campinas, SP, Brazil, where he was Dean of the School of Education, Graduate Dean of Education, Creator and Coordinator of the Nucleus of Informatics Applied to Education (NIED) and Administrative Vice-Provost for the entire University (1974-2006).
    • Professor of Information Systems Management, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMP), Computer Science Institute, Campinas, SP, Brazil (1992-1997, part time).
    • Professor of Programming Logic, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Department of Mathematics and Computer Science, São Paulo, SP, Brazil (1988-1990, part time).
    • Lecturer in Philosophy, Pomona College, Department of Philosophy, Claremont, CA, USA, 1973-1974.
    • Assistant Professor of Philosophy, California State University, Department of Philosophy, Hayward, CA, USA, 1972-1973.

    B. In Consultancy to International Multilateral Organizations

    • Consultant, World Health Organization (WHO), Geneva, Switzerland, in the area of Health Informatics (1985-1995)
    • Consultant, Pan-American Health Organization (PAHO), Washington, DC, USA, un the area of Health Informatics (1985-1995)

    C. In Government:

    • Deputy Secretary of State for Higher Education, State Secretariat of Higher Education, São Paulo, SP, Brazil (2007).
    • Member of the State Council of Computing and Data Processing, São Paulo, SP, Brazil (1988-1990).
    • Director of Information, State Secretariat of Health, São Paulo, SP, Brazil (1987-1990).
    • Director of Information, State Secretariat of Education, São Paulo, SP, Brazil (1986-1987).

    D. In the Third Sector:

    • President and Member of the Board, Lumiar Institute, São Paulo, SP, Brazil, an NGO dedicated to conducting research in the area of education (curriculum, methodology and evaluation) and applying this research within schools, either its own or through partnerships (2003-2009, Member of the Board, 2007-2009, President).
    • Senior Consultant, Ayrton Senna Foundation, São Paulo, SP, Brazil, an NGO created by the family of the former Formula One car racer to improve the education of children in need. There he was involved in the area of Education and Technology and created and (during four years) coordinated the UNESCO Chair od Education and Human Development (1999-2006).

    E. In Private Companies:

    • Technical Director and President, People Brasil Informática Ltda., Campinas, SP, Brazil, a company that franchised methodology, texts and supporting materials for computer training (1994-1996, Technical Director, 1996-1997, President).
    • Technical Director, People Computação Ltda., Campinas, SP, Brazil, a Computer Training company (1988-1993).

    5. R&D Experience in the Area of Technology and Education:

    • While Coordinator of NIED at UNICAMP, he was the coordinator and senior researcher of the group that implemented a Portuguese version of Logo for CP/M computers.
    • While Technical Director of People Brasil Informática Ltda., he was coordinator of the team that implemented a Portuguese version of Logo called VIP Logo (later People Logo) for the IBM PC.

    6. Publications:

    Author of innumerable articles in the area of philosophy and education and of several books in the area of education and technology (all in Portuguese, but the third item), among which the following can be mentioned:

    • Informatics: MicroRevelations (Campinas, SP, Brazil, 1985).
    • The Use of Computers in Schools: Foundations and Criticisms, with Valdemar W. Setzer (São Paulo, SP, Brazil, 1988).
    • Informatics and Telematics in Health: Present and Potential Uses, co-author and member of the Editorial Board (2nd edition, Geneva, Switzerland, 1988)
    • A New Strategy for the Social Area, with José Aristodemo Pinotti and Anibal Faúndes (São Paulo, SP, Brazil, 1988)
    • Multimedia: Concept, Applications and Technology (Campinas, SP, Brazil, 1992).
    • Time Management (Campinas, SP, Brazil, 1992)
    • Technology and Education:
      The Future of the School in the Information Society
      (Brasília, DF, Brazil, 1998).

    • Education and Technology for Human Development (São Paulo, SP, Brazil, 2004).
    • Education for Human Development: A New Education for a New Era (written, presently under development).

    São Paulo, July 2010

    É preciso ensinar a criança a brincar, ou sempre brincar com ela???

    Importante artigo de Rosely Sayão na Folha de hoje, para brindar o início das férias de meio de ano no Brasil. Férias dos filhos, é bom que se diga. Porque para os pais, o período é complicado, porque, além de seus afazeres regulares, têm de lidar com crianças que, fora da escola, não sabem o que fazer, porque se acostumaram a só fazer coisas em ambientes em que a ação programada. Nas férias ficam como baratas tontas, perguntando “Mãe/pai, o que eu faço?” As férias, que deveriam ser o período de crianças felizes, por terem a liberdade de fazer o que querem, se torna o período de crianças entediadas, porque desaprenderam a brincar sozinhas sem a orientação de um adulto.

    O problema é sério. Fui professor de Filosofia da Educação I durante 32 anos no primeiro semestre do Curso de Pedagogia, na UNICAMP. Ali estavam as alunas (95% dos alunos eram mulheres) ingressantes, novinhas (17-18 anos), sem saber direito por que estavam ali, o que queriam da vida.

    Filosofia da Educação I, na UNICAMP, era uma Introdução à Filosofia da Educação, uma matéria que permitia que a gente estudasse quase qualquer coisa relacionada com a educação e a aprendizagem. Eu começava perguntando às alunas o que (relacionado com a educação e a aprendizagem) elas gostariam de estudar durante o semestre. Ninguém sabia. Quando eu pressionava, e demonstrava minha incredulidade de que elas não pudessem dizer uma só coisa que gostariam de estudar e aprender durante o semestre, elas retorquiam: “Sei lá, ué… Você é o professor”. Em outras palavras, quem sabe o que elas devem estudar e aprender é o professor. Elas estudam e aprendem qualquer coisa que o professor escolher. Mesmo quando têm liberdade para escolher, falta-lhes autonomia para escolher, falta-lhes o desejo de protagonizar a própria aprendizagem.

    Elas são, alguns anos depois, os alunos que, hoje, nas férias, vão ficar perguntando aos pais o que devem fazer para se divertir, os que, sem uma indicação direta dos pais, às vezes optam por vegetar na frente da TV ou mesmo dormir, na cama e com cobertor (aproveitando a estação) durante o dia quase inteiro. Se os pais estão em casa, são solicitados a levar os filhos a algum lugar: ao shopping, ao cinema, etc., porque eles não sabem bricar, sozinhos, em casa, não têm o gosto pela leitura solitária e prazerosa, não sabem pegar um vídeo e assistir, sozinhos, a um filme: alguém tem de assistir ao filme com eles.

    Onde estão as crianças que adoravam as férias porque nas férias podiam ler um monte de livros que não estavam entre aqueles cuja leitura era exigida pela escola? Onde estão as crianças que tinham prazer em estar a sós consigo mesmas, longe de um monte de gente, longe até mesmo dos pais e dos irmãos?

    ———-

    Folha de S. Paulo
    29 de Junho de 2010

    ROSELY SAYÃO
    roselysayao@uol.com.br

    É tempo de criança entediada


    As férias mostram que os filhos não sabem mais brincar sozinhos, por responsabilidade absoluta dos seus pais


    QUANDO AS FÉRIAS escolares se aproximam, muitos pais já sabem aquilo que os espera. Como os filhos não sabem brincar sem a direção dos adultos, acabam não sabendo como preencher o seu tempo livre .

    Então, vão atrás dos pais em busca de ajuda; isso acontece, inclusive, quando os pais estão em horário de trabalho. Ah! Esse telefone celular que acabou com todas as portas fechadas entre pais e filhos…

    Hoje, as crianças não sabem mais brincar sozinhas: elas não sabem o que querem fazer, não sabem do que gostam, não têm curiosidade em explorar o que as circunda. E isso acontece por nossa inteira responsabilidade. Desde quando criança precisa aprender a brincar? Pois, agora, elas precisam.

    Desde pequenas, acostumamos as crianças com a presença de um adulto responsável, inclusive e principalmente, por entretê-la. Quando pais contratam babás, querem alguém que tenha paciência de brincar com a criança por horas e horas, mais do que cuidar dela.

    As escolas de educação infantil, de um modo geral, seguem mais ou menos o mesmo esquema. Do momento em que a criança entra na escola até o final do período, têm atividades previamente programadas. Como se não bastasse tudo isso, desde que nascem as crianças têm à sua disposição uma infinidade de brinquedos de todos os tipos e cores, que produzem os mais variados sons etc. Os pais fazem isso com boa intenção, mas o exagero na quantidade de brinquedos produz o efeito oposto do que pretendiam: em vez de interessar a criança, esse arsenal de objetos lúdicos acaba por cansá-la e fazer com que não tenha interesse real por nenhuma daquelas coisas.

    Ter brinquedos não garante à criança o ato de brincar e ter muitos a leva a não dar atenção a nenhum. E não temos reclamado da atenção dispersa, mais tarde?

    Quem vê uma criança brincar por muito tempo com um de seus brinquedos? Em geral, o comportamento dela é o de pegar e descartar vários, muito rapidamente. É bom lembrar que quando a criança tem muitos brinquedos não tem nenhum deles porque, ao pular de um para o outro, não consegue construir uma brincadeira.

    Temos criado, dessa maneira, crianças que se entediam com muita facilidade.

    As férias são uma boa ocasião para os pais saírem da cena tipicamente infantil. Claro que isso não significa abandonar a criança, já que ela teve poucas oportunidades de ser empreendedora em suas brincadeiras. Dar algumas pistas, lançar poucos desafios são exemplos de ofertas que não gerenciam, tampouco desamparam a criança em sua demanda.

    Conheço uma mãe que tem conseguido, não sem esforço, levar sua filha a criar suas brincadeiras e ficar bastante tempo interessada nelas. Sua atitude pode servir de inspiração, mas não de modelo.

    Ela sugeriu à garota, de pouco mais de oito anos, que construísse uma "caça ao tesouro", brincadeira bem conhecida das crianças.

    A garota ficou totalmente concentrada na atividade porque a mãe dissera que, se as charadas fossem fáceis, ela não brincaria com a filha. A estratégia da mãe funcionou: a filha ficou ligada na brincadeira e a mãe gastou pouco mais de 10 minutos, à noite, para participar com a filha e fazer a sua parte.

    Digo e repito: temos feito uma grande confusão na convivência com as crianças. Fazemos o que não precisa ser feito e deixamos de fazer o que é imprescindível. Já é hora de revertermos esse quadro.

    ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha) blogdaroselysayao.blog.uol.com.br

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    Em São Paulo, 29 de Junho de 2010

    My Kindle

    No dia 14 de Junho, quando estava em Lincolnville, em Maine, recebi meu Kindle DX. Ele havia sido encomendado no dia 12, sábado. Chegou em menos de 48 horas, apesar de ser fim de semana.

    Estou encantado com o brinquedinho…

    A tela é branca, estilo “papel eletrônico”, a fonte agradável e de fácil leitura. Tem um modem 3G embutido (que acessa uma rede especial que a Amazon contratou, Whispernet – nos EUA da ATT, aqui, não sei de quem), de modo que é possível baixar livros quase de qualquer lugar do mundo (Américas, Europa, Far East). O livro chega instantaneamente. Há muitos livros gratuitos e muitos outros por cerca de dois dólares. Quase todos os clássicos da literatura e da filosofia anteriores a 1900 estão disponíveis por cerca de dois dólares cada. Os livros mais recentes têm um desconto de cerca de 20 a 30% em relação ao preço de venda da edição em papel. É pouca redução. Era mais, mais os editores protestaram, ameaçaram a Amazon, e ganharam o direito de virtualmente fixar seus preços. Lamentável. A redução de custos na edição eletrônica (em relação à edição impressa) justificaria uma redução muito maior no preço final. Mas mesmo assim, vale a pena.

    É um prazer poder carregar na mochila mais de 200 livros, navegar por eles no avião (a bateria dura de 3 a 4 dias, ou mais se o modem 3G estiver desligado. É possível fazer bookmarks, sublinhar, etc. (ele cria uma pasta “My Clippings” com os bookmarks e os sublinhados).

    A versão DX tem tela de 9 polegadas e custa quase 500 dólares. A versão de 6 polegadas teve o preço reduzido recentemente para menos de 200. A Amazon entrega aqui no Brasil, mas é obrigada a cobrar 102% a mais de impostos brasileiros que ela recolhe à voraz Receita Federal.

    Enfim… Um brinquedo que vale a pena.

    Em São Paulo, 28 de Junho de 2010