Gratidão

7 de Setembro de 2010. 

Amanheceu chovendo! 

Depois de uma eternidade sem chuva, em que a grama do sítio ficou russa, a estrada que leva a ele, uma poeira só, e o ar ficou tão seco que até as autoridades de saúde se preocuparam, choveu. Chove ainda… Il pleut encore! 

O dia do meu aniversário trouxe, como presente, a chuva tão esperada e desejada. 

É verdade que, quando percebi, de manhãzinha, que estava chovendo forte, com direito a trovões e tudo, fiquei preocupado. Minha filha mais nova, a Patrícia, prometeu vir para cá, hoje. Fiquei com medo de que a chuva atrapalhasse os planos. Para as crianças que já estão aqui – são quatro, se a gente, contra a vontade delas, esticar um pouco a definição de criança – a chuva é uma prisão que as obriga a ficar confinadas, dentro de casa, num sítio em que há tanto espaço aberto. Ainda bem que há o mezanino, onde montam quebra-cabeças (puzzles) no chão e jogam Nintendo DSi. 

Mas tomei a decisão de não ficar preocupado. Se a chuva dissuadir de vir aqueles que ainda não estão aqui, que seja. A chuva é bem-vinda. Ela é sinal de que a vida, por maior que tenha sido a devastação que o Inverno causou, continua embaixo da grama queimada, nos galhos sem folha de algumas árvores (como os meus plátanos), nas folhas amarronzadas pela poeira de outras. Resolvi adotar a filosofia do salmista: “Este é o dia que o Senhor nos deu: alegrêmo-nos e regozijêmo-nos nele.” Ainda que seja um dia chuvoso.

Sinto-me feliz, também, por citar a Bíblia naturalmente, sem ficar constrangido, como eu ficaria uns anos atrás. 

Afinal de contas, hoje faço 67 anos, feliz e com boa saúde. Amando. Amando assim de paixão. Isso, em si só, já é um milagre, nessa idade. Li um tempo atrás que na maior parte dos homens idosos que sofre de disfunção erétil a causa é tão simples quanto é triste: perderam o interesse sexual na parceira… Deixaram de amar. 

Na verdade, há muitos que, ao chegaram à idade em que passam a ser considerados idosos, já se desiludiram da vida, já abriram mão de amar. Aposentam-se não só do trabalho: aposentam-se também do amor e da vida. Poucos têm o privilégio de uma experiência como a minha – de vir a amar depois dos 60 anos, de se apaixonarem numa idade já mais do que madura, como se ainda fossem adolescentes… (Leonel Brizola teve, Roberto Marinho também, para citar apenas dois casos conhecidos e notórios.) E, milagre maior ainda, tendo o privilégio de ser amado por alguém que arriscou tudo o que tinha para ficar comigo, do meu lado, curtindo, no mesmo passo, as urzes da jornada (como diz a poesia). E, além de tudo o mais, amando e sendo amado pelos filhos, pelos netos, pelos irmãos, pelos sobrinhos, pelos filhos dos sobrinhos, pelos primos, pelos filhos dos primos. (Entre os filhos estão, sem dúvida, aqueles que a lei, mas não eu, considera enteados.) Por fim, amando e sendo amados por amigos queridos, quase irmãos. E não só sendo capaz de trabalhar, mas gostando dos desafios do trabalho, sentindo prazer em enfrentá-los. E, nos momentos de lazer, vendo e ouvindo os pássaros que, alegres pela chuva (e, imagino, pelo fato de estarem vivos), cantam, trinam, gorjeiam, chilreiam. Um bem-te-vi bemteviava agora aqui do lado na quaresmeira sem flores. 

[A propósito, tenho pena dos dicionaristas. Para o Houaiss o bem-te-vi é apenas uma “ave passeriforme (Pitangus sulphuratus), da família dos tiranídeos, que ocorre do Sul dos Estados Unidos à Patagônia; com cerca de 22 cm de comprimento, bico longo e forte, coloração pardo-olivácea no dorso, amarela no ventre e cabeça preta e branca com uma mancha amarela no vértice”. Ele nem sequer diz que o bem-te-vi se chama assim no Brasil porque ele canta bem-te-vi. Na verdade, ele nem diz que o bem-te-vi canta… Na verdade, um bem-te-vi descrito dessa forma nem vontade tem de bem-te-viar… Fica como o pássaro encantado do conto infantil do Rubem Alves que, engaiolado, perde a vontade de cantar, perde as cores das plumas — as do peito do bem-te-vi são amarelíssimas! Quando eu era criança lia uma revistinha metodista chamada “O Bem-Te-Vi”…]. 

Dois dias felizes, porque ontem a Paloma e eu celebramos, com simplicidade, carinho e muito amor, na companhia da irmã dela e de dois irmãos meus, dois anos de vida em conjunto. Parece que foi ontem, e, no entanto, já se passaram dois anos. E, mais importante, parece que (como disse Vinicius, na Valsinha, que o Chico tão bem musicou) o mundo finalmente compreendeu e deixou o dia amanhecer em paz. 

É isso. Fazia tempo que não escrevia assim com sentimento neste space. Faço-o hoje, em gratidão pelo amor, celebrado ontem, pela amizade, compartilhada nos dois dias, e pela vida, comemorada hoje — vida que me tem sido relativamente longa e bastante generosa. “Graças dou por esta vida”, dizia o hino que eu cantava na mocidade e de que meu pai tanto gostava. Continuo a cantá-lo. E a cantá-la, à vida. 

Em Salto, n’O Canto da Coruja, 7 de Setembro de 2010

(Em tempo 1: Meu casal de corujas parece ter sumido do ninho na área da casa velha… Espero que não tenham morrido, ou que não tenham abandonado o sítio em definitivo: que seja apenas hibernação — ou primaverização, posto que a Primavera está às portas… )

(Em tempo 2: As crianças – Priscilla, André e Bruno – salvaram um passarinho que havia caído na água da piscina. Precisaram quase ressuscitá-lo. Ele se aqueceu, se recompôs e, sem dize tchau, foi-se embora.)

(NOTA acrescentada depois: A chuva não afugentou ninguém dentre aqueles que deveriam vir… Todo mundo apareceu. E sol, como que para brindar todo mundo, deu as caras no final do dia.)

Salto, em ‘O Canto da Coruja’, no dia 7 de Setembro de 2010… 

P.S. de 3 de Novembro de 2022: revi o artigo, e, que a modéstia me dê um descanso, me emocionei. Mais com a lembrança dos eventos do que com o post em si. Hoje estou com 79 anos. Mais de doze anos se passaram. E, graças a Deus, continuo bem e mais feliz ainda do que estava doze anos atrás. 

Publicidade

Eduardo Chaves – Résumé (updated in July 2010)

1. Personal Data:

  • Birthdate: September 7, 1943
  • Birthplace: Lucélia, SP, Brazil
  • Place of Residence: São Paulo, SP, Brazil

2. Academic Background (Higher Education):

  • Ph.D. (Philosophiae Doctor), University of Pittsburgh, Pittsburgh, PA, USA (1972).
  • M.Div. (Master of Divinity), Pittsburgh Theological Seminary, Pittsburgh, PA, USA (1970).
  • B.Div. (Bachelor of Divinity), Pittsburgh Theological Seminary, Pittsburgh, PA, USA (1967), with studies also done at the Faculdade de Teologia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, São Leopoldo, SP, Brazil (1967) and at the Seminário Presbiteriano do Sul, Campinas, SP, Brazil (1964-1966).

3. Current Activities:

  • Fellow, Education Impact, London, England, UK, a consulting organization doing work for governments, where he is resource person in the areas of Envisioning and Strategizing, Innovation, Change Management, Curriculum-Methodology-Assessment, and the Role of Technology in Learning (since 2008).
  • Member of the International Advisory Board of Microsoft’s Partners in Learning – the company’s chief global initiative in the area of education, Redmond, WA, USA (since 2003).
  • Member of the Advisory Board of foundations and social programs in Brazil, such as the Crescer Institute and the EducaRede Program – the latter, a global program of the Telefónica Foundation, both in São Paulo, SP, Brazil (since 2003).
  • Partner, MindWare – EduTec.Net, São Paulo, Brazil, a consulting firm in the area of education, technology and innovation working mostly on the impact of technology on education, learning and schooling, Campinas and São Paulo, SP, Brazil (since 1997). [Clients in the past five years: Secretariat of Education for the City of São Paulo, Microsoft Informática Ltda., Fundação Bradesco, Instituto Crescer, Instituto Ayrton Senna].

4. Past Experience:

Before the present time, Eduardo Chaves was active in academia, international multilateral organizations, government, social endeavors and private companies.

A. In the Academic Area:

  • Professor of Philosophy, in the area of philosophy of education and of technology in education, at the Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), School of Education, Campinas, SP, Brazil, where he was Dean of the School of Education, Graduate Dean of Education, Creator and Coordinator of the Nucleus of Informatics Applied to Education (NIED) and Administrative Vice-Provost for the entire University (1974-2006).
  • Professor of Information Systems Management, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMP), Computer Science Institute, Campinas, SP, Brazil (1992-1997, part time).
  • Professor of Programming Logic, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Department of Mathematics and Computer Science, São Paulo, SP, Brazil (1988-1990, part time).
  • Lecturer in Philosophy, Pomona College, Department of Philosophy, Claremont, CA, USA, 1973-1974.
  • Assistant Professor of Philosophy, California State University, Department of Philosophy, Hayward, CA, USA, 1972-1973.

B. In Consultancy to International Multilateral Organizations

  • Consultant, World Health Organization (WHO), Geneva, Switzerland, in the area of Health Informatics (1985-1995)
  • Consultant, Pan-American Health Organization (PAHO), Washington, DC, USA, un the area of Health Informatics (1985-1995)

C. In Government:

  • Deputy Secretary of State for Higher Education, State Secretariat of Higher Education, São Paulo, SP, Brazil (2007).
  • Member of the State Council of Computing and Data Processing, São Paulo, SP, Brazil (1988-1990).
  • Director of Information, State Secretariat of Health, São Paulo, SP, Brazil (1987-1990).
  • Director of Information, State Secretariat of Education, São Paulo, SP, Brazil (1986-1987).

D. In the Third Sector:

  • President and Member of the Board, Lumiar Institute, São Paulo, SP, Brazil, an NGO dedicated to conducting research in the area of education (curriculum, methodology and evaluation) and applying this research within schools, either its own or through partnerships (2003-2009, Member of the Board, 2007-2009, President).
  • Senior Consultant, Ayrton Senna Foundation, São Paulo, SP, Brazil, an NGO created by the family of the former Formula One car racer to improve the education of children in need. There he was involved in the area of Education and Technology and created and (during four years) coordinated the UNESCO Chair od Education and Human Development (1999-2006).

E. In Private Companies:

  • Technical Director and President, People Brasil Informática Ltda., Campinas, SP, Brazil, a company that franchised methodology, texts and supporting materials for computer training (1994-1996, Technical Director, 1996-1997, President).
  • Technical Director, People Computação Ltda., Campinas, SP, Brazil, a Computer Training company (1988-1993).

5. R&D Experience in the Area of Technology and Education:

  • While Coordinator of NIED at UNICAMP, he was the coordinator and senior researcher of the group that implemented a Portuguese version of Logo for CP/M computers.
  • While Technical Director of People Brasil Informática Ltda., he was coordinator of the team that implemented a Portuguese version of Logo called VIP Logo (later People Logo) for the IBM PC.

6. Publications:

Author of innumerable articles in the area of philosophy and education and of several books in the area of education and technology (all in Portuguese, but the third item), among which the following can be mentioned:

  • Informatics: MicroRevelations (Campinas, SP, Brazil, 1985).
  • The Use of Computers in Schools: Foundations and Criticisms, with Valdemar W. Setzer (São Paulo, SP, Brazil, 1988).
  • Informatics and Telematics in Health: Present and Potential Uses, co-author and member of the Editorial Board (2nd edition, Geneva, Switzerland, 1988)
  • A New Strategy for the Social Area, with José Aristodemo Pinotti and Anibal Faúndes (São Paulo, SP, Brazil, 1988)
  • Multimedia: Concept, Applications and Technology (Campinas, SP, Brazil, 1992).
  • Time Management (Campinas, SP, Brazil, 1992)
  • Technology and Education:
    The Future of the School in the Information Society
    (Brasília, DF, Brazil, 1998).

  • Education and Technology for Human Development (São Paulo, SP, Brazil, 2004).
  • Education for Human Development: A New Education for a New Era (written, presently under development).

São Paulo, July 2010

Crônicas sobre um tempo que não volta mais

Transcrevo, a seguir, uma mensagem do Rubem Alves (de hoje, 2/3/2010), que traz, embutida nela, uma crônica de José Antonio Oliveira de Resende, da Universidde Federal de São João del Rey. As duas são tocantes – e refletem também um tempo que eu vivi.

—–Mensagem do Rubem—–

O CAFÉ ESTÁ NA MESA.

Não fui eu quem escreveu esse texto. Foi o professor José Antônio Oliveira de Resende, professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura da Universidade Federal de São João del-Rei. Mexeu comigo. Vivi aquilo sobre que ele fala. Pedi licença… Ele deu. Se o texto dele mexer com você do jeito como mexeu comigo você vai lhe enviar um email: jresende@mgconecta.com.br

—–Crônica do Resende—–

“Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.

Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.

– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.

E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.

– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!

A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro… casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.

Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:

– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.

Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite… tudo sobre a mesa.

Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança… Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam… era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade…

Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos… até que sumissem no horizonte da noite.

O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail… Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:

– Vamos marcar uma saída!… – ninguém quer entrar mais.

Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.

Casas trancadas. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite…

Que saudade do compadre e da comadre!”

—–Continua a mensagem do Rubem—–

MAIS SAUDADE… Já esse texto eu vivi…

O fogão de lenha aceso era um altar. A lenha queimava, perfumando o ar com o cheiro das resinas que a madeira chorava através de suas gretas. O fogo avermelhava os rostos. A prosa era sempre sobre coisas de antigamente que todos já conheciam. “Pai, conta daquela vez que, pra visitar a mamãe, você atravessou a enchente do rio num tacho do engenho de cana puxado por uma corda…” A conversa era só uma desculpa para estar juntos. As palavras tinham carne. Na cozinha, diante do fogo, o silêncio era bem-vindo. Só contemplar o fogo já bastava. Era um silêncio carnudo, cheio de ser, tranquilo e feliz. O fogo incendiava a imaginação. Um espaço com um fogo aceso é um espaço aconchegante. As sombras não param. Movem-se ao sabor da dança das chamas. O fogo tranqüiliza a alma, espanta os medos.

A chapa quente do fogão era lugar para uma cafeteira de ágata. Quando não o café, um chá de folha de laranjeira. Minha amiga Maria Alice, nascida em Mossâmedes, Goiás, viveu a cozinha como eu vivi. Toda noite era igual. Ela conta: “A mãe dizia: ‘Vou é lá fora apanhar umas folhas de laranjeira prá fazer um chá pra nós…’ O pai advertia: ‘Mulher, você vai é ficar estuporada. Está com a cara quente do calor do fogo e vai sair na friagem? Vai acabar de boca torta…’ Ela nunca seguiu a advertência do marido e nunca ficou de boca torta.

—–Fim das transcrições—–

Em São Paulo, 2 de Março de 2010
Dia do aniversário de minha irmã Priscila, de meu sogro, Machado, de minha sobrinha Juliana e de minha amiga Miranda…

Dudu, the Puff

Na minha memória, ele tinha o nome de Dudu, the Puff. Talvez em algum lugar nele estivesse escrito “Pooh”, em vez de “Puff”. Não sei direito. E talvez fosse “de”, e não “the”. Ganhei esse ursinho de pelúcia, de cor entre o amarelo e o alaranjado, quando fiz três anos (creio) e eu morava em Marialva, no Paraná. Quem me deu foi minha Tia Alice – a tia querida, que muitas vezes me fez papel de mãe e que me abrigou mais de uma vez na casa dela quando me vi sem teto.

Eu adorava o meu ursinho.

Mas um dia, meu pai decidiu que mudaríamos do Paraná para São Paulo. Eu não sabia, naturalmente. Então já morávamos em Maringá, não muito longe de Marialva.

Saímos em uma longa viagem de Jeep (Willys Overland), por volta de Novembro de 1951: meu pai (Rev. Oscar), minha mãe (Edith), meu irmão Flávio e, naturalmente, eu (as meninas, Priscila e Eliane, só nasceram bem depois). Na data já tinha oito anos completos. Era um hominho. Por isso, não levei o meu Dudu, the Puff. Não ficava bem.

Saímos de Maringá, fomos até Campinas, visitar minha Avó Angelina (materna) e minha Tia Alice (única irmã sobrevivente de minha mãe), e, naturalmente, meu Avô Juca, meu Tio Anello e meus primos Anellinho e Márcia (os outros, Mário, Élcio e Anelice, não haviam ainda nascido). Ficamos vários dias em Campinas – não sei quantos. De Campinas fomos para Patrocínio, visitar meu Tio Raul (irmão do meu pai), minha Tia Catarina (mulher dele) e meus primos Irene, Idília e Edmar. Também não sei quantos dias ficamos lá, mas me lembro muito bem do sítio (chamado de “Retiro”) do meu tio. Lá visitamos meu tio Aldo (irmão mais novo do meu pai). De Patrocínio fomos até Belo Horizonte, visitar minha Avó Alvina (paterna), minha tia Dulce (irmã do meu pai), meu tio Mauro (irmão do meu pai, boêmio, seresteiro, dançarino, pintor, poeta, engenheiro agrônomo… – de longe o mais bonito e fascinante dos meus tios [embora não o mais querido: aqui a taça vai para o Tio Anello mesmo]. Acho que o Tio Mauro era ainda casado com a Tia Esther naquela época. Depois se separaram e, muito tempo depois, ele se casou com a Terezinha – mas nunca a chamei de tia… De Belo Horizonte voltamos para Campinas.

A complicação toda aconteceu nessa hora.

Já era 1952 e (supostamente porque eu já tinha oito anos e nem havia ainda começado a escola, por ser a escola de Maringá muito ruim) o meu pai arrumou sua transferência da Junta de Missões Nacionais, que o colocava sempre na fronteira, abrindo igrejas, para o Presbitério de São Paulo, ao qual pertencia a Igreja de Santo André, que precisava de um pastor. Na minha memória, a mudança foi assim, abrupta: um dia estava tudo certo que iríamos voltar para Maringá, no outro estava resolvido que iríamos ficar em São Paulo, morando em Santo André. Provavelmente as coisas não se deram assim de forma tão abrupta – mas na minha memória, foi assim que elas aconteceram.

Com isso, meu pai resolveu voltar sozinho para Maringá, para buscar nossa mudança. Nós ficaríamos com a Avó Angelina e a Tia Alice, esperando o seu retorno. Criança não apitava nada naquela época. Não tinha nem direito de dizer “Não se esqueça do meu ursinho…”

Pois é… Meu pai foi meio radical. Vendeu quase tudo, para comprar coisa nova em Santo André. Com essas e outras, meu ursinho não veio. Provavelmente foi dado para alguém ou deixado por lá. Só sei que sumiu. Evanesceu (se é que há esse verbo em Português – em Espanhol, sei que há). Na minha memória, quando perguntei ao meu pai o que havia acontecido com o Dudu, the Puff, ele nem soube dizer. O ursinho estava além das preocupações dele. Lembro-me de ter sido repreendido por ficar preocupado com coisas tão pequenas quando coisas tão importantes estavam acontecendo. De qualquer maneira, disse, qualquer hora ele me compraria outro.

Isso foi em 1952. Faz cinqüenta e oito anos. Meu pai morreu em 1991. Nunca comprou o ursinho que iria substituir o meu Dudu, the Puff.

Uma vez contei essa história para a Paloma. E ela deve tê-la registrado lá em algum lugar daquela memorinha prodigiosa dela. (E eu pensava que eu tinha memória boa…)

Em Londres, um dia, quando a Paloma saiu passear sozinha, passou pela Disney Store, e lá me comprou um Winnie, the Pooh. Exclusivo da Disney. Lindo de morrer. Parecidíssimo com o meu Dudu, the Puff. Só que muito mais lindo ainda. E muito mais fofo, como apenas os materiais atuais permitem construir esses bichinhos de pelúcia…

É verdade que a Paloma se afeiçoou ao bichinho, também, que passou a ser não só meu, mas nosso. Mas até isso é bom. Agora compartilho o meu brinquedo. Há mais gente para cuidar dele… Assim, a chance de ele se perder é menor. Ele tem ficado juntinho de nós na cama, à noite, e em cima dela, durante o dia.

Amor, obrigado. Você é linda – e muito sensível. “Thoughtful”, é o termo certo. Obrigado mesmo.

IMG_6398 
Ele não é lindo, de verdade? Não me importa que o nome que está na etiqueta (na orelha) diga que ele se chama Winnie, the Pooh. Para mim, ele é o Dudu, the Puff, redivivo. Até porque Dudu é o meu nome de avô, que me foi dado pelo meu primeiro neto, o Gabriel.

Edu

No Porto, em 24 de Janeiro de 2010

How I see what I do today

I – Preamble

I am a philosopher by training, and perhaps my understanding of what I do sounds a bit grandiose because of this…

Philosophers are supposed to be focused on analyzing, reflecting, knowing instead of acting. Karl Marx once said that philosophers have analyzed the world, but it is necessary to change it…

I don’t doubt it is necessary to change the world – and I consider education a powerful way of doing it.

But for this to happen, education must be action-oriented.

In this vein, I agree with an English philosopher – Herbert Spencer, 1820-1903 – who said:

“The great aim of education is not knowledge but action”

This assertion is not meant to deny that analysis, reflection, and knowledge ought to precede action…

II – What I do (in more general aspects)

I see myself in the business of rethinking education and reinventing schooling, something I consider necessary because of fundamental changes in the context in which we live.

1. Rethinking education involves mostly:

      • Listing and integrating (systematizing) the changes in the context
      • Showing why these changes force us to rethink education and reinvent schooling
      • Show in which direction education and learning ought to be reconceptualized

2. Reinventing schooling involves creating a model that deals with:

      • Proposing a pedagogical vision (curriculum, methodology, assessment) and ways of implementing it
      • Redefining the kind of professionals that are able to implement this vision and how they are prepared
      • Identifying / creating materials, resources and tools
III – What I do (more specifically)

More precisely, I have concentrated my attention mostly on the first sub-item of item 2 and have been working on:

1. Curriculum:

      • What is there to be learned? Curriculum as a set of learning expectations / What "learnings" are of most worth
      • Focus on capacities / competencies / skills >>> what people ought to be able to do (know-how, savoir-faire)
      • Not only 21st-Century Skills, much less Digital Skills, but every sort of basic competency (some of which have been valued for a long time…)

2. Methodology:

      • How are competencies developed? What is the best way for people to acquire / build competencies?
      • Focus on how people learn best
      • Active, Interactive, Collabora(c)tive, Hands-on, Project-based, Contextual (Just in Time), Modular (Just-Enough)

3. Assessment:

      • How to assess the development of competencies?
      • Clearly define them operationally
      • Specify evidence / indicators of their presence / mastery / development
      • Observe, interact, challenge to see if these evidences are present

Em Londres, 17 de Janeiro de 2010

O primeiro Natal de que eu (mais ou menos) me lembro

Não sei se o primeiro Natal de que eu me lembro foi realmente no dia de Natal… Não me lembro muito bem dos detalhes. Mas algumas coisas ficaram bem gravadas em minha memória.

Em primeiro lugar: onde foi?

Disso não tenho dúvida. A lembrança é clara. Foi no casarão de madeira, com sótão, em que morávamos, na zona rural de Marialva, PR. Essa casa tem posição privilegiada em minha memória. Há várias fotos dela espalhadas pelas relíquias da família. Parece aquela casa de Psicose (filme de Alfred Hitchcock, com Anthony Perkins e Janet Leigh (mulher do Tony Curtis e mãe da Jamie Leigh Curtis). Era numa chácara e ficava bem distantezinha do centro de Marialva. Era cercada com arame farpado ou balaústres, não me lembro direito. Ali havia cachorros, cavalos e, naturalmente, galináceos à vontade. Um dos nossos cavalos, o preferido de meu pai, um cavalo entre branco e baio, era o Galaor (nome que ele deu ao cavalo em homenagem ao cavalo do jovem Pardaillan em Les Pardaillans, de Michel Zévaco). E me lembro bem dos pés de mamona. Havia muitos.

Não tenho a menor idéia de por que os meus pais resolveram morar ali naquele fim de mundo, Não havia nenhum vizinho próximo. Nem mesmo olhando da janela do sótão a gente via sequer uma casa pelas redondezas. Só mato. Meu pai viajava muito (em geral a cavalo) para ir pregar nas igrejas do “campo missionário” dele. E minha mãe ficava ali sozinha, apenas com uma mocinha que ajudava. E eu, naturalmente. Mas, no caso de perigo, eu mais atrapalhava do que ajudava. Imagino que ela deve ter sentido muito medo…

Pois a lembrança que tenho de meu primeiro Natal é a de um Natal que se passou ali, naquele casarão da chácara de Marialva.

Em segundo lugar: quando foi?

De algumas coisas não tenho dúvida, mas elas não se encaixam direito. Lembro-me, como se fosse hoje, que meu irmão, o Flávio, era pequenininho, de colo. Na verdade, recém-nascido. De colo mas não do jeito que um guri de oito meses é de colo: de colo do jeito que um nenê de um mês é de colo.

É aqui que as coisas não se encaixam direito. Meu irmão nasceu cinco dias antes do Natal – em 20 de Dezembro de 1946. Mas nasceu em Campinas, não em Marialva. Minha mãe foi para Campinas, “quando chegaram os dias em que deveria dar à luz” (como diz o Novo Testamento), algo que pretendera fazer no meu caso, também, mas eu fui mais apressado e nasci no interiorzão, mesmo, em Lucélia, SP. O Flávio nasceu na Rua José Paulino, 254, entre o Centro e a Ponte Preta, em Campinas, no casarão do Seu Chico (cheio de duendes no jardim). No dia 20 de Dezembro. Então é literalmente impossível que o primeiro Natal de que me lembro tenha sido exatamente no Dia de Natal de 1946… Por isso disse, lá em cima, que não sei se o primeiro Natal de que eu me lembro foi realmente no dia de Natal…

Em terceiro lugar: quem estava junto?

Estavam comigo naquele Natal, minha mãe, meu pai, o Flávio, e, surpreendentemente, o meu avô e a minha avó maternos, Juca e Gina (José e Angelina) – lá em Marialva!!! Disso também não tenho dúvida. Lembro-me claramente da cena deles chegando (ele, como sempre, de terno e gravata), depois abrindo as malas, tirando os presentes. Para mim havia uma bola e uma piorra, daquelas com listras coloridas que fazem um zunido gostoso quando a gente roda.

Como se vê, as imagens não se encaixam direito. O dia de Natal de 1946, propriamente dito, em que eu tinha três anos e dezoito dias, a gente claramente deve ter passado em Campinas. Mas não me lembro absolutamente nada desse dia – embora me lembre relativamente bem do caos de cinco dias antes, quando o meu irmão nasceu… Na pressa e na bagunça, esqueceram de mim – e eu assisti ao nascimento do Flávio de camarote, em posição privilegiada, de pezinho, olhando pelo vão horizontal do pé da cama…

Imagino que o seguinte tenha acontecido.

O Flávio nasceu no dia 20/12/46. Algumas semanas depois (não devem ter sido muitas) meus pais voltaram para Marialva, levando-nos com eles. Alguns dias depois meu avô e minha avó chegaram para ajudar minha mãe (então com 22 anos) – e trouxeram os presentes de que me lembro tão bem.

Acredito, portanto, que o primeiro Natal de que me lembro não tenha sido em 25/12/1946, mas algum dia no início de 1947… Mas a data exata não é tão importante quanto o fato de que aquilo de que me lembro era Natal. Natal pelos presentes. Duplamente Natal, por causa da chegada do meu irmão (então bem zinho).

Naquela ocasião eu, como um petiz de três anos, bem menor do que o meu neto Marcelinho é hoje, não sabia grande coisa acerca do nascimento de Jesus e do sentido que o Natal tem para os cristãos. Para mim, desde então, o Natal ficou sendo um dia em que a gente ganhava presentes e os avós chegavam… Presentes eram raros e escassos naquela época. E a convivência com os avós, mais rara e escassa ainda.

Meus avós Juca e Gina morreram em 1967 e 1968, respectivamente, Hoje eu sou o avô. E o Marcelinho, meu neto de quatro anos e oito meses, vem (com a mãe dele) almoçar comigo e com a Paloma hoje. Compramos, a Paloma e eu, uns presentinhos para ele – escolhidos por ele mesmo no dia 20/12 (dia do aniversário do Flávio!!!) na RiHappy do Shopping Villa Lobos em São Paulo. Ele vem com a Patrícia, minha filha, e o Matheus, o namorado dela.

Quando a gente tem três ou quatro anos em geral é feliz – sem o saber (como dizia Ataulfo Alves na música Tempo de Criança: “eu era feliz e não sabia). Quando a gente fica mais velho, e se torna avô,,fica consciente da felicidade – da felicidade regular e constante que consiste em estar com quem se ama, em estar relativamente bem de saúde, em estar relativamente bem de finanças, em estar de bem com a vida. E dos momentos especialmente felizes que emolduram e realçam essa felicidade regular e constante.

Nos últimos quarenta dias tive três desses momentos especialmente felizes que realçaram e emolduraram a felicidade do meu cotidiano.

O primeiro foi proporcionado pela decisão da Patrícia de, com o Marcelinho e o Matheus, vir passar o aniversário dela, no sítio, de 20 a 22 de Novembro, comigo e com a Paloma. Foi a primeira vez que estivemos juntos nós cinco aqui no sítio – com a companhia também da Bianca, da Priscilla, do Flávio e do Flavinho (que enriqueceram sobremaneira esse momento feliz).

O segundo foi proporcionado pela decisão da Patrícia de, novamente com o Marcelinho e o Matheus, ir passar um fim de semana conosco (comigo e com a Paloma) em São Paulo, nos dias 19 e 20 de Dezembro. No dia 19, sábado à noite, fomos à casa do Flávio, meu irmão, celebrar com ele e com minhas irmãs, mais um aniversário dele. (A Inês, mulher do Flávio, o Flavinho e o César, filhos dele, este acompanhado da Juliana, mulher dele, e do Gabriel, filho dele e, portanto, neto do Flávio, estavam lá também, bem como a Eliane, minha irmã mais nova, o João, marido dela, e o Vítor, filho dela; a Priscila (com um “l” só), minha outra irmã, já havia estado durante o dia e não foi à noite). No domingo, dia 20, nós — a Patrícia, o Marcelinho, o Matheus, a Paloma, a Bianca, a Priscilla e eu – fomos à Chácara Santa Cecília almoçar (na verdade, um brunch). De lá fomos ao Shopping Villa Lobos, onde compramos os presentinhos de Natal do Marcelinho, da Priscilla e da Bianca.

O terceiro será proporcionado hoje, daqui a pouco, se Deus quiser, com a chegada novamente da Patrícia, do Marcelinho e do Matheus, bem como do Flávio, da Inês, do Flavinho, e da Priscila, minha irmã, para almoçar conosco neste Dia de Natal de 2009.

Como se vê, há constantes.

Há a Paloma, meu amor, minha companheira, minha amiga, minha parceira de trabalho, e o fio condutor responsável pela constância da minha felicidade nos últimos tempos, que não só faz parte de minha felicidade regular e constante do dia-a-dia mas esteve ao meu lado nesses três momentos especiais. Há a Patricia e o Marcelinho de novo do meu lado, agora sem que eu precise estar sozinho para estar com eles – com a companhia sempre alegre e divertida do Matheus. E há o Flávio e o Flavinho, dupla de pai e filho como eu nunca vi igual, irmão e sobrinho do mais alto calibre. Todos nós, sete no total, estivemos juntos em todos esses três momentos especialmente felizes que emolduraram e adornaram a minha felicidade regular e constante nos últimos quarenta dias.

Além disso, o Flávio estava presente também naquele primeiro Natal de que me lembro, nos idos de 1947, sessenta e três anos e pouco atrás, lá em Marialva. Era novinho, novinho, mas estava lá. Dos que estavam juntos naquele Natal só restamos nós dois, ele e eu. (Meu pai morreu em 1991 e minha mãe no ano passado).

Obrigado a vocês todos por estarem aqui comigo, do meu lado, neste Natal de 2009. Obrigado também àqueles que não estiveram comigo fisicamente em todos esses momentos especiais, mas que, eu sei, estiveram comigo em espírito e coração, como a Eliane, o João, o Vítor, o Diogo, a Priscilla, o Rodrigo, meu filho, o Gabriel, meu neto, a Andrea, minha outra filha, o Rick, marido dela, e a Olivia e a Madeline, filhas deles.

Em “O Canto da Coruja”, em Salto, 25 de Dezembro de 2009 (com pequenos acréscimos e correções em 27 de Dezembro de 2009)

Fotos digitais

Comprei um novo disco rígido externo, de 2.5”, conexão USB, com 500 GB (0.5 TB) de capacidade, para guardar minhas fotos digitais – pelo menos para tentar guardá-las – todas em um disco só… Já tentei fazer isso no passado, sem muito sucesso. As fotos se multiplicam feito praga…

Mas descobri coisas interessantes…

Minha primeira câmera digital foi uma Sony Mavica, que usava disquete de 3.5” como meio de armazenamento, A resolução máxima da câmera era 640×480 pixels. Cabiam mais ou menos vinte fotos por disquete. Custou-me mil dólares.

As primeiras fotos tirei em 4 de Julho de 1999 – há cerca de dez anos e meio. Tirei nada menos do que 323 disquetes cheios de fotos – mais de seis mil fotos. (Para ser preciso, 6.470 fotos).

As primeiras fotos (tiradas em 4/7/1999, como disse) foram de minha filha mais velha, Andrea, e de meu genro Rick. Eles moram nos Estados Unidos, mas as fotos foram tiradas aqui no Brasil – no Belvedere da Estrada de Campos de Jordão, chegando em Campos, com aquele magnífico vale lá embaixo, onde hoje estão duas escolas Lumiar… O Belvedere e o vale foram extremamente importantes em minha vida nove anos depois. São ainda. Nunca vou me esquecer, nem do Belvedere, nem do magnífico vale ao qual o Belvedere se abre, e onde fica o Lageado – bairro rururbano de Santo Antonio do Pinhal, cidadezinha simpática que fica incrustada na Serra da Mantiqueira.

As últimas fotos foram tiradas quase quatro anos depois, em 22/4/2003, no dia exato do casamento de minha filha mais nova, a Patrícia, com o Rubens – de quem ela se separou no ano passado. Nelas estou com aquela fantasia de pai de noiva, terno, colete, aquele colarinho altinho… e muito, mas muito magro mesmo – fazia um pouco mais de um ano apenas que eu havia sofrido meu enfarte. Com o enfarte eu perdi uns 15 quilos em cerca de dois meses.

Minha primeira foto depois do enfarte foi tirada nos Estados Unidos, na casa da Andrea, no dia 15/05/2002, exatamente dois meses e meio depois do acontecimento (que se deu em 01/03/2002). Eu estou segurando a Olivia, filha mais velha da Andrea, que nasceu no dia 11/03/2002, dia em que saí do hospital. Dois meses depois eu estava nos Estados Unidos para visitá-la.

Tudo isso, e muito mais, foi registrado com a minha velha Mavica – hoje, literalmente, uma peça de museu.

Minha segunda câmera digital foi uma Sony CyberShot P72. Comprei-a no início de Maio de 2003, nos Estados Unidos, por ocasião de uma segunda visita à Olivia, agora já com mais de um ano. A câmera já usava um Memory Stick como meio de armazenamento e tinha uma resolução bem melhor: 3.2 Megapixels. A primeira foto tirada com ela foi, naturalmente, da Olivia, no dia 08/05/2003 (o dia 8/5 era o dia do aniversário de minha avó Angelina, mãe da minha mãe). Ela (a Olivia) está linda, linda, com seus olhos azulíssimos…

Imediatamente depois dessa viagem, que se deu nos primeiros dez dias de Maio de 2003, voltei aos Estados Unidos, para o Global Leaders Forum, em meados do mesmo mês. No dia 17/5 fiz um pequeno discurso, como parte do keynote speech da Vice-Presidente Corporativa da Microsoft, Maggie Wilderotter, que fez o lançamento mundial do Programa "Partners in Learning" ("Parceiros na Aprendizagem", em Português), para cujo International Advisory Board havia sido convidado por Greg Butler. Ao final de minha fala apresentei um vídeo de uns cinco minutos do então Ministro da Educação Cristóvam Buarque.

A última foto tirada com a Sony CybersShot P72 foi tirada no dia 24/03/2004, em San José, Costa Rica, onde eu estava para uma reunião da Caribbean and Central American (CCA) Division da Microsoft, da qual eu era consultor para a implementação do programa "Partners in Learning" ("Allianza por la Educación", em Espanhol). A câmera não durou muito tempo comigo. Começou a dar problemas – e eu a abandonei… Mas essa última foto tem o número 3262. Isso quer dizer que, com a minha primeira e a minha segunda câmera digital, juntas, tirei quase dez mil fotos. (No dia 23/4 ganhei da Microsoft Puerto Rico um tablet computer, marca Compaq. Ainda brinco com ele de vez em quando). Lá, no dia 25/3, fiz um dueto de "Silencio" com minha amiga Yolanda Ramos, então gerente de educação da Microsoft para toda a região. Não conseguimos ultrapassar Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo, mas saiu bem… (Para ver e ouvir Ferrer e Portuondo [vale a pena], vá até o YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=6VzsT5OswHk&feature=related).

Há uma lacuna neste ponto nos meus arquivos. De 24/03/2004 minhas fotos pulam para 06/06/2004, dois meses e meio depois… Não sei se eu não tirei nenhuma foto de 24/03/2004 até 06/06/2004 (hoje parece impossível que não o tenha feito), ou se eu tirei fotos e de alguma forma as perdi em algum dos meus cerca de vinte e cinco discos rígidos externos… De qualquer forma, quando as fotos reaparecem, eu já estou na minha terceira câmera digital…

Desta vez foi uma Canon PowerShot A200, também de 3.2 Megapixels. Ganhei-a da própria Canon, através da University of Virginia, em Charlottesville, VA, um dia antes de eu tirar a primeira foto (06/06/2004). Meu amigo Glen Bull, diretor do Center for Technology & Teacher Education da Universidade, foi quem conseguiu que a Canon doasse uma câmera dessas para cada um dos trinta participantes da Digital Storytelling Workshop. Eu era um deles. Foi uma experiência fabulosa, que produziu o meu filminho "Gabriel e eu" (vide http://contaoutra.net). Participei da workshop como parte de meus deveres de consultor do Programa "Partners in Learning" no Caribe e na América Central.

A primeira foto que tirei com a Canon PowerShot A200 foi do próprio Glen Bull — gente finíssima (sinto fazer tanto tempo que o vi pela última vez). A última foto tirada (antes de eu dar a câmera para o meu neto mais velho, o Gabriel) foi tirada no dia 29/05/2005, um ano e pouco depois. É do Marcelinho, meu neto, com o Rubens, pai dele. Foi tirada no meu sítio, em Salto. O Marcelinho, que nasceu em 06/04/2005, tinha menos de dois meses. É a foto de número de 6.662 com essa câmera.

Com o Canon PowerShot A200 tirei fotos em Campinas (onde morava), Salto (onde tenho o sítio), Jundiaí (onde o Rodrigo, meu filho, morava), Santo André (onde minha mãe morava e meus irmãos ainda moram), Rio das Ostras, João Pessoa, Charlottesville, Monticello (onde morou Thomas Jefferson, um dos meus heróis), Panama City, Mexico City, Caracas, Quito, Lima, Santiago, Valparaíso, Viña del Mar, Tokyo, Taipei, Victoria (BC, Canada, uma das cidades mais lindas que já me foi dado conhecer), Orlando, New Orleans, Phoenix, Seattle, Bellevue, Redmond, Chicago, Cleveland, Cortland (onde a Andrea mora)… Viajei bastante em menos de um ano: de 06/06/2004 a 29/05/2005. Talvez tenha sido o período de doze meses em que mais tenha viajado na vida… Quase não parei no Brasil.

Minha quarta câmera digital foi novamente uma Sony. Desta vez uma Sony CyberShot P200, de 7.2 Megapixels, preta, lindinha. Ainda a temos e usamos hoje. A Paloma é quem a usa mais, desde que eu comprei minha quinta câmera digital, sobre a qual falarei mais adiante…

Comprei a Sony CyberShot P200 nos Estados Unidos. A primeira foto foi tirada em 11/07/2005, e os fotografados foram a Patrícia, minha filha mais nova, segurando o Marcelinho, filho dela e meu neto, então com três meses (nasceu, como já disse, em 06/04/2005).

A última foto tirada com a câmera antes de eu mudar para a nova câmera (a quinta) foi tirada no dia do trigésimo quarto aniversário da Paloma, 15/05/2009. Os fotografados fomos a Paloma e eu. A foto tem o número 31040. A festa foi no Salão de Festas do edifício onde moramos na Chácara Klabin.

Ao todo, portanto, foram 31.040 fotos em um pouco menos de quatro anos, com essa câmera.

A câmera sofreu um acidente quando viajávamos, a Paloma e eu, pela Europa, em Janeiro deste ano. Estávamos em Zürich, a temperatura estava uns sete graus abaixo de zero, e eu estava com luvas de couro. Fui tirar a câmera do bolso do casaco para fotografar uma linda torre de igreja, e a derrubei no calçamento de paralelepípedos. Ela ficou virtualmente desmontada. Com muito cuidado, eu a fui remontando, e não é que a dita cuja voltou a funcionar normalmente? Bem: normalmente, não. No estágio seguinte da viagem, em London, a câmera começou a inserir uma mancha quase no meio das fotos. Fiquei encasquetado. Mas um dia dei um tapa nela e a mancha sumiu. Acho que era uma sujeirinha que havia se acomodado nos mecanismos de "visão" da câmera. Com o tapa, a sujeirinha deve ter mudado de lugar. Do tombo só sobraram uns arranhõezinhos na parte externa.

A minha quinta câmera digital eu comprei nos Estados Unidos (na Grande Washington, DC), dias antes de eu, a Paloma, a Bianca e a Priscilla sairmos em férias nos Estados Unidos, no último mês de Junho. É uma Canon EOS Rebel XSI D-SLR – uma belezinha que sempre cobicei. Comprei-a com uma lente de alcance normal (18-55 mm) e uma telefoto (55-250 mm). Ela tira fotos com até 12 Megapixels. Custou os mesmos mil dólares que a Sony Mavica havia me custado dez anos antes (quase no dia).

A primeira foto com a nova câmera foi tirada no dia 30/06/2009, quase exatamente dez anos depois da primeira foto com a Sony Mavica (que foi tirada em 04/07/1999). O fotografado foi abajur do nosso quarto no Sheraton, em Reston, VA. (Estava testando a câmera…) A última foto, a de número 4.782, foi tirada no dia 21/11/2009, véspera do aniversário da Patrícia, e os fotografados foram a Patrícia, o Marcelinho, o Matheus, a Priscilla e a Raphaella jogando (algum tipo de jogo)no chão da sala no sítio, em Salto. Não sei por que não tirei nenhuma foto com ela no dia seguinte, 22/11/2009, dia do trigésimo quarto aniversário da Patrícia – e um dia em que fiquei muito feliz por ela ter decidido passar comigo e com a Paloma no sítio. O meu irmão, Flávio, e o seu filho, meu sobrinho Flavinho, também estiveram lá. A Bianca e a Priscilla, e sua amiga Raphaella, também estavam no sítio na ocasião.

Resumindo, do dia 04/07/1999 até  o dia 21/11/2009 foram tiradas, com câmeras minhas, 52.216 fotos digitais, assim distribuídas:

06470 – Sony Mavica
03262 – Sony CyberShot P72
06662 – Canon PowerShot A200
31040 – Sony CyberShot P200
04782 – Canon EOS Rebel XSI D-SLR
52216 – Total

Fora essas fotos, foram tiradas inúmeras fotos digitais com telefones (Motorola, Nokia, Samsung, meus e da Paloma). E a Paloma continuou a tirar fotos com a Sony CyberShot P200, que não contabilizei aqui, por se sobreporem, no tempo, à era da Rebel. E provavelmente tenho umas 40.000 fotos (estimativa com base no número de arquivos) copiadas de câmeras de terceiros (especialmente parentes e amigos, mas também de fotógrafos a serviço da Microsoft).

É uma coisa incrível: uma média de cinco mil fotos por ano – bem mais de dez por dia, na média. Com a Rebel, tirei quase cinco mil fotos em cinco meses… Uma média de mil por mês, mais de trinta por dia!!! Por aí.

Onde vamos parar com isso? Depois de tirar tanta foto, sobrará tempo para apreciá-las, para lembrar os bons momentos, para curtir a vida vivida?

Em São Paulo, 17 de Novembro de 2009

Quinto Aniversário deste Space

Passa da meia-noite. Já estamos no dia 2 de Dezembro. É o dia do quinto aniversário deste space. Fica o registro aqui para agradecer os que já se manifestaram.

Dias atrás deixei um post que de certo modo historia parte desses cinco anos de vida. Se você tem interesse na gênese deste space, em especial do blog, por favor, leia.

Obrigado por me acompanhar aqui.

Em São Paulo, 2 de Dezembro de 2009.

Cinco anos deste space (e um pouco de história de vida)

No dia 2 de Dezembro, daqui a dias, este space comemora cinco anos de vida.

Quando chegarmos lá, serão, ao todo, sessenta meses, mais de mil e oitocentos dias…

Dos sessenta meses, só em dois (Abril de 2005 e Outubro de 2006) não escrevi nada no blog.

Em compensação, em dois meses (Agosto de 2007 e Agosto de 2008) escrevi vinte artigos no mês. Na verdade, Agosto parece ser o meu mês mais prolífico: a média de artigos nos cinco meses de Agosto foi de 15.73.

Ao todo foram 480 artigos (481 com este) no blog, o que dá uma média mensal de oito artigos. Isso não contando os spaces filhotes, dos quais há varios…

Também criei, nesse período, nada menos do que quarenta albuns de fotografia… E criei listas de filmes favoritos, com um pequeno resumo, o meu “credo liberal”, e outras coisas mais… E cada um tem seus albuns de fotografias.

O começo deste space foi modesto, em 2 de Dezembro de 2004. Criei-o por sugestão da Márcia Teixeira, amiga querida e, naquela época, Gerente de Educação da Microsoft no Brasil. (Hoje a Márcia trabalha na sede latinoamericana da Microsoft em Fort Lauderdale, FL, EUA).

Nessa ocasião eu estava na região de Seattle, WA, nos Estados Unidos, com a Ana Teresa Ralston, que trabalhava com a Márcia Teixeira no Grupo de Educação da Microsoft Brasil. Estávamos fazendo um treinamento, conduzido por Lester Joseph Foltos, na Puget Sound Center for Teaching, Learning and Technology, perto da sede da Microsoft, na grande Seattle (a sede da Microsoft é numa cidadezinha chamada Redmond, perto de uma cidade um pouco maior, chamada Bellevue, que fica perto de Seattle…).

Eis uma foto de uma reunião que tivemos na região de Seattle (Meadowdale Elementary School), na qual Peer Coaching era amplamente utilizado.

Passamos estudando Peer Coaching uma semana no Puget Sound Center – semana que foi cheia de frutos. Um dos frutos foi trazer “Peer Coaching” (batizado como “Aprender em Parceria”) para o Brasil – para apliçação, a partir de 2005, depois de sofrer várias modificações que o “tupiniquizaram” um pouco…

Um outro fruto dessa semana foi o início de um romance bonito entre a Ana Tereza e o Les. Sou amigo dos dois, gosto muito deles, e sinto que circunstâncias complicadas envolvendo filhos, trabalho e uma distância de mais de 10.000 km não tenham permitido que esse amor tivesse a continuidade natural que romances bonitos como esse normalmente têm… Estivemos, a Paloma e eu, com o Les, no início deste mês, em Salvador, e com a Ana Tereza, no final do mês (ante-ontem), em uma reunião da Comunidade Praxis, realizada no Colégio Dante Allighieri, em São Paulo. Abaixo, uma foto da Paloma com a Ana e o Les (e um figurante — sorry, Alexandre…), tirada em 8 de Junho de 2005 – as circunstâncias são explicadas adiante:

Alexandre, Ana, Eu e Les

Les Foltos veio ao Brasil pelo menos duas vezes em 2005, para ministrar formação para educadores brasileiros. A primeira vez foi em Fevereiro (de 14 a 18), a outra em Junho (de 7 a 10). Em ambas as ocasiões veio acompanhado por Shelly, A formação foi ministrada em duas fases de uma semana cada (cinco dias úteis). Ambas as fases foram ministradas no Information Technology Academy Center (ITAC) da Microsoft, nas dependências do Bradesco Information Technology (BIT) da Fundação Bradesco (FB) em Campinas. (O BIT foi fundado nas dependências da antiga Fazenda Sete Quedas, de Amador Aguiar, que já abrigava a Escola da Fundação Bradesco em Campinas. O BIT fica no km 3,5 da Rodovia SP-73, antiga Estrada Campinas-Indaiatuba).

Entre a primeira e a segunda fase da formação ministrada por Les Foltos começamos a multiplicar, por nós mesmos, a formação da primeira fase…

De 10 a 12 de Maio (2005) fizemos um primeiro ensaio no SENAC da Lapa (Rua Tito, 54). Ali oferecemos a primeira parte da formação para um grupo seleto de educadores que já possuíam algum envolvimento com a Microsoft. Ana Tereza Ralston e eu (que vinha adaptando o material para as condições brasileiras) coordenamos uma equipe constituída por Mônica Gardelli Franco (hoje Assessora da Vice-Presidência da TV Cultura) e Luciana Maria Allan (hoje Diretora Executiva da ONG Instituto Crescer para a Cidadania). Elas ministraram essa primeira experiência, que contou com uma fala da Ana e outra minha, apresentando a metodologia original e as mudanças feitas aqui no Brasil. 

Eis algumas das pessoas que participaram, como “vítimas”, dessa experiência do Aprender em Parceria brasileiro:

Paloma Epprecht e Machado (depois de passar pela Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo e pelo Instituto Lumiar, é hoje
autônoma no CENPEC, na Fundação Bradesco e no Instituto Crescer para a Cidadania – e minha mulher, companheira, parceira…)

Mary Grace Martins (depois de passar pela Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo é hoje consultora autônoma e uma das sócias da ONG Instituto Paramitas,com vários clientes espalhados pelo Brasil)

Rose Benedita da Silva (hoje Diretora de escola na Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo)

Teresa Cristina Jordão (hoje consultora autônoma e uma das sócias da ONG Instituto Paramitas)

Cláudia Stippe (hoje consultora autônoma, trabalhando na TV Cultura e na Microsoft, e uma das sócias da ONG Instituto Paramitas)

Cláudio André (hoje no Ministério da Educação)

Rubem Paulo Saldanha (depois de passar pelo Instituto Ayrton Senna, pela Microsoft e pela TV Cultura, está agora Gerente de Educação da Intel Brasil)

Márcia Padilha Lotito (hoje no Instituto para o Desenvolvimento e a Inovação Educativa (IDIE) da Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e da Fundación Telefónica)

Sonia Bertocchi (ainda no CENPEC)

Nelli Mengalli (atualmente na Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, na Coordenadoria de Ensino do Interior – CEI)

Gilda Piorino (atualmente na Secretaria Estadual de Educação, na Coordenadoria de Ensino do Interior – CEI)

José Carlos (JC) Antonio (atualmente na rede estadual de São Paulo e no CENPEC)

Carla Massaretto (por favor, se ler, me informe!)

Érika Neves Oliveira (por favor, se ler, me informe!)

De 31 de Maio a 3 de Junho (ainda 2005) essa formação ministrada no SENAC da Lapa foi repetida, desta vez no ITAC, da Fundação Bradesco, para professores da Fundação Bradesco. A equipe responsável foi novamente constituída por Mônica Gardelli Franco e Luciana Allan, mas agora com o apoio de Mary Grace Martins, Paloma Epprecht e Machado, Nelly Mengalli e Erika Neves Oliveira. As “vítimas”, neste caso, como já dito, foram professores da Fundação Bradesco (que, é bom que se diga, continuam replicando o programa internamente até hoje).

De 7 a 10 de Junho (ainda 2005) o Les Foltos ofereceu, no ITAC, a segunda parte de sua formação, para quem havia feito a primeira fase, ou com ele, em Fevereiro, ou na experiência interna do SENAC da Lapa.

Essas três ocasiões – 10 a 12 de Maio, no SENAC da Lapa, 31 de Maio a 3 de Junho, e 7 a 10 de Junho, ambas no ITAC – vieram a ser muito importantes para mim. Nelas passei momentos importantes com a Paloma. Na realidade, foram nossos primeiros momentos juntos. (A gente já havia se encontrado, entre 25 e 27 de Agosto de 2004, no TechEduc@tion, em São Paulo, onde dei uma palestra. A Mary Grace nos apresentou. Mas esse encontro foi rápido demais para me deixar uma impressão. Depois disso, só nos encontramos no SENAC da Lapa, onde ela chegou com a motocicleta dela. Chamou-me a atenção, primeiro, o fato de que uma moça tão linda e tão doce pudesse ser motoqueira…).

No dia 11 de Maio de 2005 a Paloma e eu saímos juntos numa foto, pela primeira vez, almoçando na calçada de um restaurante em frente ao SENAC da Lapa (com um monte de outras pessoas).

Na formação ministrada no ITAC, a Paloma tirou algumas fotos de mim (e de várias pessoas). Gosto, em especial, de uma em que estou na frente de um painel lindo da Microsoft (em que meninos brincando numa árvore imaginam que estão pilotando um avião a jato…).

Eu mal imaginava, naquela ocasião, que ali, em Maio e Junho de 2005, estava nascendo um grande amor – que só iria desabrochar cerca de três anos depois, quando trabalhávamos juntos no Instituto Lumiar… Mas foi a impressão daqueles encontros de 2005 que me fez lembrar dela quando, em Julho de 2007, precisei escolher alguém para trabalhar comigo no Instituto Lumiar…

O restaurante em que almoçamos no dia 11 de Maio na Lapa era chamado Cacilda, e ficava na mesma rua do SENAC, a Rua Tito, no número 237. O nome do restaurante se justifica porque o Teatro Cacilda Becker fica na mesma rua, no número 295.

Eis a foto do nosso almoço, com a Paloma sentadinha do meu lado, tirada não sei por quem, com a câmera da Paloma, e três fotos do restaurante, em si, essas retiradas do site do restaurante, que pode ser visitado em http://www.cacildabarerestaurante.com.br.

EC e PC SENAC Lapa 20050511

Cacilda Bar e Restaurante

Cacilda Bar e Restaurante 02

Cacilda Bar e Restaurante 03

Esta é a foto que a Paloma tirou de mim em Junho no ITAC em 2 de Junho, na frente do painel do “avião”:

EC ITAC 20050602

Como se pode ver, estou com barba… E estava mais magro…

O painel era uma versão gigantesca desta foto:

Microsoft 04

Nessa mesma data, a Paloma tirou al
gumas fotos de mim dando uma entrevista. Eis uma delas:

EC entrevista ITAC 20050602 - 1

Na semana seguinte, foi a vez de a Paloma ser fotografada na frente de um dos painéis – este um painel de crianças pretendendo estar tocando numa “orquestra”:

PC ITAC 20060609

Desse sorriso, nunca mais me esqueci…

É esta a foto que virou o painel que está atrás da Paloma:

Microsoft 01

Eis aqui, finalmente, nessa seqüência, uma foto da  Paloma com a Mary e a Rose (as duas melhores amigas dela, que também eram minhas amigas e viraram nossas “madrinhas”), tirada na segunda fase da formação do Les, em Campinas, no Meliá Comfort, em 31 de Maio de 2005:

Uma linda amizade!

As três estão muito lindas…

[PS 1 – Escrevi a maior parte deste post no dia 26 de Novembro de 2009, Dia de Ação de Graças… Escrevi, nesse dia, o seguinte no FaceBook: “Thanksgiving Day… Dia de Ação de Graças. Feriado, nos Estados Unidos. Aqui, não. Que cada um procure, em introspecção, as grandes e pequenas coisas pelas quais deve ser grato, e que manifeste essa gratidão de alguma forma”.  Eu sou muito grato por essa história de amor semi-relatada aqui, no bojo da história do blog… E por muito mais.]

[PS 2 – Ouço, agora, com a Paloma, na madrugada de 27 de Novembro de 2009, no Programa do Jô, uma cantora portuguesa fabulosa: Mariza. É fadista, mas cantou uma música brasileira com perfeição e com uma emoção altamente contagiante… Ver http://www.mariza.com/]

[PS 3 – O Rubem Paulo elogiou minha memória no FaceBook… Isso me fez lembrar de que ela não é tão boa assim, e que muitos dos fatos e nomes aqui relatados, e quase todas as fotos, foram contribuições voluntárias e valiosas da Paloma… ela sim, com uma memória prodigiosa.]

Em São Paulo, na madrugada de 27 de Novembro de 2009

Hebe Camargo – Uma homenagem

Gosto da Hebe Camargo. Mais do que isso: sou fã dela. Há muito tempo. Muito antes de ela ser apresentadora famosa. Desde o tempo, no início dos 50, quando ela cantava, uma vez por semana, ao vivo, no Programa Manoel da Nóbrega, na Rádio Nacional de São Paulo, por volta das 12:20 das quintas-feiras, com a locução de Sílvio Santos: “Hoje é quinta-feira, dia de nosso encontro com Hebe Camargo!!!” Vinham cerca de dez segundos de papo e ela cantava. As canções eram sempre lindas, a voz deliciosa, a interpretação impecável.

Ontem ganhei da Paloma um conjunto de dois CDs que têm o título de “Elas Cantam Roberto Carlos”. A primeira música do primeiro CD é “Você não sabe”, cantada – cantada simplesmente não: magistralmente interpretada – pela Hebe. A melodia é magniífica e a letra, então, um primor.

Transcrevo a letra, uma obra prima de declaração de amor, para quem não teve o privilégio de lê-la devagar, sorvendo-a:

Você Não Sabe

Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Você não sabe quanta coisa eu faria,
Além do que já fiz.
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz…

Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos,
Encontraria uma palavra que não existe,
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor!

Você não sabe que os anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não.
E eu sempre digo sim…
E, ainda que a realidade me limite,
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz…

Você só sabe
Que eu te amo tanto…
Mas, na verdade,
Meu amor, não sabe o quanto…
E, se soubesse, iria compreender
Razões que só quem ama assim pode entender!

Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu…
Você não sabe até onde chegaria
Amor igual ao meu

Mas se preciso for
Eu faço muito mais,
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz!

É isso.

Em São Paulo, 25 de Outubro de 2009