Os analfabetos funcionais escolarizados

Inacreditável.

60% das pessoas com sete anos de escolaridade não conseguem entender o que lêem. É o que mostra reportagem publicada na Folha de domingo comentada por Fernando de Barros e Silva na Folha de hoje (27/Jul/2010).

Fernando de Barros e Silva chama a atenção para ainda outra pesquisa.

"Imagine que você está lendo a seguinte recomendação médica: ‘Tomar com o estômago vazio 1 hora antes da refeição ou 2-3 horas após a refeição’. E que deve responder depois a seguinte pergunta: ‘Se você fosse almoçar às 12h e quisesse tomar a medicação antes do almoço, a que horas deveria tomá-la?’. De cada quatro pessoas, uma é incapaz de responder corretamente a uma questão como essa."

Isso significa que o número de reais analfabetos — analfabetos funcionais — é bem maior, no Brasil, do que os 21% da população apontados pelo IBGE, que aparentemente considera analfabeto funcional apenas quem tem menos de quatro anos de escolaridade. Se 60% das pessoas com sete anos de escolaridade não conseguem entender o que lêem num texto relativamente simples, como o da recomendação médica mencionada, estamos perdidos.

Nenhuma nação se torna desenvolvida com índices como esses.

O problema tem repercussões sérias em todos os níveis.

Entrevista do diretor da Escola Politécnica da USP na CBN, ontem, esclareceu que, no Brasil, há 180 mil vagas disponíveis anualmente nos cursos de Engenharia. Dessas, 150 mil são preenchidas. Dos 150 mil que entram nos cursos de Engenharia, só se formam 30 mil (ou seja, 20%). E boa parte dos que concluem o curso são muito mal formados, não só nas disciplinas de Engenharia, como nas disciplinas básicas: não há como contrátá-los. Se alguém os contratasse, teria de deixá-los em formação por um bom tempo antes de lhes confiar alguma tarefa. 

É por isso que o Brasil tem deficit de engenheiros. Para o Pré-Sal, a Petrobrás procura engenheiros capacitados e não os encontra.

É o fim da picada.

As razões para a perda de 80% dos alunos dos cursos de Engenharia são várias. Essa perda acontece nos cursos melhores, das universidades gratuitas, porque os alunos não conseguem acompanhar aquilo que é ensinado nas aulas. Nas escolas mais fracas, particulares, tenta-se ajustar o nível de ensino à capacidade dos alunos, mas mesmo assim muitos não conseguem acompanhar — e dos que conseguem, muitos deles não conseguem pagar as altas mensalidades.

Enfim. Em breve seremos a quinta economia do mundo, segundo dizem os entendidos. Mas continuaremos a ser uma nação de sub-desenvolvidos, com um IDH que nos coloca entre nações que não têm o nosso potencial em termos de tamanho geográfico, população, recursos naturais.

Eis o artigo do Fernando de Barros e Silva.

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<a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2707201003.htm">http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2707201003.htm</a&gt;

Folha de S. Paulo

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Educação sem remédio

SÃO PAULO – Os indicadores positivos estão na moda no Brasil, mas o país sempre insiste em nos lembrar que o buraco é mais embaixo.

Imagine que você está lendo a seguinte recomendação médica: "Tomar com o estômago vazio 1 hora antes da refeição ou 2-3 horas após a refeição". E que deve responder depois a seguinte pergunta: "Se você fosse almoçar às 12h e quisesse tomar a medicação antes do almoço, a que horas deveria tomá-la?". De cada quatro pessoas, uma é incapaz de responder corretamente a uma questão como essa. É o que conclui a pesquisa do neurologista Ricardo Nitrini, após entrevistar 312 adultos alfabetizados (com graus diferentes de instrução formal) que acompanhavam pacientes no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Como mostrou reportagem da Folha no domingo, entre as pessoas com até sete anos de estudos, quase 60% não conseguiram entender o que liam. Foram, em tese, alfabetizados, mas não compreendem o significado do que está escrito. São "analfabetos funcionais".

O IBGE contabilizou, em 2008, 21% de analfabetos funcionais no país. Seriam aqueles com menos de quatro anos de escolaridade. Vários estudos, porém, apontam que o índice de analfabetismo funcional é, na realidade, bem mais alto. Quantos brasileiros entram e saem do ensino médio (o antigo colegial) sem alcançar o estágio da compreensão elementar de um texto?

O crítico literário Antonio Candido escreveu em 1970 (lá se vão 40 anos!) um ensaio muito importante:  "Literatura e Subdesenvolvimento". Ali, equacionava o drama do analfabetismo e dizia que, numa sociedade como a nossa, a alfabetização não iria criar na mesma proporção leitores de literatura, mas, antes, "atirar os alfabetizados, junto com os analfabetos, diretamente da fase folclórica para essa espécie de folclore urbano que é a cultura massificada".

São linhas incrivelmente atuais. De lá para cá, será que o problema se agravou ou estamos melhorando?

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Em São Paulo, 27 de Julho de 2010

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Critical Thinking Skills

1. The Scope of Critical Thinking: Mere Thinking, Critical Thinking, Creative Thinking, Problem Solving


A. Thinking


Thinking is the process of using our mind to consciously consider something.

The object of thinking (the “something” that is consciously considered by the mind) can be basically anything: natural and social external reality, our own internal or mental reality, or even whether there is a supernatural reality and what it is like.

Thinking can even be reflexive, i.e., have itself as its object.

Thinking that has anything but itself as its object, is first-order thinking; thinking that has itself as its object is higher-order thinking.

As to the manner of thinking, it can be extended, attentive and careful or it can be fleeting, distracted and careless, or anything in between.

B. Critical Thinking


Critical thinking is, as a rule, extended, attentive and careful, not fleeing, distracted and careless.

Critical thinking has the following additional characteristics:

First, it has thinking itself as its object, and, therefore, is a higher-order, reflective sort of thinking;

Second, the objective of critical thinking is to determine, analyze and assess the epistemic credentials of what people think.

Third, since thinking expresses itself primarily in language, critical thinking can be seen primarily as thinking (with the stated objective) about what people say.

Fourth, when not explicitly expressed in language, thinking can often be inferred from action, since action is not mere, unthinking behavior, but behavior preceded by thinking (decision and sometimes deliberation), and therefore critical thinking can also be seen as thinking (with the stated objective) about what people do.

Thus, critical thinking is thinking about thinking, with objective of determining, analyzing and assessing the epistemic credentials of what people think, be this thinking explicitly manifested in what they say or inferred from what they do.

When speaking of critical thinking one often includes not only the process of evaluating thinking but also the value of the commitment to do so.

C. Creative Thinking


Creative thinking differs from critical thinking in having, as its object, something that does not yet exist in reality but the existence of which is considered desirable, valuable or useful.

Since creative thinking is a form of thinking, critical thinking can have creative thinking as its object, critical creative thinking not being an impossible expression.

D. Problem Solving


Problem solving is thinking that is aimed at solving a problem of a practical or theoretical nature.

Problem solving can be directed at problems caused by factors other than thinking or at problems caused by thinking.

When directed at problems caused by thinking, problem solving could be seen as a form of critical thinking.

But problem solving necessarily involves creative thinking as well, being perhaps best classified as a form of critical creative thinking.

E. Critical Thinking as a Skill


Even though we are born with an incredible capacity to learn, including the capacity to, in the appropriate social context, acquire and master language, make effective communication possible, we are not born with the capacity to thinking critically. This capacity is an acquired skill that has to be developed through education. Even in the course of human history the conditions that made critical thinking possible and even mandatory did not emerge all at the same time: they evolved gradually through time.

F. References

1. http://www.criticalthinking.org/

2. http://www.k12academics.com/educational-psychology/critical-thinking

3. http://www.k12academics.com/educational-psychology/critical-thinking/common-definitions-used-critical-thinking-activities

4. http://www.csicop.org/si/show/critical_thinking_what_is_it_good_for_in_fact_what_is_it/

5. http://en.wikipedia.org/wiki/Critical_thinking#cite_note-0

6. http://philosophy.hku.hk/think/critical/

7. http://philosophy.hku.hk/think/critical/ct.php

8. Critical Thinking by Brooke Noel Moore (Kindle Edition – Jul. 22, 2008) – Kindle Book

9. Critical Thinking: A Concise Guide by Gary Kemp (Kindle Edition – Aug. 3, 2009) – Kindle Book

10. Critical Thinking: A Concise Guide, Second edition by Gary Kemp (Kindle Edition – Mar. 20, 2007) – Kindle Book

11. Critical Thinking: Tools for Taking Charge of Your Professional and Personal Life by Richard W. Paul and Linda Elder (Kindle Edition – June 13, 2002) – Kindle Book

12. Critical Thinking for Helping Professionals: A Skills-Based Workbook by Eileen Gambrill and Leonard Gibbs (Kindle Edition – Mar. 25, 2009) – Kindle Book

13. The Ultimate Guide to Innovative Thinking – How to Solve Problems Quickly and Decisively by Betty Andre (Kindle Edition – May 9, 2010) – Kindle Book

14. The Critical Thinking Community: http://www.criticalthinking.org/

15. Critical Thinking Web: http://philosophy.hku.hk/think/ – Online tutorials and teaching material on critical thinking.

16. Critical Thinking: What Is It Good for? (In Fact, What Is It?) by Howard Gabennesch, Skeptical Inquirer magazine.

17. Foundation For Critical Thinking – A large library of articles, research, assessment instruments, etc.

18. The Watson Glaser Critical Thinking Appraisal – An independent critical evaluation

19. Encouraging Critical Thinking Online – A set of free teaching resources from the gateway site Intute

20. What "Critical" means in "Critical Thinking" by Donald Jenner

21. Critical Thinking Means Business – A guide to developing critical thinking ability by Pearson

22. Critical-thinkers.com blog – Articles, tips and resources to improve your thinking

23. Critical thinking at the Open Directory Project

2. The Evolution of Critical Thinking as Skill


A. Critical Thinking Before the 21st Century


Although some authors consider critical thinking a 20th century phenomenon, critical thinking has existed at least since the invention of philosophy in Greece in the second half of the last millennium before the Christian era. But it became an important skill that was placed as one of the main objectives of education only in the latter portion of the 20th and the beginning of the 21st century.

B. Critical Thinking and Language


Critical thinking is inevitably tied to language, which is the main form in which thinking expresses itself. But it was with the invention of writing, especially alphabetic writing, that it became possible to register one’s thinking for wider distribution, including for posterity, that conditions were created that would soon make philosophy, and with it critical thinking, possible.

C. Critical Thinking and Logic


But it was the invention – or, if the term is too strong, the systematization – of logic, by Aristotle, that really brought critical thinking into life: Aristotle basically created the argumentative use of language, upon which critical thinking depends.

D. Critical Thinking and Information


Critical thinking requires thinking as its object, and thinking is expressed mostly through language. Linguistic information (in oral or written form) is the main focus of critical thinking. However, critical thinking can be focused on non-verbal sounds images (static or moving) as well.

E. Critical Thinking and Communication


Although critical thinking in purely individual contexts is possible, critical thinking thrives where communication is easy and open, since effective analysis and evaluation of ideas often involve – even require – dialogue, discussion and mutual criticism.

F. Critical Thinking in the Late 20th Century


The role of information and communication in critical thinking explains why it began to thrive, as an activity and as one of the goals of education, at more or less the same time when the world faced an information and communication explosion.

G. Critical Thinking and Technology


Since this explosion is closely related to the emergence of digital information and communication technologies, the role of these technologies in critical thinking became quite important, given the unprecedented access to information to information and communication that this technology provides.

3. Methods and Tools of Critical Thinking


As it became evident in the previous section, the main tools for critical thinking, now grouped by affinity, are:

A. Language


Language has many uses. The main ones are to:

  • Communicate and convey information;
  • Express sentiments;
  • Argue, convince and persuade;
  • Evoke feelings;
  • Command, counsel, and suggest;
  • Perform acts and rituals.
  • The first three are the uses that are most relevant to critical thinking. When we convey information, express sentiments, and argue we use declarative statements that can be true or false. Language used to evoke feelings, command and perform acts cannot properly be said to contain statements that can be true or false. In critical thinking the objective is to evaluate thinking expressed in statements that can be true or false. Evaluation, in this case, means assessment of the epistemic credentials of a statement: determine and evaluate the evidence or the arguments used to support truth claims.

    B. Logic


    Logic is the science of evaluating arguments as to their validity or invalidity.

    Arguments are composed of sets of statements, in which one is the thesis (the conclusion) and the others are the premises (the epistemic support for the conclusion).

    In arguments, premises and conclusion must be statements that are either true or false.

    An argument is valid when, if its premises are true
    , its conclusions cannot (logically) be false. This means that the conjunction of the truth of the premises and the falsity of the conclusion is a contradiction in a valid argument. This means that validity is a formal concept that does not have anything to do with the truth or falsity of the premises of an argument.

    Thus, a valid argument can, in fact, contain statements that are either false or undetermined as to the truth value.

    A valid argument that in fact contains all true premises (and, therefore, a true conclusion) is called a sound argument. Logic does not have principles to determine the truth or falsity of statements, but it does have complex rules for evaluating the validity or invalidity of arguments. An unsound argument either is invalid or has at least one false premise.

    C. Information


    What we call verbal information consists of (oral or written) declarative statements. In a context, such as the Information Society, where we have information overload, there are many more possibilities for the exercise of critical thinking.

    Since critical thinking has as its objective the evaluation of thinking expressed in language, and our society is overloaded with information, we have here the main reason why critical thinking became to central to our society and one of the most important goals of education.

    D. Communication


    If information provides most of the input for critical thinking in the Information Society, communication is the main tool for achieving it, since it is a necessary condition for collaborative discussion and debate, which are essential to critical thinking.

    E. Information and Communication Technologies


    Given the centrality of information and communication processes in critical thinking, it is no wonder that information and communication technologies are also central tools to it.

    F. References

    1. Methods of Critical Thinking:

    http://www.k12academics.com/educational-psychology/critical-thinking/methods-critical-thinking

    2. Assessment and Teaching of 21st-Century Skills: http://www.atc21s.org/home/

    3. Critical Thinking Skills for Education Students by Elaine McCreery (Kindle Edition – Feb. 24, 2010) – Kindle Book

    4. The Socratic Method and its Effect on Critical Thinking – An article at the Socratic Method Research Portal

    5. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in World Languages by Grete Pasch and Kent Norsworthy (Kindle Edition – Nov. 30, 2000) – Kindle Book

    6. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in World Literature by Roxanne M. Kent-Drury (Kindle Edition – Mar. 30, 2005) – Kindle Book

    7. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in the Sciences by Carolyn M. Johnson (Kindle Edition – Aug. 30, 2003) – Kindle Book

    8. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in Government, Economics, and Contemporary World Issues by James M. Shiveley and Phillip J. VanFossen (Kindle Edition – Sept. 30, 2001) – Kindle Book

    9. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in Geography by Martha B. Sharma and Gary S. Elbow (Kindle Edition – Sept. 30, 2000) – Kindle Book

    10. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in History by Kathleen W. Craver (Kindle Edition – Oct. 30, 1999) – Kindle Book

    11. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in History: Washington Tackles the Yugoslav Conflict by Danielle S. Sremac (Kindle Edition – Oct. 30, 1999) – Kindle Book

    12. Using Internet Primary Sources to Teach Critical Thinking Skills in History: Generals, Knowledge, and Warfare in Early Modern Europe, 1680-1740 by Erik Lund (Kindle Edition – Oct. 30, 1999) – Kindle Book

    13. The Critical Thinking Community Bookstore: http://www.criticalthinking.org/bookstore/

    4. Critical Thinking and Education: How to Develop and Improve Critical Thinking Skills


    It is difficult to question that information is an essential ingredient of the educational process. What became questionable in the 21st century was the thesis that the main role of education is to transmit information to the students – “content delivery” (“content” being understood primarily as information organized according to disciplinary criteria that reflect academic specialization. Since, today, an unprecedented amount of information is readily available on the Internet, there seems to be little justification to spend large sums of information simply to transmit information from one generation to the other.

    Given this fact, which became more and more evident at the end of the 20th and the beginning of the 21st century, the focus of education began to change from information transm
    ission to capacity building – that is, to skill and competency development.

    There is no doubt that conventional education had basic skill development as one of its goals. After all, learning how and read and write and how to deal with numbers, quantities, formulas, shapes, patterns, etc. involves the development not only of various skills but also of extremely complex competencies.

    However, many of the skills and competencies that became important in 21st-century society were not covered – or were insufficiently or inadequately covered – in the conventional educational systems of the 20th century. Hence the idea to promote 21st-century skills as part – probably the central core – of the curriculum. And critical thinking has been included in every list of 21st-century skills suggested.

    There is ample agreement that conventional teaching – centered on teacher-led lecturing and exposition – is not an effective method to help students develop skills and competencies (21st-century or any other). There is considerable agreement, as well, that problem-oriented, project-based and inquiry-led collaborative methodologies provide such method. Hence, the conclusion that the best way to develop and improve skills – including and especially critical thinking – is through this methodology, which involves:

  • Access to information or search for information
  • Information management (organization, storage, retrieval, preservation of the integrity and security of information, etc.)
  • Analysis, evaluation and processing of information
  • Interpersonal communication
  • Public communication (dissemination of information to the general public by audiovisual and written means)
  • Critical discussion and debate of information
  • These information and communication processes are, today, closely dependent of digital technology (but many of them were dependent of conventional technologies, such as print, photography, telephone, cinema, radio and television). And they are essential for the development of critical thinking skills.

    Hence the importance that problem-oriented, project-based and inquiry-led collaborative methodologies have assumed at the present.

    References

    1.

    http://www.k12academics.com/educational-psychology/collaborative-learning

    2. http://www.educationlabs.com/projects/collaborativelearning/Pages/default.aspx

    3. Becoming a Critically Reflective Teacher by Stephen D. Brookfield (Kindle Edition – Oct. 13, 1995) – Kindle Book

    4. Classrooms That Work: Teaching Generic Skills in Academic and Vocational Settings by C Stasz (Kindle Edition – Jan. 25, 1993) – Kindle Book

    5. Critical Squares: Games of Critical Thinking and Understanding by Shari Tishman and Albert G. Andrade (Kindle Edition – May 15, 1997) – Kindle Book

    6. Differentiating With Graphic Organizers: Tools to Foster Critical and Creative Thinking by Patti Drapeau (Kindle Edition – Sept. 26, 2008) – Kindle Book

    7. Information Literacy and Technology Research Projects: Grades 6-9 by Norma Heller (Kindle Edition – Feb. 15, 2001) – Kindle Book

    8. Making Questions Work: A Guide to How and What to Ask for Facilitators, Consultants, Managers, Coaches, and Educators by Dorothy Strachan (Kindle Edition – Nov. 28, 2006) – Kindle Book

    9. Philosophy in the Classroom: Improving Your Pupils – Thinking Skills and Motivating Them to Learn by Ron Shaw (Kindle Edition – Jan. 23, 2009) – Kindle Book

    10. Socratic Circles: Fostering Critical And Creative Thinking In Middle And High School by Matt Copeland (Kindle Edition – Mar. 1, 2005) – Kindle Book

    11. Spoofing and Proofing the Classics: Literature-Based Activities to Develop Critical Reading Skills and Grammatical Knowledge by Keith Polette and Nancy Polette (Kindle Edition – Feb. 28, 2007) – Kindle Book

    12. Students as Researchers by Shirley (Ed.) Steinberg (Kindle Edition – Dec. 7, 2002) – Kindle Book

    13. The Beanstalk and Beyond: Developing Critical Thinking Through Fairy Tales by Joan M. Wolf (Kindle Edition – Aug. 15, 1997) – Kindle Book

    14. Tricky Thinking Problems: Advanced Activities in Applied Thinking Skills for Ages 6-11 by Jan Langrehr (Kindle Edition – Jan. 9, 2009) – Kindle Book

    In São Paulo, on June 18, 2010, transcribed on July 11, 2010
    © Eduardo Chaves

    É preciso ensinar a criança a brincar, ou sempre brincar com ela???

    Importante artigo de Rosely Sayão na Folha de hoje, para brindar o início das férias de meio de ano no Brasil. Férias dos filhos, é bom que se diga. Porque para os pais, o período é complicado, porque, além de seus afazeres regulares, têm de lidar com crianças que, fora da escola, não sabem o que fazer, porque se acostumaram a só fazer coisas em ambientes em que a ação programada. Nas férias ficam como baratas tontas, perguntando “Mãe/pai, o que eu faço?” As férias, que deveriam ser o período de crianças felizes, por terem a liberdade de fazer o que querem, se torna o período de crianças entediadas, porque desaprenderam a brincar sozinhas sem a orientação de um adulto.

    O problema é sério. Fui professor de Filosofia da Educação I durante 32 anos no primeiro semestre do Curso de Pedagogia, na UNICAMP. Ali estavam as alunas (95% dos alunos eram mulheres) ingressantes, novinhas (17-18 anos), sem saber direito por que estavam ali, o que queriam da vida.

    Filosofia da Educação I, na UNICAMP, era uma Introdução à Filosofia da Educação, uma matéria que permitia que a gente estudasse quase qualquer coisa relacionada com a educação e a aprendizagem. Eu começava perguntando às alunas o que (relacionado com a educação e a aprendizagem) elas gostariam de estudar durante o semestre. Ninguém sabia. Quando eu pressionava, e demonstrava minha incredulidade de que elas não pudessem dizer uma só coisa que gostariam de estudar e aprender durante o semestre, elas retorquiam: “Sei lá, ué… Você é o professor”. Em outras palavras, quem sabe o que elas devem estudar e aprender é o professor. Elas estudam e aprendem qualquer coisa que o professor escolher. Mesmo quando têm liberdade para escolher, falta-lhes autonomia para escolher, falta-lhes o desejo de protagonizar a própria aprendizagem.

    Elas são, alguns anos depois, os alunos que, hoje, nas férias, vão ficar perguntando aos pais o que devem fazer para se divertir, os que, sem uma indicação direta dos pais, às vezes optam por vegetar na frente da TV ou mesmo dormir, na cama e com cobertor (aproveitando a estação) durante o dia quase inteiro. Se os pais estão em casa, são solicitados a levar os filhos a algum lugar: ao shopping, ao cinema, etc., porque eles não sabem bricar, sozinhos, em casa, não têm o gosto pela leitura solitária e prazerosa, não sabem pegar um vídeo e assistir, sozinhos, a um filme: alguém tem de assistir ao filme com eles.

    Onde estão as crianças que adoravam as férias porque nas férias podiam ler um monte de livros que não estavam entre aqueles cuja leitura era exigida pela escola? Onde estão as crianças que tinham prazer em estar a sós consigo mesmas, longe de um monte de gente, longe até mesmo dos pais e dos irmãos?

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    Folha de S. Paulo
    29 de Junho de 2010

    ROSELY SAYÃO
    roselysayao@uol.com.br

    É tempo de criança entediada


    As férias mostram que os filhos não sabem mais brincar sozinhos, por responsabilidade absoluta dos seus pais


    QUANDO AS FÉRIAS escolares se aproximam, muitos pais já sabem aquilo que os espera. Como os filhos não sabem brincar sem a direção dos adultos, acabam não sabendo como preencher o seu tempo livre .

    Então, vão atrás dos pais em busca de ajuda; isso acontece, inclusive, quando os pais estão em horário de trabalho. Ah! Esse telefone celular que acabou com todas as portas fechadas entre pais e filhos…

    Hoje, as crianças não sabem mais brincar sozinhas: elas não sabem o que querem fazer, não sabem do que gostam, não têm curiosidade em explorar o que as circunda. E isso acontece por nossa inteira responsabilidade. Desde quando criança precisa aprender a brincar? Pois, agora, elas precisam.

    Desde pequenas, acostumamos as crianças com a presença de um adulto responsável, inclusive e principalmente, por entretê-la. Quando pais contratam babás, querem alguém que tenha paciência de brincar com a criança por horas e horas, mais do que cuidar dela.

    As escolas de educação infantil, de um modo geral, seguem mais ou menos o mesmo esquema. Do momento em que a criança entra na escola até o final do período, têm atividades previamente programadas. Como se não bastasse tudo isso, desde que nascem as crianças têm à sua disposição uma infinidade de brinquedos de todos os tipos e cores, que produzem os mais variados sons etc. Os pais fazem isso com boa intenção, mas o exagero na quantidade de brinquedos produz o efeito oposto do que pretendiam: em vez de interessar a criança, esse arsenal de objetos lúdicos acaba por cansá-la e fazer com que não tenha interesse real por nenhuma daquelas coisas.

    Ter brinquedos não garante à criança o ato de brincar e ter muitos a leva a não dar atenção a nenhum. E não temos reclamado da atenção dispersa, mais tarde?

    Quem vê uma criança brincar por muito tempo com um de seus brinquedos? Em geral, o comportamento dela é o de pegar e descartar vários, muito rapidamente. É bom lembrar que quando a criança tem muitos brinquedos não tem nenhum deles porque, ao pular de um para o outro, não consegue construir uma brincadeira.

    Temos criado, dessa maneira, crianças que se entediam com muita facilidade.

    As férias são uma boa ocasião para os pais saírem da cena tipicamente infantil. Claro que isso não significa abandonar a criança, já que ela teve poucas oportunidades de ser empreendedora em suas brincadeiras. Dar algumas pistas, lançar poucos desafios são exemplos de ofertas que não gerenciam, tampouco desamparam a criança em sua demanda.

    Conheço uma mãe que tem conseguido, não sem esforço, levar sua filha a criar suas brincadeiras e ficar bastante tempo interessada nelas. Sua atitude pode servir de inspiração, mas não de modelo.

    Ela sugeriu à garota, de pouco mais de oito anos, que construísse uma "caça ao tesouro", brincadeira bem conhecida das crianças.

    A garota ficou totalmente concentrada na atividade porque a mãe dissera que, se as charadas fossem fáceis, ela não brincaria com a filha. A estratégia da mãe funcionou: a filha ficou ligada na brincadeira e a mãe gastou pouco mais de 10 minutos, à noite, para participar com a filha e fazer a sua parte.

    Digo e repito: temos feito uma grande confusão na convivência com as crianças. Fazemos o que não precisa ser feito e deixamos de fazer o que é imprescindível. Já é hora de revertermos esse quadro.

    ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha) blogdaroselysayao.blog.uol.com.br

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    Em São Paulo, 29 de Junho de 2010

    Sobre a arte de desaprender

    Está terminando o congresso de que eu vim participar aqui em Lincolnville, perto de Northport, perto de Camden, perto (2h de distância) de Portland, em Maine. Um dos lugares mais bonitos que eu já tive o privilégio de visitar, no alto de um morro, vendo uma baía do Atlântico que é toda sinuosa e cheia de volteios, dando a impressão de ser mais um conjunto de lagos do que parte do mar. O ambiente é agreste. Coelhos, esquilos, tâmias (chipmunks), tartarugas estão por todo lugar. À noite, no chalé, escuto um monte de piados, miados e chiados que nunca escutei. 

    O congresso foi sobre “1:1 Computing”Um Computador por Aluno, ou, Um Computador por Criança. Ou, como eu prefiro, “Anytime, Anywhere Learning” (que é o nome da fundação que organizou o evento, comandada por meu amigo Bruce Dixon, educador australiano). Conheço o Bruce desde 2003. Na verdade, lembro-me do dia que nos vimos pela primeira vez: 31 de Março de 2003, no Opus Hotel, em Vancouver, Canada. Quem nos aproximou foi o Greg Butler, também educador, também australiano, meu amigo há mais tempo (desde 2000) e do Bruce há muito mais tempo.

    Ao me convidar para o congresso o Bruce especificamente me solicitou que fosse um provocador, um perturbador da ordem, um fator desestabilizador, alguém que tira os participantes de sua zona de conforto. Fiz um pouco disso nos dois primeiros dias do congresso, mas hoje, no painel final, deixei de lado os slides que havia preparado e falei extemporaneamente, na base da “inspiração do Espírito”. Teve gente que adorou, mas teve também quem não gostou.

    Meu primeiro ponto foi o seguinte. Parti de uma afirmação feita pelo Bruce em um congresso anterior de que participamos juntos. Disse ele que o pior cenário possível, na área de tecnologia aplicada à educação, seria a gente conseguir colocar um computador nas mãos de cada aluno, e a educação continuar do mesmo jeito que antes, não mudando nada em termos de conceito, visão, teoria e prática (englobando visão de educação e conceito de aprendizagem, teoria e prática de currículo, metodologia, e avaliação, bem como novos ambientes de aprendizagem, nova forma de gestão, etc.). Um cenário como o contemplado pelo Bruce é, para a educação escolar, pior do que um cenário em que os alunos não têm computador. A MENOS QUE os alunos possam levar os computadores para casa e usá-los em seu tempo extra-escolar – para qualquer finalidade que lhes seja de interesse, porque daí eles estarão aprendendo, não-formal e extra-escolarmente.

    Esse o meu primeiro ponto.

    Meu segundo ponto foi o seguinte. Todo mundo na área de tecnologia aplicada à educação fala sobre a necessidade de mudanças na educação escolar e vai além: afirma que não bastam mudanças parciais, incrementais, graduais, reformadoras, evolutivas – as mudanças precisam totais, sistêmicas, em paralelo, transformadoras, revolucionárias. E todo mundo afirma que essas reformas, que mudam o paradigma, e vão levar a educação escolar para além do modelo industrial, são urgentes…

    No fundo, todos nós sabemos que é verdade o que diz Jay Allard:

    “Para mudar o mundo, precisamos imaginá-lo diferente do que é hoje. Se, nessa visão, usarmos muito do conhecimento e da experiência que nos trouxeram até aqui, terminaremos exatamente onde começamos… Para ter um resultado diferente, temos de olhar as coisas de uma perspectiva radicalmente diferente.” (J Allard, Ex-Vice-Presidente da Microsoft, Business Week, 4 Dez 2006, p.64).

    No entanto, quando se vê o que os proponentes de mudanças transformadoras na educação pretendem fazer, quase nada é radical e a mudança total, sistêmica, etc. passa longe. O paradigma continua o mesmo.

    Ou vejamos.

    Exemplo 1.

    Todo mundo diz que o professor será o “gateway”, o portão de entrada, para a nova educação e insiste que, antes de tudo, precisamos criar novos programas de desenvolvimento profissional para professores, para que eles consigam transformar a escola atual em uma escola diferente. Mas quem garante que a escola do futuro, transformada, terá professores, como os conhecemos? Na realidade, quem garante que a educação do futuro terá escolas, como as conhecemos? Ivan Illitch vinha, já há muito tempo, insistindo na desescolarização da sociedade. E ele propôs isso muito antes de a tecnologia transformar a nossa sociedade em uma sociedade da informação, do conhecimento, da aprendizagem – na verdade, em uma sociedade aprendente (learning society).

    Exemplo 2.

    Todo mundo fala na necessidade de desenvolver “conteúdo digital” para que os alunos do futuro tenham materiais com os quais trabalhar através de suas maquininhas. Mas na maior parte dos casos o conteúdo digital não passa do mesmíssimo conteúdo dos nossos livros impressos atuais, só que em formato eletrônico, às vezes até digitalizado. É apenas para isso que serve a tecnologia digital, para que a gente leia na tela o que antes lia em papel?

    Exemplo 3.

    Os “smartboards” são anunciados como tecnologia da escola do futuro. Será que alguém realmente acredita que lousas digitais vão transformar radicalmente a educação? Afinal de contas, elas ainda são lousas! E para que serve uma lousa quando cada um tem um computador?

    Em suma: não somos radicais o suficiente em nossa imaginação da escola do futuro.

    Esse o meu segundo ponto.

    Meu terceiro ponto foi o seguinte. Existe bastante observação pessoal, evidência de pesquisa, e argumento racional que comprova a tese de que as crianças (e os adultos talvez ainda mais) aprendem a maior parte das coisas que sabem, e que sabem fazer, e virtualmente a totalidade das coisas realmente importantes que precisam saber e saber fazer, sem que alguém as ensine (como professores ensinam as coisas na escola).

    Uma criança pequena, nos primeiros meses, aprende a reconhecer padrões sofisticados de natureza visual e auditiva que lhe permitem reconhecer o rosto e a voz de seus pais, irmãos, demais parentes, e amigos próximos. Como ela aprende a fazer isso ninguém sabe, mas que ela aprende, aprende. E essa é uma competência importantíssima na vida: reconhecer padrões que nos permitem identificar a identidade dos outros por sua face e por sua voz. E ela a desenvolve sem que ninguém a ensine.

    Uma criança pequena, no primeiro ano de vida, aprende a se equilibrar nas duas pernas e a andar, e, em pouco tempo mais, está correndo, saltando, subindo escadas, virando piruetas, etc. E ela aprende a fazer isso sem que ninguém a ensine.

    Talvez o maior feito de aprendizagem de uma criança a pequena é aprender a reconhecer e a usar a linguagem. Ela aprende primeiro que determinados sons têm significado, e, logo depois, aprende a emitir esses sons com o significado certo. Leva algum tempo para que uma criança consiga dominar os músculos da face, especialmente os da boca e da língua, para emitir os sons de forma clara e precisa, e para que ela desenvolva um vocabulário que lhe permita se comunicar sem maiores problemas com colegas e com adultos. Mas ao final do seu quarto ano ela está bastante apta nesse mister. E aprende a usar a linguagem sem que ninguém a ensine.

    Algumas crianças até conseguem se alfabetizar, lá pelos cinco anos, logo depois de dominar o básico da linguagem oral, sem que ninguém as ensine.

    Alguém contesta isso? É inegável que a criança aprende tudo isso porque vive em sociedade, tem ajuda técnica e apoio emocional da família, etc. Mas quem aprende é ela, e o que a família faz não é ensinar em nenhum sentido que se assemelhe ao sentido de ensinar no contexto escolar. A família apóia e incentiva e, no que pode, facilita o seu aprendizado.

    Imaginemos como alguém ensinaria uma criança a andar da maneira que se ensinam outras coisas na escola. Andar é um processo complexo, diria o professor, pois requerer força física nas pernas, equilíbrio e movimento através do espaço. Para andar, é preciso primeiro desenvolver a musculatura das pernas, para que elas possam sustentar o resto do corpo. Vamos fazer alguns exercícios para fortalecer, primeiro a perna direita, depois a esquerda. Agora vamos praticar o equilíbrio. Equilíbrio é um conceito interessante… [E assim vai]. Uma vez alcançado o equilíbrio, é preciso aprender a se movimentar, sem cair ao solo. Isso se faz deslocando o peso do corpo, primeiro, para uma perna, liberando a outra. Isso feito, a outra é levantada do solo e movida na direção em que se deseja andar. Isso feito, transfere-se o peso do corpo para a perna que acabou de ser movida, libera-se a outra, e faz-se a mesma coisa com a perna que havia ficado para trás, fazendo com que, no movimento, ela vá além da posição em que se encontra a primeira perna movimentada. Vamos praticar isso. Muito bem. Na aula que vem vamos discutir como o cérebro dá comandos para que transfiramos o peso do corpo para uma perna, para que levantemos uma perna, para que a movamos na direção desejada, etc. Esse é um assunto muito interessante. Mas para discutir isso teremos um professor convidado, especializado em neuropsicologia.

    Será que a gente aprenderia a andar desse jeito?

    Vou poupar os leitores de uma descrição semelhante de uma aula para ensinar a criança a falar… John Holt uma vez disse que se ensinássemos as crianças a falar, da mesma forma que ensinamos outras coisas na escolas, elas nunca aprenderiam…

    Sugata Mitra, hoje da Universidade de New Castle, na Inglaterra, provou (quando ainda morava na Índia) que crianças indianas pobres, de 6 a 12 anos, aprenderam a usar o computador sem nenhum ensino. Tem provado muito mais, na mesma direção, desde então. Procurem na Internet o seu nome e o seu experimento original: “The Hole in the Wall”. Ele estava presente no congresso e fez uma palestra impressionante.

    Seymour Papert, que também esteve no Congresso, e conversou por mais de uma hora com Sugata, uma vez escreveu que o necessário, nos dias atuais, em que as mudanças acontecem de forma extremamente rápida, não é conseguir que as crianças aprendam a fazer o que lhes foi ensinado. Quando elas forem fazer isso, provavelmente as circunstâncias já mudaram tanto que ninguém está interessado naquilo que elas aprenderam fazer. (Alguma empresa contrata alguém hoje porque tem letra bonita, porque sua caligrafia é boa?). O que é preciso é que as crianças aprendam a fazer o que não lhes foi ensinado, diz Papert. E ninguém sabe como lhes ensinar a fazer o que não lhes foi ensinado… Elas têm de aprender por si próprias, sem que alguém as ensine!

    Angus King (ex-governador de Maine, que estava no Congresso) nos chamou a atenção para o fato de que a tecnologia não só está destruindo os limites de espaço e tempo que definem a escola atual, ela também está destruindo a estrutura de pessoal significativo na aprendizagem dos alunos. Quebrando as paredes e os muros da escola, quebrando o horário rígido da atividade escolar, criando a possibilidade de “anytime, anywhere learning”, a tecnologia colocou – na realidade, recolocou – à disposição da aprendizagem das crianças uma multidão de pessoas competentes, interessantes, motivadas, dispostas a ajudar os outros a aprender, começando com os pais e o restante da família imediata, passando pela comunidade mais próxima, e indo ao extremo de incluir os especialistas de qualquer parte do mundo.

    Oscar Wilde uma vez disse que as coisas mais importantes da vida aprendemos sem que ninguém nos ensine (pelo menos da forma que se ensinam coisas na escola). Aprendemos a fazer amizades, a nos relacionar uns com os outros, a amar, a fazer amor, a assumir o comprimisso de ter e cuidar dos filhos, etc., sem que ninguém nos ensine da forma que a escola ensina outras coisas. Oscar Wilde não estava no congresso. E não conheceu a Internet…

    Nesse contexto, meu ponto foi: por que não levamos isso a sério? Por que continuamos a pensar em construir escolas físicas parecidas com as que já temos? Por que continuamos a recrutar professores mal preparados, pagá-los mal (porque não sabem exercer o ofício), torná-los desmotivados, e, daí, termos a necessidade de, interminavelmente, tentar prepará-los em serviço?

    Por que não nos dedicamos a criar novos ambientes de aprendizagem, ricos em oportunidades de aprendizagem mediada pela tecnologia, flexíveis para acomodar as diferenças individuais e os interesses e talentos de cada um? Por que não pensamos em algo radicalmente novo?

    Por que não preparamos pessoas para atuar no apoio à aprendizagem das crianças, especializadas, umas em dar atenção e apoio emocional às crianças, outras em colocar desafios interessantes para elas, outras em ajudá-las a inventar desafios ainda mais interessantes, outras capazes de levar as crianças a explorar os seus potenciais, outras que a ajudem a encontrar as informações de que necessitam, outras que as ajudem a entender as informações que encontrem, outras que as orientem na escolha de um projeto de vida e nas competências que vão precisar ter para transformá-lo em realidade… Quantas funções nobres. E nenhuma delas envolve simplesmente transmitir informações às crianças ou lhes dar passo-a-passos que lhes permitem fazer coisas. Isso elas gostam de obter e fazer por si próprias…

    Esse o meu terceiro ponto.

    No conjunto, houve quem gostou, houve quem não gostou. Isso não me incomoda. O que me incomoda é que alguns continuaram a discutir algumas questões do congresso como se eu não houvesse dito nada.

    Papert mais uma vez tem uma frase precisa e “to the point”. “Mudanças fundamentais ou melhorias incrementais… O problema não está tanto definir qual a opção certa. O problema está em por que não se discute a questão.”

    Talvez a resposta esteja no fato de que mudança radical implica perdas, e perdas, mesmo daquilo que estamos convencidos de que precisa ser perdido, produzem dor, sofrimento, angústia, agonia.

    Desaprender é, freqüentemente, muito mais difícil do que aprender.

    Adquirimos nossas crenças, nossos hábitos, nossos costumes, muitas vezes de forma rápida, num processo semelhante ao de conversão. Converter-se é relativamente fácil. Desconverter-se, muito difícil – e bem mais doloroso.

    Mas quando crenças e hábitos ficam arraigados em nós, tão arraigados que parece impossível viver sem eles, porque eles de certo modo definem a nossa natureza, paramos de aprender.

    Para aprender o novo, precisamos, freqüentemente, desaprender  o velho.

    Em Lincolnville / Northport, ME, 16 de Junho de 2010 

    Bibliotecas Escolares

    Foi aprovada recentemente pelo Congresso Nacional uma lei que me parece anacrônica já no nascimento. Ela obriga todas as escolas brasileiras a, dentro dos próximos dez anos, terem uma Biblioteca Escolar. Cada biblioteca deverá ter no mínimo um título diferente por aluno matriculado.

    As Associações de Bibliotecárias já estão assanhadas (provavelmente a lei foi aprovada por pressão delas). Vão exigir (se é que a lei já não contempla) que cada uma dessas bibliotecas tenha uma bibliotecária formada. Já imaginou quanto emprego para bibliotecária? Já imaginou a demanda sobre os cursos de Biblioteconomia que, sob pressão dos meios digitais de informação e comunicação estavam à míngua?

    Enfim, uma medida de interesse corporativista (i.e., da corporação das bibliotecárias) aprovada por um governo corporativista (i.e.,dos sindicalistas).

    Se o governo eliminar os impostos das empresas que fornecem conexão à Internet em banda larga, as escolas terão acesso decente à Internet em pouquíssimo tempo e, com isso, terão acesso a livros eletrônicos. Sem esperar dez anos. Nesse caso, as bibliotecas serão desnecessárias.

    Numa hora em que os livros estão todos se tornando (também) eletrônicos e o acesso à Internet universal, por que não comprar livros didáticos eletrônicos para as escolas (a um preço BEM mais barato), em vez de livros descartáveis em papel, e investir a economia em netbooks para os alunos?

    Daqui a dez anos, se a lei for cumprida, todas as escolas brasileiras terão uma biblioteca física construída, livros materiais nas estantes da biblioteca, uma bibliotecária vigiando os livros – e todo mundo estará usando netbooks conecatados à Internet através de redes wireless.

    Em São Paulo, 29 de Maio de 2010

    Ensino Superior

    Todo mundo precisa fazer Curso Superior?

    Evidentemente, não.

    É possível ser bem sucedido e realizado na vida sem ter um diploma de Curso Superior.

    Todo mundo pode fazer Curso Superior?

    Possivelmente, também não.

    Muita gente não tem a inteligência, a determinação, a paciência para estudar e ser aprovado em um Curso Superior.

    Todo mundo deve fazer Curso Superior?

    Claramente, não. Os que não podem fazer Curso Superior, claramente não devem fazê-lo. Se tentarem, ou irão fracassar, ou o curso terá de ter padrões muito baixos para não reprovar ninguém.

    Em países com sistemas educacionais sérios e bem conceituados, como é o caso da Alemanha, muita gente que até poderia fazer um Curso Superior, não o faz, porque não tem inclinação para continuar estudando ou porque prefere exercer uma profissão de nível técnico.

     

    Os Estados Unidos e a Coréia do Sul em que uma considerável parcela da população tem diploma de Curso Superior conseguiram essa façanha porque, no caso dos Estados Unidos, inventaram Community Colleges ou Junior que oferecem cursos e graus em Cosmetologia, Arranjos Florais, A Arte de Andar, etc. No caso da Coréia do Sul, o avanço se deu através de cursos superiores de curta duração – em geral na área técnica (mais ou menos equivalente aos nossos Cursos Tecnológicos ou Cursos Superiores de Tecnologia).

    O artigo transcrito adiante mostram que, muitas vezes há mais aprendizado, sem faculdade. Não ir à universidade ou faculdade pode ser uma decisão inteligente. Aprender no local de trabalho pode trazer vantagens.

    Vale a pena ler o artigo. O assunto deveria ser levado mais a sério pelas autoridades educacionais do nosso país, pelas escolas, e pela mídia, numa tentativa de mudar a cultura diplomística e bacharelesca brasileira.

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    The New York Times

    Traduzido pela Folha de S. Paulo
    24 de Maio de 2010

    Mais aprendizado, sem faculdade

    Nem todo o mundo vai à universidade, e isso pode ser uma decisão inteligente

    Aprender no local de trabalho pode trazer vantagens

    Um crescente número de educadores e economistas defende que haja alternativas profissionais para alunos que dificilmente terão sucesso na obtenção de um diploma de nível superior

    Por JACQUES STEINBERG

    Qual é a chave do sucesso?

    Se não for virar astro de reality show, a resposta é rotineira e, dizem alguns, bastante inconsciente: se formar na faculdade.

    A ideia de que quatro anos de ensino superior irão se traduzir em emprego melhor, salário mais alto e uma vida mais feliz tem sido martelada na cabeça de alunos, pais e educadores no mundo todo. Mas há outro lado nessa sabedoria convencional. Dos alunos que entraram na graduação de quatro anos nos EUA no segundo semestre de 2006, talvez menos da metade se forme no prazo de seis anos, segundo as últimas projeções do Departamento de Educação do país.

    Para os alunos de ensino superior que estiveram na pior quarta parte das suas classes no ensino médio, os números são ainda mais duros: 80% provavelmente jamais vão conseguir o diploma de bacharel, e nem mesmo a graduação básica de dois anos.

    Ou seja: muita mensalidade, sem um diploma para mostrar ao final.

    Um pequeno e influente grupo de economistas e educadores está propondo outro caminho: para alguns alunos, nada de faculdade. É hora, dizem eles, de desenvolver alternativas críveis para alunos que dificilmente terão sucesso na obtenção de uma graduação, ou que podem não estar preparados para isso.
    Entre os que defendem tal alternativa estão os economistas Richard Vedder, da Universidade de Ohio, Robert Lerman, da Universidade Americana, e James Rosenbaum, professor de educação da Universidade Northwestern, de Illinois. Eles gostariam de direcionar alguns alunos para um ensino técnico profissionalizante intensivo, curto, por meio de programas ampliados no ensino médio e de vagas para aprendizes em empresas.

    Embora nenhum país tenha um modelo perfeito para esses programas, Lerman citou um estudo sobre a Alemanha, feito no ano passado por uma estagiária daquele país. Ela concluiu que 40% dos aprovados no Abitur, vestibular que permite a alguns alemães frequentar a faculdade quase sem custos, preferiam virar aprendizes nas áreas de comércio, contabilidade, gestão de vendas e informática.

    "Algumas pessoas que saem dessas aprendizagens têm mais oferta [de emprego] do que os graduados em faculdades", disse ele, "porque elas realmente já cuidaram das coisas no local de trabalho".

    Grande parte do treinamento para certos empregos, como o de auxiliar de enfermagem, é viável fora do ambiente universitário, disse Vedder. "É verdade que precisamos de mais nanocirurgiões do que 15 anos atrás. Mas os números ainda são relativamente pequenos em comparação ao número de auxiliares de enfermagem que iremos precisar. Precisaremos de centenas de milhares deles na próxima década."

    Das 30 profissões que mais devem crescer ao longo da próxima década nos Estados Unidos, apenas 7 costumam exigir bacharelado, de acordo com o Departamento de Estatísticas do Trabalho.

    Entre as 10 categorias que mais crescem, 2 exigem diploma de graduação: contabilidade (um bacharelado) e magistério superior (um doutorado). Mas esse crescimento deve ser ofuscado pela necessidade de assistentes domésticos de saúde, representantes de serviços para o cliente e balconistas de loja. Nenhum desses empregos exige diploma de graduação.

    Vedder gosta de perguntar por que 15% dos carteiros têm bacharelado. "Alguns poderiam ter comprado uma casa com o que gastaram na sua educação", afirmou.
    Lerman, o economista da Universidade Americana, em Washington, disse que alguns recém-formados do ensino médio estariam mais bem servidos se aprendessem como se comportar e se comunicar no local de trabalho.

    Tais habilidades estão entre as mais desejadas -antes mesmo da escolaridade- em muitas pesquisas com empregadores.

    Em uma delas, em 2008, com mais de 2.000 empresas no Estado de Washington, as principais deficiências apontadas nos recém-contratados eram em "resolver problemas e tomar decisões", "resolver conflitos e negociar", "cooperar" e "ouvir ativamente".

    Apesar dessa necessidade, os cursos técnicos têm sido uma vítima na busca por padrões nacionais de educação nos EUA, que focam a preparação dos alunos para a faculdade.

    Enquanto alguns educadores propõem uma renovação radical no sistema de faculdades comunitárias, para que elas ensinem a preparação para o trabalho, Lerman defende um significativo investimento por parte de governo e empregadores para o treinamento de aprendizes no local de trabalho.

    Ele falou com admiração, por exemplo, de um programa da rede de drogarias CVS, em que aspirantes a assistentes de farmácia trabalham como aprendizes em centenas de lojas. De lá muitos vão à faculdade e se tornam farmacêuticos propriamente ditos.

    "O campo da saúde é obviamente um caso em que a situação da mão de obra é aquém da ideal", disse ele. "Eu tentaria trabalhar com alguns grandes empregadores para desenvolver esse tipo de programa, para oferecer um domínio sobre empregos que de fato exigem alto conhecimento."

    Mas, ao aconselhar alguns estudantes a serem direcionados para fora das faculdades de quatro anos, acadêmicos como Lerman podem ser acusados de rebaixar as expectativas desses alunos.

    Alguns críticos vão além, sugerindo que a abordagem equivale a uma discriminação educacional, já que muitos dos alunos que abandonam a faculdade são negros ou hispânicos não brancos.

    Peggy Williams, orientadora numa escola de um subúrbio de Nova York cujos alunos são majoritariamente negros e hispânicos, entende o argumento em prol de estimular a ida à faculdade.

    "Se estamos dizendo à garotada: ‘Vocês nunca vão chegar lá, vocês nem deveriam ir para a faculdade ou a universidade’, então nós estamos privando-os de experimentar um ambiente em que poderiam crescer."

    O economista Morton Schapiro, reitor da Universidade Northwestern, chamou a atenção para os benefícios intangíveis da experiência da faculdade mesmo para aqueles que não venham a aplicar o que aprenderam diretamente no trabalho que escolherem.

    "Não se trata só de retorno econômico", disse. "Ir à faculdade, concluindo ou não, contribui com a apreciação estética, a melhor saúde e o melhor comportamento eleitoral."

    Mesmo quem passa poucos anos na faculdade ganha mais, em média, e tem menos risco de desemprego do que aqueles que apenas concluíram o ensino médio, disse Schapiro. "Você tem algum retorno mesmo se não apanhar o canudo."

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    Em São Paulo, 24 de Maio de 2010
    (Primeiro post escrito no apartamentop novo)

    Obedientes ou rebeldes?

    Nós os queremos obedientes ou rebeldes?

    Deleito-me quando minha filha Patrícia me conta as estripulias de meu neto Marcelo. Segundo ela (parecendo desanimada), ele anda respondão, desobediente, mal-comportado, só faz o que quer… E apenas acabou de fazer cinco anos.

    Pode isso?

    Mas ela mesma, enquanto conta as histórias, no fundo sente orgulhosa da rebeldia – vale dizer, da autonomia precoce – da cria. Prefere-o assim a um menino obediente, bem comportado, que só faz o que a mãe deixa, que não revida quando agredido na escola…

    É isso? É isso, sim.

    Excelente a parte que transcrevo abaixo do artigo de Contardo Calligaris na Folha de hoje. É o dilema da modernidade na criação dos filhos.

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    Folha de S. Paulo
    6 de Maio de 2010

    Você prefere os obedientes ou os rebeldes?

    Contardo Calligaris

    Todos queremos que filhos ou alunos respeitem nossa autoridade. Agora, todos também consideramos que nossa tarefa de pais ou educadores só será cumprida quando filhos e alunos pensarem por conta própria, ou seja, quando eles sejam capazes de desconsiderar nossos conselhos e desobedecer a nossas ordens.

    Seria cômodo se, como nas sociedades tradicionais, a gente dispusesse de ritos de passagem sancionando a entrada na idade adulta: aos 15 anos e um dia, saia sozinho pela savana, armado de uma lança, e só volte tendo matado seu primeiro leão. A partir de então, você será autônomo.

    Infelizmente, para nós, o tempo de se tornar adulto se estende sem limites definidos: não sabemos quando ele acaba e, mais problemático ainda, não sabemos quando começa. Consequência: pais e educadores podem sofrer, exasperados pela rebeldia de moleques e meninas incontroláveis e, ao mesmo tempo, deliciar-se ao relatar as travessuras de filhos e alunos. Qualquer terapeuta já atendeu pais "desesperados" com a insubordinação dos filhos, mas que, de repente, abrem um sorriso extasiado na hora de contar "o horror" que é sua vida com esses descendentes que os desrespeitam.

    Eis o problema que torna educar quase impossível, em nossa cultura: a autonomia, para nós, é um valor tão importante que ela precisa ser confirmada pela desobediência. Com isso, qualquer pai prefere, no fundo, lidar com um filho revoltado a imaginar que o filho possa ter uma vida servil e, portanto, medíocre.

    Os santos mais respeitados são os que foram grandes pecadores e descrentes (Agostinho, Francisco, o próprio Paulo etc.). No imaginário cristão, aliás, uma conversão tem mais valor do que a fé de quem sempre acreditou. A parábola do pastor que deixa o rebanho para procurar a ovelha perdida sugere que, assim como a gente, talvez Deus prefira os rebeldes.

    Uma anedota. Em maio de 1969, no átrio da Universidade de Genebra, junto com amigos anarquistas, eu distribuía panfletos criticando a iminente visita do papa à cidade.

    Um professor, passando por nós, perguntou-me: "Será que o senhor tem uma autorização para distribuir esses panfletos?". Respondi imediatamente: "Senhor, tenho muito mais do que uma autorização, tenho uma proibição formal".

    Fato coerente com o que acabo de argumentar, ele achou engraçada minha impertinência e deixou que continuássemos.

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    Em Redmond, 6 de Maio de 2010

    Brasil: A Primeira Potência de Semiletrados (Gustavo Iochpe na VEJA)

    Artigo muito interessante de Gustavo Iochpe na VEJA.

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    VEJA
    14/4/2010

    Brasil: A Primeira Potência de Semiletrados?

    Gustavo Iochpe

    "Apesar do oba-oba, o Brasil está próximo de ser um colosso econômico e esquecer a formação de sua gente"

    "Quando voltei ao Brasil, depois de anos no exterior, queria montar meu escritório rapidamente. Contratei, então, um desses serviços de secretariado virtual para me ajudar enquanto iniciava o processo de busca por uma equipe permanente. Notei que a secretária virtual não era um gênio, mas achei que quebraria o galho. Certo dia, mandei um e-mail a ela pedindo que me conseguisse a informação de contato do cônsul brasileiro em Houston (EUA). Informação encontrável na internet em poucos minutos. Passaram-se cinco minutos, cinco horas, e nada.

    Três dias depois, recebi um e-mail da fulana: "Sr. Gustavo, procurei na Cônsul e até na Brastemp, mas ninguém conhece esse tal de Houston". Pensei que fosse piada. Reli. Não era. Para quem havia ficado alguns anos construindo teses acadêmicas sobre a importância da educação para o desenvolvimento das nações, através do seu impacto na produtividade de uma população, estava ali o exemplo pronto e acabado de como é difícil produzir algo quando a ignorância campeia à volta. É assim para uma pessoa, uma empresa e um país.

    Os economistas Gustav Ranis, Frances Stewart e Alejandro Ramirez ilustraram essa relação de forma clara. Analisaram 76 países durante um período de 32 anos. Dividiram-nos de acordo com dois critérios: crescimento econômico e desenvolvimento humano (nesse caso, medido através de uma combinação de indicadores de educação e saúde). Usando essas duas dimensões, você pode ter duas situações de equilíbrio (quando o lado humano e o econômico são igualmente altos ou baixos) e duas de desequilíbrio (quando o humano é alto e o econômico baixo, e vice-versa).

    Surgem algumas conclusões interessantes desse estudo.

    A primeira é que as situações de desequilíbrio duram pouco. Se um país tem muito crescimento econômico e pouco capital humano (CH), ele tende a parar de crescer (caso, sim, do Brasil nas décadas de 60 e 70) ou a aumentar seu lado humano.

    A segunda: é muito difícil sair de uma situação de equilíbrio negativo: mais da metade dos países que tinham baixo crescimento e baixo CH em 1960 permanecia empacada na mesma posição na década de 90.

    A terceira é que o crescimento econômico, quando desacompanhado de evolução do lado humano, dura pouco: de todos os países que tinham alto crescimento econômico e baixo CH no início do período, nenhum conseguiu chegar ao equilíbrio em alto nível. Todos, sem exceção, terminaram o período com baixo crescimento e baixo CH.

    A quarta, e mais importante, é que a estratégia de privilegiar o lado humano dá frutos muito melhores do que aquela que enfatiza só o lado econômico: dos países que começaram o período com alto CH e baixo crescimento econômico, um terço chegou ao nirvana da alta renda e alto nível humano; um terço continuou com um lado mais desenvolvido que o outro, e apenas um terço regrediu para o fim trágico do baixo crescimento e baixo CH.

    O resumo da ópera é o seguinte: é muito difícil passar de uma situação de subdesenvolvimento e chegar ao chamado Primeiro Mundo. Mas, se o período 1960-92 servir de guia, das duas estratégias possíveis – privilegiar o crescimento econômico versus privilegiar o crescimento humano –, a primeira se mostrou um fracasso total, e só através da segunda é que um terço dos países chegou ao objetivo desejado.

    Esse aprendizado é, hoje, especialmente importante para o Brasil. Apesar de todo o oba-oba com o país nas capas de revistas e jornais estrangeiros, o Brasil está, na verdade, perigosamente próximo de repetir a trajetória do fim da década de 60: ser um colosso em termos de crescimento econômico e esquecer a formação de sua gente. Essa estratégia tem destino certo: a falta de pessoas qualificadas faz com que o processo emperre e o crescimento acabe. Temo, inclusive, que seja tarde demais para evitar parte desse enredo: várias indústrias, especialmente as ligadas à engenharia, já têm seu crescimento cerceado pela impossibilidade de encontrar gente qualificada. O problema será muito pior nos próximos vinte anos, à medida que a demanda por pessoas qualificadas for aumentando e as escolas continuarem formando incompetentes.

    Há três diferenças importantes entre o momento atual do Brasil e aquele da época do milagre econômico.

    A primeira é que o atraso educacional brasileiro em relação aos países desenvolvidos aumentou consideravelmente. Há trinta anos, o ensino superior era um nível para poucos, mesmo nos países mais ricos. Levantamento feito em 2000 mostrou que a porcentagem de adultos com diploma universitário no Brasil era bastante parecida com a de outros países – 1 ou 2 pontos porcentuais abaixo de Chile e Argentina e 3 a 4 pontos abaixo de Itália e França, por exemplo. Quando se olha para a taxa de matrícula atual do ensino universitário, porém, nota-se que o Brasil tem uma diferença de 20 pontos porcentuais para nossos vizinhos latino-americanos e de 40 ou mais pontos para os países desenvolvidos. A maioria dos brasileiros não se dá conta de quão ruim é a educação nacional. Uma pesquisa de 2009 sobre alfabetização, feita pelo Instituto Paulo Montenegro, mostrou que apenas 25% da população adulta brasileira é plenamente alfabetizada. Deixe-me repetir: só um quarto dos brasileiros conseguiria ler e entender um texto como este. Nenhum país jamais se tornou potência com uma população de semianalfabetos. É improvável que o Brasil seja o primeiro, mesmo com todos os recursos naturais de que dispomos.

    Segunda diferença: nos anos 60/70, pouquíssimo se falava sobre educação. Hoje, a questão está em pauta. O diacho é que a maior parte do discurso ainda é pré-científica (ou anticientífica) e continua insistindo em teses furadas e demagógicas: que o Brasil investe pouco e que o principal problema é o salário do professor.

    A terceira e última é que naquela época éramos uma ditadura inserida no polo pró-americano em um contexto de Guerra Fria, e hoje somos uma democracia altiva em um mundo multipolar. Se então nossos males nos eram impostos por um regime autocrático, hoje temos liberdade e responsabilidade por nossos destinos. Os problemas e os erros são todos nossos, e as soluções também terão de ser."

    FabioAccorsi

    Foto de Fabio Accorsi que acompanhou o artigo na VEJA. Tinha a seguinte legenda:
    "QUALIFICAÇÃO TECNOLÓGICA: Ela é crucial para que o Brasil possa mesmo ser uma real potência econômica"

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    Em Campinas, 20 de Abril de 2010

    Educação e Ideologia

    Trecho do artigo do Rubem Alves na Folha de S. Paulo de 13/4/2010, sobre um assunto que alimenta discussões constantes aqui neste Space:

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    Como educador, considero que a tarefa mais importante das escolas é ensinar a pensar, e a ideologia é a negação do pensamento.

    O que é pensar? Pensar é um processo mental que acontece quando nos defrontamos com um problema que a vida nos propõe e que precisa se resolvido. Pensamos para resolver problemas. Sem o desafio dos problemas, o pensamento ficaria dormindo, inerte. O pensamento, assim, acontece quando um "não saber" nos desafia. Se alguém se julga possuidor da verdade, não pensa. Pensar, pra que?

    O que é "ideologia"? Ideologia é o oposto do pensamento. Ideologia é um conjunto de crenças tidas como verdade. Julgando-se possuidora da verdade, a ideologia torna desnecessário o trabalho de pensar. Ao invés de pensar, a ideologia repete as fórmulas. A ideologia, assim, tem a mesma função que têm os catecismos nas religiões. Catecismos são livros que contêm afirmações tidas como verdadeiras e que, por isso mesmo, devem ser aprendidas de cor e repetidas.
    Lembro-me de uma experiência que tive logo que me tornei professor da Unicamp, lá pelo início da década de 70, quando a ideologia da esquerda sabia que "só o materialismo histórico é Deus e Marx, o seu profeta". Eu, sem conhecer direito as regras do jogo acadêmico, pus-me a conversar com um colega sobre ecologia e a crise ambiental -temas provocados pelo Clube de Roma- que eram assuntos proibidos pelo catecismo dominante.

    Ele ficou em silêncio, mediu-me de alto a baixo e fulminou-me com uma verdade definitiva: "Tudo isso se resolve com a luta de classes…" Não era necessário pensar, porque a ideologia já tinha a resposta.

    ———-

    Exceto pelo uso do verbo “ensinar”, que me causa ojeriza, assino embaixo.

    Em São Paulo, 13 de Abril de 2010

    “Educação sem Doutrinação” e “Escolas sem Partido”

    Quando fui contratado pela UNICAMP em Julho de 1974, tive de elaborar um Plano de Pesquisa que justificaria minha permanência na universidade em tempo integral e dedicação exclusiva. Meu plano de pesquisa foi sobre Educação e Doutrinação.

    Não consigo encontrar, no momento (posto que estou separado de meus arquivos e de meus livros), o texto daquele plano. Mas encontrei um artigo, que originalmente escrevi em 1976 (“A Filosofia da Educação e a Análise de Conceitos Educacionais”, publicado no livro Introdução Teórica e Prática às Ciências da Educação, organizado por Antonio Muniz de Rezende, Editora Vozes, Petrópolis, 1977), que que resumiu parte de minha pesquisa. O material apresentado a seguir consta de uma segunda versão, expandida desse artigo, versão que publiquei na Internet. Introduzo nessa segunda versão, agora, algumas pequenas alterações editoriais:

    Quem doutrina, ao contrário de quem educa, está interessado em que seus alunos simplesmente venham a aceitar (acreditar em) os pontos de vista que ele adota e esposa. Ele é, acima de tudo, um partidário, um mercador de pontos de vista.

    Quem educa, ao contrário de quem doutrina, está interessado em que seus alunos venham a examinar os fundamentos dos diferentes pontos de vista sobre um determinado assunto, e, assim, venham, em conseqüência desse exame, a compreender o assuntosó tomando a decisão de aceitar ou rejeitar os diferentes pontos de vista (acreditar ou não acreditar neles) em decorrência do exercício livre de seu julgamento das credenciais dos fundamentos epistêmicos (em termos de evidências e argumentos) desses pontos de vista.

    Procurei a seguir esclarecer um dilema que aflige muitos pais e educadores bem intencionados.

    A possibilidade da doutrinação faz com que aqueles que se preocupam com a educação, de seus filhos ou de seus alunos, se confrontem com um sério dilema. Este dilema, embora possa surgir em qualquer área, aparece mais freqüentemente naquelas áreas em que a evidência parece ser mais inconcludente mas em que, por ironia do destino, se encontram algumas das questões mais básicas e importantes com que tem de se defrontar o ser humano: a moralidade, a política, e a religião.

    Por um lado, nós, como pais e educadores, em geral acreditamos (por exemplo) ser necessário apresentar a nossos filhos e alunos o ponto de vista moral, o lado moral das coisas, para que venham a ser seres morais.

    Por outro lado, acreditamos (se somos bem intencionados) que temos de evitar a doutrinação, se queremos realmente educar nossos filhos e alunos, isto é, se queremos que eles se tornem indivíduos livres para pensar, escolher e agir, liberdade esta que é pré-condição para que eles venham a ser seres morais.

    É diante desse dilema que temos de procurar as melhores maneiras de prosseguir, sabendo, de antemão, que a tarefa é difícil e que muitos, antes deles, optaram, OU por não oferecer nenhum ensino nessas áreas, OU, então, pela doutrinação pura e simples como única outra alternativa viável.

    É em confronto com esse dilema que muitos têm optado pela alternativa da chamada "educação negativa", que não é nem educação nem negativa, devendo, talvez, ser descrita como "não educação neutra", por pardoxal que essa expressão possa parecer. Eles afirmam que o ensino da moralidade, da política, e da religião não deve ser ministrado até que a criança atinja maturidade suficiente para analisar a evidência e tirar suas próprias conclusões.

    Outros têm se desesperado e concluído que a única outra alternativa, apesar dos pesares, é doutrinar – estes são os doutrinadores contra sua própria vontade. [Estes são os pais e educadores bem intencionados, que prefeririam não doutrinar mas concluem que, em algumas áreas, em especial na área da moralidade, da política e da religião, é impossível não doutrinar. Eles diferem dos pais e educadores mal intencionados que não respeitam a liberdade dos filhos e alunos desejam doutriná-los, para que venham a pensar como eles, pais e professores, pensam.]

    Tanto os defensores da "educação negativa" como os que, contra a vontade, optam pela doutrinação, não vêem uma terceira alternativa, não vêem uma solução realmente educacional para o problema. Embora não seja fácil promover essa alternativa,,desenvolvimentos recentes no campo da educação moral, da educação política e da educação religiosa, têm nos indicado o caminho a seguir na direção de uma educação moral, política e religiosa viável e digna do nome. Mas ainda há muito por fazer nessa área.

    Concluindo aquele artigo de 1976, procurei resumir por que a doutrinação é indesejável.

    Fica claro, do que foi dito, porque a doutrinação é indesejável e moralmente censurável.

    Quem doutrina não respeita a liberdade de pensamento e de escolha de seus filhos e alunos, procurando incutir crenças em suas mentes e não lhes dando condições de analisar e examinar a evidência, decidindo, então, por si próprios.

    Quem doutrina desrespeita os cânones de racionalidade e objetividade, tratando questões abertas como se fossem fechadas, questões incertas como se fossem certas, enunciados falsos ou não demonstrados como verdadeiros como se fossem verdades acima de qualquer suspeita.

    É verdade que essa tomada de posição contra à doutrinação já implica, ao mesmo tempo, um comprometimento com certos valores e ideais básicos, como o da liberdade de pensamento e de escolha dos alunos (e de qualquer pessoa), o da racionalidade, etc. É importante que se reconheça isso para que não se incorra no erro de pensar que a adoção desses valores e ideais não precisa ser defensável, e, mais que isto, defendida, através da argumentação. Argumentos contra a adoção desses valores e ideais precisam ser cuidadosamente analisados para que, ao propor a tese da indesejabilidade e falta de apoio moral da doutrinação, não o façamos de modo a imitar os doutrinadores, isto é, tratando como fechada uma questão que é realmente aberta. Cremos não ser esta a ocasião de fazer esta defesa dos valores e ideais da liberdade de pensamento e escolha, nem da racionalidade. Mas isto não significa que estes valores e ideais não precisem ser defendidos.

    Com estas observações concluímos esta seção sobre doutrinação. Cremos que a análise desse conceito, além de valiosa em si mesma, nos ajuda a compreender melhor, por contraste, o que seja a educação. Uma análise mais completa deveria incluir um exame das semelhanças e diferenças existentes entre doutrinação, treinamento, condicionamento, lavagem cerebral, etc. Há importantes diferenças, bem como semelhanças, entre esses conceitos. Isto, porém, precisará ficar para um outro trabalho.

    Em 1974, em que acabava de retornar ao Brasil depois de sete anos nos Estad
    os Unidos, preocupava-me principalmente a doutrinação religiosa, da qual eu havia sido, em parte, vítima. Mas me preocupava, também, naquela época, a infeliz iniciativa dos militares de tornar obrigatória em nossas escolas a “Educação Moral e Cívica” – destinada a incutir “bom mocismo”, patriotismo e, naturalmente, lealdade ao governo dos alunos. (Comecei a me preocupar com isso quando, no final da década de sessenta, quando eu morava nos Estados Unidos, minhas irmãs, nascidas em 1957 e 1959, começaram a me enviar cartas em que as palavras vinham escritas, alternadamente, nas cores verde, amarela e azul (em um papel branco).

    Não tinha, naquela ocasião, idéia do que estava por vir com o fim do regime militar e a implantação, a partir de 1984, de uma república que se pretendia nova. A odiosidade do regime militar permitiu que esquerdistas (especialmente comunistas e socialistas) tivessem condições de difundir o ponto de vista de que fora a esquerda que havia derrubado o regime militar e reimplantado o estado de direito e a democracia no país.

    Esse ponto de vista, além de mentiroso, por ignorar o papel dos liberais na luta pela liberdade (afinal de contas, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, etc. não eram esquerdistas), é especialmente odiosa porque os comunistas e a boa parte dos socialistas não queriam a reimplantação do estado de direito e da democracia no país. Queriam, isto sim, substituir a ditadura militar por uma ditadura de esquerda, supostamente do proletariado ou dos trabalhadores, liderados por uma vanguarda intelectual, política, e sempre ativista, composta de esquerdistas de carteirinha.

    Esse ponto de vista gerou também um trabalho de “formiguinha” dessa vanguarda de esquerda que, antes de assumir controle da máquina política (agora em grande parte controlada), aparelhou a máquina acadêmica, em especial os mecanismos de formação de professores, doutrinando os futuros professores na cartilha (“vulgata”) marxista.

    O resultado está aí, vinte e poucos anos depois: um sistema educacional que, até mesmo na rede privada, vomita o tempo todo em cima dos alunos um lixo esquerdizante horrível, com o objetivo de doutrinar esses alunos, tornando-os sensíveis às campanhas políticas e às manobras eleitoreiras da esquerda.

    O sucesso desse empreendimento pode ser julgado em muitas frentes.

    Uma frente é, naturalmente, a política.

    Depois de dezesseis anos de governo de viés esquerdizante no governo federal, temos, agora, em 2010, uma campanha presidencial em que todos os principais candidatos são nitidamente de viés esquerdista: um ex-presidente da União Nacional dos Estudantes, uma ex-terrorista, uma militante ambiental, e um ex-governador metido a radical de esquerda, que foi ministro do governo Lulla durante as duas gestões. 

    Não nos deixemos enganar pelas manobras da esquerda. O PT tenta descaracterizar o PSDB como esquerda, procurando colar nele o rótulo de neo-liberal (apesar de o partido se rotular de “Partido da SOCIAL-Democracia Brasileira” e se comportar, consistentemente, como social-democrata. Lulla tenta descaracterizar FHC como esquerda. No entanto, todos comemoraram, juntos, em 1994, a “eleição [de FHC] como o primeiro presidente de esquerda do Brasil”. O PT e os partidos mais à esquerda comemoraram, de novo, em 2002, oito anos depois, a “eleição [agora de Lulla] como o primeiro presidente de esquerda do Brasil”. Os partidos mais à esquerda de Lulla, e mesmo parte do PT, não hesitam agora em rotular Lulla como neo-liberal. Para eles, Serra é de direita…

    A outra frente, mais importante no longo prazo, porque viabiliza a frente política, é a educacional. Seguindo a orientação de Gramsci, a esquerda assumiu controle de todos os espaços formadores de opinião, dos quais a educação (seguida da mídia e das editoras) é o principal.

    O resultado, nessa frente, é descrito e denunciado muito bem no excelente site: “Escolas sem Partido” – que tem o lema “Educação sem Doutrinação”.

    Leiam, em especial:

    “Envenando a mente das crianças”

    http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,283,sid,1,ch

    “O que ensinam às nossas crianças”

    http://www.escolasempartido.org/?id=38,1,article,2,182,sid,1,ch 

    Eis, a seguir, duas páginas desse site.

    A primeira, “Deveres do Professor”, descreve deveres do professor que não quer doutrinar. Ela descreve o oposto daquilo que se vê na sala de aula dos professores politicamente engajados na esquerda e que militam, simultaneamente, em partidos políticos de esquerda.

    A segunda é uma apresentação do site.

    Recomendo que visitem o site e leiam o que ali está descrito e denunciado.

    O Coordenador do site está sendo processado, com grande alarde, pelo COC (Curso Oswaldo Cruz), com sede em Ribeirão Preto, por ter denunciado o fato de que um livro de História daquela rede de ensino está cheio de lixo esquerdista.

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    http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,154,sid,1,ch

    DEVERES DO PROFESSOR

    1. O professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente político-ideológica, nem adotará livros didáticos que tenham esse objetivo.

    2. O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta delas.

    3. O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.

    4. Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.

    5. O professor não criará em sala de aula uma atmosfera de intimidação, ostensiva ou sutil, capaz de desencorajar a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus, nem permitirá que tal atmosfera
    seja criada pela ação de alunos sectários ou de outros professores.

    http://www.escolasempartido.org/?id=38,1,topico,2,20,new_topic

    EscolasemPartido.org é uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau de contaminação político-ideológica das escolas brasileiras, em todos os níveis: do ensino básico ao superior.

    A pretexto de transmitir aos alunos uma “visão crítica” da realidade, um exército organizado de militantes travestidos de professores prevalece-se da liberdade de cátedra e da cortina de segredo das salas de aula para impingir-lhes a sua própria visão de mundo, normalmente identificada com a de alguma corrente política e ideológica.

    Como membros da comunidade escolar – pais, alunos, educadores, contribuintes e consumidores de serviços educacionais –, não podemos aceitar esta situação. Entretanto, nossas tentativas de combatê-la por meios convencionais sempre esbarraram na dificuldade de provar os fatos e na incontornável recusa de nossos educadores em admitir a existência do problema.

    Ocorreu-nos, então, a idéia de divulgar testemunhos de alunos, vítimas desses falsos educadores. Abrir as cortinas e deixar a luz do sol entrar. Afinal, como disse certa vez um conhecido juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, “a little sunlight is the best disinfectant”.

    Quando começávamos a pôr mãos à obra, tomamos conhecimento de que um grupo de pais e estudantes, nos EUA, movido por idêntica preocupação, já havia percorrido nosso caminho e atingido nossa meta: NoIndoctrination.org.

    Inspirados nessa bem sucedida experiência, decidimos criar o EscolasemPartido.org, uma associação informal, independente, sem fins lucrativos e sem qualquer espécie de vinculação política, ideológica ou partidária.

    Miguel Nagib – coordenador

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    Em Salto, 10 de Abril de 2010