+Meu Credo Liberal / Libertário+

Sou defensor radical da liberdade, e, portanto, inimigo declarado de todas as formas de liberticídio.

I. Convicções Básicas

01. Defendo o direito de cada um pensar livremente, de escolher suas opiniões e seus pontos de vista, suas crenças e seus valores, e de os abandonar, sempre que achar que deve, e espero que os abandone, quando neles achar falhas ou quando encontrar alternativas mais adequadas à sua maneira de ver o mundo e a vida.

02. Defendo o direito de cada um agir livremente, de buscar a felicidade, como ele a enxerga, e, portanto, o direito de viver sua vida como bem entende, desde que não cause dano à pessoa e aos bens dos outros e respeite, nos outros, igual direito.

03. Por isso, condeno não só os que tentam abertamente impedir as pessoas de pensar e de agir dentro dos seus direitos, e, portanto, de decidir, escolher e buscar, livremente, por si próprias, a vida que querem e pretendem viver, como também, e especialmente, os que tentam, com sutilezas e dissimulações, manipular a mente alheia, em especial a das crianças, alegando agir no interesse dos manipulados.

04. Assim, condeno especialmente, e sem reservas, a doutrinação e o condicionamento, em todas as suas formas.

05. Defendo, enfaticamente, uma educação aberta, liberal (mesmo libertária) e democrática, de preferência fora do sistema escolar, em que as crianças têm pleno direito de pensar por si próprias e, assim que forem capazes de assumir responsabilidade por suas ações, de agir como houverem por bem.

II. Filosofia de Vida  

01. Não me parece que a vida humana tenha um sentido independente de nossos sonhos, desejos, objetivos, e projetos de vida.

02. Estou convicto de que a “programação” genético-biológica do ser humano é razoavelmente aberta, permitindo que construamos a nossa vida em função de nossos sonhos, desejos, objetivos, e projetos de vida.

03. Assim, damos sentido à nossa vida quando definimos uma visão coerente daquilo que queremos nos tornar ao longo do tempo que nos é dado viver e lutamos para transformar nossos sonhos em realidade, para tanto tendo permanente motivação e buscando desenvolver as competências necessárias para alcançar sucesso nesse projeto de vida.

04. Felizmente, vivemos, em média, o suficiente para rever nosso projeto de vida mais de uma vez, fazer correções de rumo, e, assim, nos reinventar (algo ao qual devemos estar sempre abertos).

05. A pré-condição individual para essa filosofia de vida é a autonomia e a pré-condição política é a liberdade: por isso, sou radicalmente liberal, no velho sentido do termo (liberdade negativa, laissez faire, estado mínimo construído em cima do reconhecimento de direitos individuais invioláveis).

III. Interesses 

01. Gosto muito do que faço, mas gostaria de poder fazer várias outras coisas também – que não faço porque o tempo é limitado: o tempo de uma dia e o tempo de uma vida.

02. Primariamente, o que faço é refletir sobre a vida e o mundo, compartilhar o que pensei através de artigos, crônicas, ensaios, e outros trabalhos escritos, e discutir com os outros as críticas que fazem ao que escrevi.

03. Secundariamente, compartilho minhas reflexões através de aulas, palestras, conferências, seminários, oficinas, etc.

04. Não creio que tenha talento para a ficção e a poesia, embora nunca tivesse tentado seriamente fazer essas coisas.

05. Se pudesse optar por fazer alguma outra coisa, minhas três primeiras escolhas seriam na área artística: a) ser diretor de cinema; b) ser regente de orquestra; c) ser músico (piano, ou violão, ou violino).

IV. Estilo de Vida      

01. Gosto de sossego e tranqüilidade, não gosto de grandes ajuntamentos nem de locais onde muita gente fala ao mesmo tempo e muito alto.

02. Gosto de ler, ouvir música, ver filmes, e conversar com pessoas inteligentes e interessantes.

03. Gosto de andar sem destino pré-determinado, explorando o local em que me encontro, cidade ou campo, e de viajar, sem planos, agendas e cronogramas muito rígidos – e sem malas muito grandes e pesadas.

04. Embora nunca tenha feito diários de viagens (ou de qualquer outra coisa) até o surgimento dos blogs, hoje sou fã incondicional de blogs e, portanto, registro regularmente o que penso e faço em diversos blogs, que eu levo extremamente a sério.

05. Embora precise dormir, como todo mundo, acho as horas dormidas um enorme desperdício de tempo, e adoraria se alguém inventasse uma pílula que restaurasse as energias de nosso corpo e de nossa mente, sem que precisássemos dormir.

V. Hábitos     

01. Minha comida salgada favorita é arroz, feijão e carne moída, tudo misturado um com o outro e com farinha de mandioca, e meu doce favorito é goiabada cascão com queijo de Minas meia-cura.

02. Em casa, sempre ando descalço, com um shorts e uma camiseta confortáveis e, de preferência, bem surrados.

03. Tenho dificuldade em dar ou até mesmo emprestar as minhas coisas, mesmo quando não as uso mais ou estou razoavelmente certo de que nunca mais precisarei delas.

04. Das coisas materiais que possuo, meus livros, meus discos (CDs ou discos de vinil), e meus filmes (Blu-rays, DVDs ou vídeos-cassete) são as mais importantes, roupas e sapatos sendo, talvez, as menos importantes (embora nem deles goste de me desfazer).

05. Sou, na superfície, bastante desorganizado com minhas coisas, mas, num segundo plano, tenho princípios de organização que funcionam bastante bem para mim.

VI. Valores    

01. Sou caseiro: não gosto de sair de casa meramente por sair, em geral me sentindo extremamente bem nos lugares em que vivo.

02. Vivo relativamente bem em solidão e, quando não estou sozinho, com o conviver silencioso: no sou um falante compulsivo.

03. Apesar disso, gosto muito de estar junto das pessoas a quem amo ou particularmente admiro e derivo prazer e satisfação de minha interação com elas.

04. Mas não suporto gente que, usando a alegação de amizade, não se manca e acha que tem o direito de ficar se metendo na vida dos amigos…

05. Sou bastante tolerante, lidando bem com diferenças em idéias e estilos de vida, mas detesto a intolerância, o fanatismo, e, naturalmente, a burrice…

VII. Como eu vejo o que eu faço hoje 

Concordo com Herbert Spencer (1820-1903), que disse:

“O grande objetivo da educação não é conhecimento, mas ação”

O que eu faço, em termos gerais, é:

No presente, repensar a educação, no curto prazo reinventar a escola para que seja verdadeiramente inovadora, no médio e longo prazo, construir uma sociedade em que se aprende anywhat, anywhy, anyfor, anywhen, anywhere, anyhow…

Isso é necessário por causa das mudanças fundamentais que ocorreram, nos últimos 65 anos, no contexto em que vivemos e nos educamos.

1. Repensar a educação envolve principalmente:

  • Listar e integrar as mudanças no contexto de nossa vida
  • Mostrar por que essas mudanças nos forçam a repensar a educação e a reinventar a escola
  • Indicar a direção em que a educação e a aprendizagem devem ser reconceitualizadas

2. Reinventar a escola para que seja verdadeiramente inovadora envolve:

  • Propor nova visão de currículo, metodologia, e avaliação, e formas de implementa-los
  • Redefinir o papel e a forma de preparação dos profissionais que vão implementar essa visão
  • Identificar / criar materiais, recursos e ferramentas

3. Construir uma sociedade em que se aprende anywhat, anywhy, anyfor, anywhen, anywhere, anyhow… envolve:

  • Abandonar totalmente os paradigmas educacionais que nos trouxeram até aqui;
  • Caracterizar a educação como desenvolvimento humano centrado na criança e sua aprendizagem;
  • Enfatizar a necessidade de respeitar as diferenças e os interesses individuais e de uma educação personalizada;
  • Privilegiar todas as interações sociais como ambientes potenciais e naturais de aprendizagem;
  • Estender ao máximo as interações sociais através da tecnologia, focando o seu potencial para a aprendizagem ativa, interativa, comunicativa, colaborativa, significativa.

Eduardo Chaves
Campinas, 4 de Dezembro de 2004. Versão revisada e atualizada ao longo do tempo.